quinta-feira, 28 de junho de 2012

Biocombustíveis e efeitos sociais


Dois lados da mesma moeda

Data: 28/06/2012 11:36
Por: Redação TN / Daan Bauwens, IPS

Apesar das crescentes provas de que a produção de combustíveis orgânicos é responsável pela insegurança alimentar, o novo projeto da União Europeia (UE) sobre energias renováveis ignora as consequências sociais desta atividade agrícola. Vítimas guatemaltecas da crise alimentar foram a Bruxelas na terceira semana deste mês para conscientizar os dirigentes do bloco sobre este problema.

Para reduzir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, a UE decidiu, há três anos, aumentar o uso de biocombustíveis no transporte. Na diretriz de 2009 sobre energias renováveis, foi fixado o objetivo obrigatório de elevar para 10% a proporção de agrocombustíveis no transporte até 2020. Contudo, mesmo antes da aprovação desse documento, organizações não governamentais de diferentes partes do mundo já haviam assinalado vários dos problemas associados aos combustíveis orgânicos.

A organização britânica ActionAid calculou que, para cumprir o objetivo fixado pela UE, seria preciso converter 69 mil quilômetros quadrados de ecossistemas naturais em terras de cultivo, uma área maior do que a da Bélgica e da Holanda juntas. Além  disso, a conversão de florestas, pradarias e turbas em terras para produzir biocombustíveis levará à liberação na atmosfera de 56 milhões de toneladas a mais de dióxido de carbono ao ano, equivalente a entre 12 milhões e 26 milhões de automóveis a mais até 2020. A organização estima que a quantidade de bicombustíveis extras no mercado da UE será entre 81% e 167% pior para o clima do que os combustíveis fósseis. As ONGs também preveem que o aumento no uso de combustíveis previsto pela UE pressionará para cima os preços da canola, do milho e do açúcar.

Um estudo do Instituto Internacional Austríaco de Análises de Sistemas Aplicados (IIASA), aponta que o objetivo de 10% coloca mais 140 milhões de pessoas em risco de sofrer fome, especialmente os pobres que vivem nas cidades, os agricultores de subsistência e as pessoas sem terra dos países em desenvolvimento. A International Land Coalition, com sede em Roma, disse que a demanda de biocombustíveis é responsável por mais de 50% da concentração de terras no mundo.

No começo deste mês, a Comissão Europeia divulgou sua comunicação para depois de 2020 sobre energias renováveis. Apesar da campanha incessante de várias ONGs para eliminar o objetivo, a nova comunicação silencia sobre as consequências dos biocombustíveis sobre a segurança alimentar nas nações em desenvolvimento, o que deixa aberta a possibilidade de um objetivo semelhante para 2030.

“A Comissão Europeia (órgão executivo da UE) pretende decidir sobre a política para 2030 sem considerar primeiro os impactos da política para 2020”, disse à IPS o especialista da Oxfam em biocombustíveis do bloco, Marc-Olivier Herman. “A nova comunicação especifica critérios concretos para medir o impacto ambiental, mas nada fala sobre as consequências sociais dos biocombustíveis. A palavra ‘alimento’ nem mesmo é mencionada no documento, quanto mais segurança alimentar”, apontou.

Segundo Herman, a Comissão avança muito rapidamente para instâncias do setor industrial. Os “investidores em biocombustíveis querem segurança”, alertou. “Desde que foi fixado o primeiro objetivo em 2009, a indústria de biocombustíveis cresce com rapidez. Agora quer saber o que acontecerá depois de 2020. E é um setor com muito poder de lobby aqui em Bruxelas”, acrescentou.

Enquanto isso, os efeitos sociais da crescente demanda de biocombustíveis se agravam. Por exemplo, uma grande porcentagem de indígenas da Guatemala sofre uma nova crise de fome pela concentração de terras, por expulsões forçadas e pelo desvio de água para criar grandes plantações de monocultura de palma e cana-de-açúcar para produzir combustíveis  orgânicos. Em março de 2011, policiais e soldados guatemaltecos expulsaram mais de três mil indígenas de suas casas no Vale do Rio Polochic para dar lugar a plantações em grande escala. Expulsas de suas terras, as 700 famílias sofrem uma severa desnutrição e alta taxa de mortalidade infantil por diarreia ou febre.

Três meses depois de se reunir com o presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, o modesto agricultor Daniel Pascual, do Comitê de Unidade Camponesa, chegou a Bruxelas para informar os dirigentes europeus das consequências sociais dos biocombustíveis. “Com uma crescente demanda por biocombustíveis, esta crise de fome só vai piorar”, declarou Pascual à IPS no dia 18. “Precisamos de atores externos como a UE para garantirmos que não causem mais danos com suas políticas. E precisamos que pressionem nosso governo para que respeite os direitos da população”, destacou. Porém, é pouco provável que a União Europeia reduza sua demanda.

“Quem ganha com esta política? Não é o meio ambiente, mas os agricultores europeus pelos efeitos positivos da demanda sobre o preço dos produtos, e a indústria de agrocombustíveis que foi direta ou indiretamente construída com fundos e empréstimos da UE”, observou Herman. O funcionário da Oxfam acredita que o problema vai piorar nos próximos anos, pois os atores tradicionais também se interessam cada vez mais pelos biocombustíveis. “Shell e BP investiram forte no açúcar brasileiro no ano passado”, afirmou. “Querem continuar líderes no setor e também pressionam Bruxelas. Cada um olha o assunto de seu próprio ponto de vista racional, mas o resultado final é uma loucura pura”, ressaltou.

domingo, 24 de junho de 2012

BG e Coppe anunciam projeto de monitoramento oceânico da Bacia de Santos


Por: Maria Fernanda Romero, Redação TN

A petroleira BG anunciou ontem (21/6) com a Coppe/ UFRJ o projeto Azul, um sistema inédito de monitoramento oceânico da Bacia de Santos. As informações obtidas contribuirão para a segurança e eficiência de operação da empresa e para o melhor conhecimento e preservação do meio ambiente pelo país.O programa, com duração de três anos, prevê um investimento de 20 milhões de reais da BG Brasil. O projeto Azul vai coletar, durante três anos, informações sobre a dinâmica das correntes oceânicas, temperatura, salinidade, PH, oxigênio dissolvido, clorofila, cor e matéria orgânica, entre outros parâmetros,que serão reunidos e analisados pelo LAMCE/Coppe.

Segundo o diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, Segen Estefen, o monitoramento será feito com ajuda de robôs mergulhadores (seaglider), derivadores (boias acopladas com medidores), perfiladores (obtêm, dentre outros parâmetros, o perfil das correntes principalmente em águas profundas) e imagens de satélite. "Esta é a primeira vez que as correntes oceânicas e os parâmetros da oceanografia química da região são estudados até a profundidade de dois mil metros", afirma. A iniciativa poderá ser integrada a outros sistemas já existentes na Europa e nos Estados Unidos.

Estefen destacou ainda a importância do projeto em relação à proteção dos oceanos. “Apesar das dificuldades de se chegar a um acordo sobre o tema no documento desta conferência, os oceanos necessitam de todo o suporte, especialmente dos cientistas, das empresas e dos governos. A saúde dos oceanos vai refletir na saúde do planeta”, enfatizou.

De acordo com o presidente da BG Brasil, Nelson Silva, este o projeto Azul é o maior investimento em pesquisa da companhia no país. Segundo ele, a empresa pretende investir muito mais na área de petróleo e gás, tornando-se a segunda maior operadora de petróleo do país até 2020.

“O conhecimento das características marítimas da Bacia de Santos é de extrema importância para as atividades do setor de óleo e gás. O projeto Azul também irá contribuir para a capacitação de profissionais de Oceanografia Operacional, colaborando para o desenvolvimento da Ciência e da inovação no Brasil”, destacou.

Segundo o professor Luiz Landau, do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (LAMCE) da Coppe, coordenador do projeto, a proposta é montar um grande organizador de informações, utilizando o supercomputador da Coppe, cujos dados serão enviados para o INPE. “Teremos no final um modelo vivo da região. Com todas as informações, vamos conhecer melhor o oceano, podendo estar dentro da água sem se molhar”, comentou Landau.

O Projeto Azul será útil no gerenciamento de vazamentos de óleo, pois ao se conhecer previamente o padrão das correntes é possível rastrear manchas de óleo no mar, apontando a direção do deslocamento, para que se atue de forma rápida e eficaz para contenção e dispersão do óleo, minimizando impactos. A iniciativa também inova ao disponibilizar as informações em tempo real para universidades e centros de pesquisa.

Por meio do Centro Global de Tecnologia do BG Group, a BG Brasil irá monitorar o desenvolvimento do sistema junto à Coppe. Os robôs mergulhadores e demais equipamentos estão sendo importados dos Estados Unidos e serão lançados ao mar no segundo semestre pela empresa de oceanografia Prooceano que atuará no manejo dos equipamentos e na coleta de dados. Os dados de satélite serão fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Tanto a Prooceano quanto o INPE também são parceiros do consórcio.

Instituto Nacional de Oceonografia e Ciências do Mar

Na mesma ocasião, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, anunciou que em breve será criado o Instituto Nacional de Oceonografia e Ciências do Mar, que trabalhará em conjunto com iniciativas como a do Projeto Azul. "O Brasil precisa conhecer melhor o litoral. Somos um país oceânico e entender o Atlântico é fundamental para protegê-lo”, disse.

Impacto ambiental custa R$40 milhões a Angra


Fonte: Valor Econômico
Data: 22/06/2012 12:10
O Ibama acaba de fechar a última etapa das exigências ambientais atreladas ao licenciamento de Angra 3, único empreendimento de geração nuclear em construção no país. Pelas contas do instituto, a Eletronuclear, responsável pela construção da usina, terá que desembolsar R$ 40 milhões em compensações ambientais como forma de mitigar os impactos causados pelo empreendimento.
 

O preço da compensação ambiental de Angra 3 estipulado pelo Ibama atingiu o pico do permitido por lei. Pelas regras ambientais, a cobrança só pode chegar a, no máximo, 0,5% do preço da obra. Como o custo total para erguer Angra 3 foi estimado em R$ 8 bilhões, a fatura ambiental ficou em R$ 40 milhões. Esse repasse, no entanto, deverá aumentar, uma vez que já se admite que a usina deverá consumir R$ 10,4 bilhões em investimentos.
 

Essa compensação ambiental será aplicada em reservas florestais. A Eletronuclear havia indicado quatro unidades de conservação ao Ibama, mas os técnicos do instituto decidiram estender os recursos para dez unidades espalhadas entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
 

A compensação ambiental não tem nenhuma relação com as condicionantes que foram impostas pelo Ibama nas fases de licenciamento ambiental de Angra 3. Em 2008, o instituto apresentou 60 ações condicionantes para liberar a licença prévia da usina. Em 2009, quando saiu a licença de instalação, foram apresentadas mais 46 condicionantes socioambientais.
 
 
Segundo Ronaldo Oliveira, superintendente de licenciamento e meio ambiente da Eletronuclear, mais da metade dessas ações indenizatórias já foi entregue, mas ainda há muito projetos em andamento. Parte deles, em atraso. A Eletronuclear estima que, entre as licenças prévia e de instalação, fará um desembolso total de R$ 350 milhões para atender as ações.
 

A expectativa do governo é iniciar as operações de Angra 3 até dezembro de 2015, embora haja dúvidas de que esse prazo será cumprido. "Estamos trabalhando com essa data. Vamos concluir todas as condicionantes até agosto de 2015, para então fazer o pedido da licença de operação da usina", diz Oliveira.
 

Angra 3 deverá entrar para a história como a usina que mais demorou para ser construída em todo o mundo, comenta Aquilino Senra, vice-diretor da Coppe, pós-graduação de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Estudada desde a década de 1970, as obras civis da usina foram iniciadas pela empreiteira Andrade Gutierrez em junho de 1983, portanto, há 29 anos. A construção se estendeu até abril de 1986, quando foi paralisada. Assim ficaria pelos 23 anos seguintes, com uma equipe mínima para a manutenção e preservação das instalações já feitas.
 

Cerca de US$ 750 milhões foram desembolsados para aquisição de equipamentos, o que ocorreu durante a construção de Angra 2, na década de 80. "É realmente um absurdo histórico. A cada ano, gasta-se US$ 20 milhões para manter em condições de uso equipamentos que foram comprados há décadas", diz Senra.
 

Os recursos financeiros para concluir a usina estariam garantidos. Segundo o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, o BNDES vai financiar quase que a totalidade dos R$ 10,4 bilhões previstos para conclusão de Angra 3, cifra bem superior àquela estimada em 2009, quando se falava em cerca de R$ 7 bilhões.
 

O plano original contava com a injeção de € 1,2 bilhão em recursos que seriam obtidos com bancos estrangeiros, mas as condições do BNDES passaram a ser mais favoráveis, daí o interesse em ampliar os empréstimos com o banco público, diz Pinheiro. Até dezembro passado, já tinham sido liberados pelo banco R$ 342 milhões e outros R$ 594 milhões referentes à verba captada pelo fundo da Reserva Global de Reversão (RGR).
 

Com potência de 1.405 Megawatts (MW), Angra 3 terá capacidade de gerar energia suficiente para atender um terço do consumo do Estado do Rio de Janeiro. Hoje, as únicas usinas nucleares em atividade no país - Angra 1 e 2 - fornecem juntas 2 mil MW de energia, o que representa 1,8% da matriz energética brasileira.
 
 
A conclusão de Angra 3 coloca um ponto final em um capítulo da matriz energética do país que o governo não está mais disposto a retomar. No mês passado, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, deixou claro que o Brasil não deve ter novas usinas nucleares até 2021.
 
 
Antes do acidente de Fukushima, ano passado no Japão, o MME estava com tudo pronto para leiloar oito novas plantas nucleares pelo país, projetos que consumiriam R$ 30 bilhões em investimento. Atualmente, há 65 usinas nucleares em construção no mundo. Dessas, 26 serão erguidas na China e ficarão prontas até 2030.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Azul realiza voo experimental com biocombustível a base de cana-de-açúcar

A Azul Linhas Aéreas Brasileiras, em parceria com a Amyris Inc., Embraer e GE, realizou nesta terça-feira (19) um voo experimental utilizando um combustível renovável inovador, produzido a partir da cana-de-açúcar. Com destino ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, um jato E195 da companhia partiu do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, e fez uma passagem sobre a Cidade Maravilhosa, que recebe nesta semana a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Batizado de Azul+Verde, o projeto teve início em novembro de 2009 com o objetivo de testar um novo conceito de desenvolvimento de combustível renovável para jatos potencialmente capaz de reduzir as emissões de gases que contribuem para o efeito estufa. Além de oferecer uma alternativa para combustíveis derivados do petróleo, a iniciativa representa mais um grande passo em direção a uma indústria de transporte aéreo sustentável.

“O compromisso da Azul em reduzir a utilização de produtos petrolíferos voláteis vai além de diminuir nossos custos. O principal objetivo é inovar na prestação de serviços, empregando as melhores tecnologias para evitar a emissão excessiva de carbono e conscientizar nossos Clientes que eles estão optando por uma companhia aérea que, não só se preocupa com o meio ambiente, mas que está agindo para preservá-lo”, disse Flávio Costa, vice-presidente Técnico-Operacional da Azul.

O estudo realizado pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), sobre o ciclo de vida dos gases de efeito estufa do bioquerosene da Amyris mostra que este combustível pode reduzir em até 82% a emissão de dióxido de carbono em comparação ao querosene de origem fóssil.

“O biocombustível da Amyris foi desenvolvido para ser compatível com o querosene de aviação (A/A-1) para jatos. Desta maneira, foram feitos uma série de testes que mensuraram seu desempenho”, disse John Melo, presidente & CEO da Amyrs. “O voo de demonstração é um marco importante no nosso programa de combustível para jatos e nos permitirá prosseguir nos objetivos de aprovação internacional e de comercialização”, conclui Melo.

Esse combustível, chamado de AMJ 700, é feito com o uso de microorganismos modificados que trabalham como fábricas vivas, convertendo o açúcar em puro hidrocarboneto. Tal método resulta em um querosene renovável que, após certificado, atenderá aos padrões mais rigorosos da aviação e da American Society for Testing and Materials (ASTM).

Para o voo experimental, foi utilizada uma mistura equivalente de querosene de aviação comum com querosene renovável obtido a partir da fermentação da cana-de-açúcar (4,5 mil litros), o que torna esse um voo inédito na aviação brasileira.

“Durante os testes realizados no início deste ano, em Ohio, nos Estados Unidos, o biocombustível da Amyris atingiu os requisitos técnicos desejáveis. Em conjunto com as novas tecnologias constantemente empregadas no desenvolvimento e certificação de motores, este bioquerosene certamente ajudará a cumprir as metas ambientais da indústria de aviação”, disse Steve Csonka, diretor da Estratégia Ambiental e de Ecomagination da GE Aviation.

“Desenvolvido a partir do conceito drop-in, não foi necessário implementar qualquer modificação ou adaptação à aeronave antes deste voo demo”, disse Mauro Kern, vice-presidente-executivo de Engenharia e Tecnologia da Embraer. “Os testes realizados pela Embraer com o biocombustível da Amyris no Brasil foram um sucesso. Isto confirma o potencial de desempenho deste combustível renovável, seja em termos técnicos, seja em termos ambientais. Ficamos felizes com o sucesso técnico deste programa e continuaremos comprometidos com o desenvolvimento de tecnologias de ponta capazes de contribuir com a sustentabilidade da aviação, dentre elas, os biocombustíveis”, concluiu.

“A Azul acredita muito na tecnologia apresentada pela Amyris. O Brasil conta com uma abundância de terra produtiva, o que faz com que o cultivo da cana-de-açúcar não compita com os demais cultivos, como por exemplo, o de alimentos,” afirma Adalberto Febeliano, diretor de Relações Institucionais da Azul. “Esperamos que seja possível adotar esse combustível em voos comerciais no médio prazo, com uma produção em larga escala, sendo economicamente viável”, completa.

Este projeto conta com o apoio institucional do Banco Pine, BR Aviation, Total e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Fonte:tnpetroleo

segunda-feira, 18 de junho de 2012

BEN 2012: participação de renováveis na matriz elétrica aumenta e eólicas se destacam

Fonte: Carolina Medeiros, da Agência CanalEnergia.
11/06/2012 

O consumo final de energia cresceu 2,6%, alcançando 228,7 milhões de tep. A diferença de 43,7 milhões entre a oferta interna e o consumo final está associada às perdas e aos processos de transformação da energia primária em secundária. Em 2010, a diferença entre a oferta interna e o consumo foi maior que em 2011, de 45,4 milhões de tep. Isso indica uma redução nas perdas entre um ano e outro.

A participação de fontes renováveis de produção de eletricidade aumentou 2,5% na matriz elétrica brasileira no ano de 2011, chegando a 88,8%, segundo dados preliminares do Balanço Energético Nacional - BEN 2012. De acordo com o documento, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética, um dos destaques da atual matriz é a energia eólica, cuja geração totalizou, cerca de, 2,7 mil GWh, em 2011. Na comparação com o ano anterior, a expansão da produção através dos ventos alcançou 24,2%.

O ano de 2011, ainda segundo a EPE, também apresentou condições hidrológicas favoráveis, o que assegurou aumento de 6,3% na produção hidrelétrica. No entanto, houve redução na produção de bioeletricidade através da cana-de-açúcar. De acordo com o BEN 2012, a oferta de energia através de fontes não renováveis caiu 14,8%, passando de 75.320 GWh em 2010 para 64.186 GWh em 2011. A maior queda, de 28,1%, se deu na produção de energia a partir do gás natural, seguido pelos derivados de petróleo (10,4%) e carvão e derivados (4,5%). A única energia não renovável que apresentou crescimento no período foi a nuclear (7,8%). Já a energia renovável produziu 507.116 GWh no ano passado, ante os 476.384 GWh de 2010.

Com o crescimento da participação renovável na matriz elétrica nacional, segundo a EPE, o Brasil amplia sua posição de liderança em geração de energia limpa se comparado ao conjunto das demais nações do mundo e aos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - majoritariamente desenvolvidos. No mundo, a participação de renováveis na matriz elétrica é de 19,5%, enquanto nos países da OCDE, de 18,3%.

Os resultados preliminares do BEN 2012 mostram, ainda, que permaneceu praticamente estável - queda de 0,9% - a participação das energias renováveis na matriz energética brasileira. A variação entre 2010 e 2011, segundo a EPE, reflete as restrições na oferta da biomassa da cana, muito em função da queda de 9,8% na safra. A presença de renováveis manteve-se no patamar de 44,1%, acima da média mundial de 13,3%, segundo dados da Agência Internacional de Energia.

No ano passado, ainda segundo o BEN 2012, também houve aumento da eficiência energética na economia. A oferta interna de energia cresce no ano passado 1,3% em relação a 2010, atingindo 272,3 milhões de toneladas equivalentes de petróleo. Foi uma evolução menor que a do Produto Interno Bruto, que, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, expandiu 2,7%. O menor crescimento de energia, de acordo com a EPE, significa que a economia brasileira gastou menos energia para produzir a mesma quantidade de bens e serviços. A demanda de energia per capita ficou em 1,41 tep por habitante em 2011, aumentando 0,5% em relação a 2010.

Brasil é o quinto em novo índice de sustentabilidade criado pela ONU

Um novo indicador lançado neste domingo (17) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) coloca o Brasil como a nação com o quinto maior crescimento sustentável anual per capita do mundo, à frente de potências como Estados Unidos e Canadá.


O indicador aplica informações referentes ao capital humano, natural e manufaturado de 20 países para mostrar um panorama mais amplo que o PIB (Produto Interno Bruto), que tem apenas um viés econômico.
Os primeiros lugares no novo ficaram, na ordem, com China, Alemanha, França e Chile.


Chamado de Índice de Riqueza Inclusiva (IRI), o objetivo do indicador é incentivar a sustentabilidade dos governos e complementar o cálculo do PIB – ou mesmo substituir os atuais medidores da economia.


Desenvolvido por especialistas da Universidade das Nações Unidas, a ferramenta reúne informações referentes à educação e expectativa de vida, os recursos florestais, além da produção industrial. Na prática, um país com IRI alto representa que ele é mais sustentável.

Recurso natural em baixa – No relatório, que analisou o período entre 1990 e 2008, a China aparece como o país mais sustentável do mundo, com um índice de 2,1. A Alemanha vem em seguida, com 1,8.


O Brasil teve o IRI de 0,9 no período, o quinto no ranking da ONU, se igualando a Japão e Reino Unido. Nos 19 anos medidos, o PIB brasileiro cresceu 34%, o capital humano aumentou 48% e o capital manufaturado, 8%. Já o capital natural seguiu na contramão, caindo 25%. A justificativa do relatório é que a queda foi causada pelo avanço no desmatamento das florestas e ao aumento das atividades agropecuárias.


No período analisado, por exemplo, a Amazônia perdeu 331.290 km² de cobertura vegetal devido ao desmatamento ilegal – uma área equivalente a mais de sete vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro.


De acordo com Pablo Munhoz, diretor cientifico do relatório, a proposta é uma recomendação do programa ambiental da ONU aos países que participam da Rio+20 e está relacionada “ao bem-estar (…) e nos dá ideia em relação ao crescimento a longo prazo”, disse.


“É importante medir os ativos, mas também é importante ver sua modificação ao longo do tempo”, explica.
(Fonte: Eduardo Carvalho/ G1)

sábado, 16 de junho de 2012

Atual modelo econômico representa entrave para desenvolvimento sustentável

Por: Redação TN / Wellton Máximo, Agência Brasil

A receita para garantir o crescimento do país tem sido a mesma nos últimos anos: estimular o mercado interno, principalmente em momentos de dificuldade da economia. No entanto, as desonerações e o crédito fácil que aquecem o consumo trazem impactos ao meio ambiente. Da poluição dos carros novos com impostos reduzidos ao lixo despejado pelos compradores que trocam de eletrodomésticos e celulares, as medidas de estímulo deixam um passivo ambiental.

Segundo ambientalistas ouvidos pela Agência Brasil, o modelo econômico em vigor representa um entrave para o desenvolvimento sustentável do país. E é justamente o modelo econômico baseado no consumo um dos pontos em maior evidência nas discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que prossegue até o dia 22 no capital fluminense.

O principal problema, dizem os ambientalistas, consiste na falta de visão de longo prazo, que leve em conta a disponibilidade dos recursos naturais no futuro e assegure a diminuição das emissões de gás carbônico nos próximos anos.

“É fundamental para o Brasil agregar renda e superar a pobreza, mas tudo isso deve ser feito sem consumir possibilidades futuras”, avalia o diretor sênior de Políticas da organização não governamental Conservação Internacional, Valmir Ortega. “No modelo atual, estamos gastando o dinheiro do jantar no almoço e corremos o risco de sofrer sérios problemas no futuro.”

Para o professor Gustavo Souto Maior, do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB), as políticas adotadas no Brasil vão na contramão de medidas adotadas por outros países, que têm criado restrições ao transporte individual e estimulado o transporte coletivo. “Na Dinamarca, o governo desestimula a compra de carros por meio de um imposto altíssimo, mas o Brasil continua apostando no transporte individual falido, que compromete a mobilidade urbana e aumenta o consumo de combustível”, ressalta.

Secretária executiva do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos considera importantes as reduções de impostos, mas diz que as desonerações devem contemplar setores que investem em inovações tecnológicas e no respeito ao meio ambiente. “Se é para reduzir impostos, que o governo olhe a economia de forma mais ampla e estimule novas cadeias produtivas que promovam o desenvolvimento sustentável”, declara.

Ortega, da Conservação Internacional, diz que os incentivos à economia verde até existem, mas em volume insuficiente. “O governo criou uma linha de crédito para plantios de baixo carbono, mas o orçamento não chega a ser um décimo do Plano Safra, que financia toda a agricultura. O que hoje é nicho deveria ser o foco principal das políticas públicas”, diz.

Os especialistas destacam que a mudança de prioridades poderia ser feita sem aumento dos gastos públicos. “Basta reorientar os incentivos fiscais e monetários existentes”, opina Souto Maior. Para ele, os próprios conceitos econômicos contribuem para a falta de prioridade do meio ambiente na formulação de políticas. “Pelos critérios tradicionais, quanto mais árvores se cortam, mais o PIB [Produto Interno Bruto, a soma da produção de um país] aumenta”, critica.

Entre os novos setores que podem ser beneficiados com incentivos fiscais, os especialistas citam o turismo nos parques nacionais, o transporte público, o saneamento básico e as compensações ambientais para obras de infraestrutura. “Não queremos abrir mão do crescimento, só fazer o país pensar no longo prazo. O pré-sal pode ser explorado, desde que as receitas do petróleo financiem o desenvolvimento de novas tecnologias”, acrescenta Ortega.

ONU elabora índice para medir ‘economia verde’ de cada país

A ONU elaborou um novo índice econômico com o objetivo de avaliar o desempenho de cada país de acordo com a “economia verde”. O Índice de Riqueza Inclusiva é uma iniciativa conjunta do Programa Internacional de Dimensões Humanas da Universidade das Nações Unidas (UNU-IHDP, na sigla em inglês) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

O objetivo dos criadores é substituir os atuais medidores da economia de cada nação. O Produto Interno Bruto (PIB), que soma todos os bens e serviços produzidos por um país, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em conta aspectos econômicos e sociais, vêm sofrendo críticas da comunidade científica por não incluírem componentes ambientais.

“A principal falha dos atuais indicadores é a visão curta: em nenhum lugar do PIB ou do IDH estão incluídos padrões de sustentabilidade e crescimento de longo prazo”, afirma o panfleto que apresenta o projeto. A criação do novo índice foi citada no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

O primeiro Relatório de Riqueza Inclusiva será apresentado no domingo (17), dentro da Rio+20. Os criadores mediram o índice em 20 países estrategicamente selecionados, que representaram 76% do PIB mundial e 56% da população total do planeta entre 1990 e 2008. A lista inclui países ricos como EUA, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Japão e Austrália, e o bloco dos emergentes formado por Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul.

O Índice de Riqueza Inclusiva pretende conduzir “uma análise ampla dos vários componentes da riqueza por país e sua ligação ao desenvolvimento econômico, destacando, em particular, a importância do capital natural”. Ao todo, o cálculo leva em conta 19 fatores diferentes, divididos em três categorias diferentes: capital humano, capital produzido e capital natural.

(Fonte: Tadeu Meniconi/G1)

Mudança climática ameaça potencial hidrelétrico brasileiro, diz cientista

A mudança climática pode representar uma ameaça ao desempenho das fontes renováveis de energia. Uma pesquisa de 2010 conduzida pela equipe de Roberto Schaeffer, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostra que o país pode perder 30% de sua produção de eletricidade até 2035, se as emissões globais de carbono mantiverem as atuais tendências de alta.

Com base nos dados disponíveis atualmente, o estudo projetou um cenário de mudança climática para os próximos anos. A pesquisa calculou o efeito que essas mudanças teriam sobre a geração de energia que usa o vento, o sol, a biomassa e, principalmente, a força dos rios, principal fonte do Brasil.

Na projeção, o sertão nordestino tende a se transformar em um deserto, a Amazônia perde espaço para o cerrado e as chuvas adquirem um novo ciclo em várias regiões do país.

“Esse novo padrão de chuva possível para o Brasil levaria a uma situação de escassez hídrica nos momentos mais secos”, explicou o pesquisador, que mostrou os resultados da pesquisa no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

A queda se daria principalmente em relação à energia “firme”, que é a capacidade mínima que uma usina tem, mesmo no pior período hidrológico.

A solução para o problema seria investir em outras formas de geração e interligar os sistemas, para garantir a distribuição de energia ao longo do ano. “Isso significaria, grosso modo, de agora até 2035, investimentos adicionais da ordem de US$ 50 bilhões só para preparar o sistema brasileiro para a mudança climática”, apontou Schaeffer.

A diversificação pode ser feita com outras fontes renováveis. O estudo também mostrou que, apesar de prejudicar as hidrelétricas, a mudança climática até favoreceria a geração eólica no Nordeste.

A produção de energia por fontes biológicas também seria afetada. A cana de açúcar teria uma produção superior à atual caso o planeta fosse “2 ou 3 graus” mais quente, segundo Schaeffer. Já a soja, muito utilizada nas usinas termoelétricas a biomassa, teria um desempenho pior.

Para a energia solar, o pesquisador não espera grandes alterações. “A mudança climática pode vir a afetar um pouco o padrão de nuvens, mas, dado que o potencial solar é tão grande, não é, eventualmente, alguma região mais nublada que vai inviabilizar a energia solar”, avaliou.

(Fonte: Tadeu Meniconi/ G1)

“Não gastem dinheiro com energia nuclear”


O uso da energia solar entrou em debate na tarde dessa sexta-feira (15) no pavilhão do Estado do Rio, no Parque dos Atletas, dentro da programação da Rio+20 . Eickeweber, diretor do Instituto Fraunhofer, de sistema de energia solar da Alemanha, falou a respeito do uso da energia atômica. “Não é uma energia sustentável. É uma energia cada vez mais cara e que os resíduos precisam ser isolados por até 10 mil anos.
Se eu pudesse dar um conselho ao Brasil, diria: não gastem dinheiro com plantas de energia nuclear”.

Eickeweber falou ainda que o tipo de energia domicialr no Brasil permite que se empregue mais o uso da energia solar. “Ar condicionado funciona muito bem com energia solar assim como geladeira. Na Alemanha cada vez mais se repensa esse tipo de produção energética focando no futuro ambiental sustentável”.

Weber foi bastante aplaudido pelo público presente.

(Fonte: Valmir Moratelli/ Portal iG)

domingo, 10 de junho de 2012

PARTICIPE e INOVE (Innovation Yourself)


CONVITE : Escrever um livro online que seja realizado pelo conhecimento de mais de uma pessoa.

A inovação começa com você e transforma a vida de todos. (Paula Marinho)

Vejam o exemplo de um livro no meu blog: http://innovationyourself.blogspot.com.br/

O livro Inovação, Empresas e Sociedade (temática principal) é a ideia de difundir que todos temos que agir pela sustentabilidade do planeta, do nosso país, do nosso estado, do no nosso município e da nossa cidade. A população mundial cada vez mais passa a viver nas áreas urbanas e estas serão o cenário dos grandes problemas ambientais enfrentados pela humanidade. Existem vários problemas que precisam ser levados em consideração. Como exemplo cito o dos transportes: se as pessoas adotarem a bicicleta como meio de transporte seja no Rio de Janeiro, São Paulo, ou outra cidade brasileira teremos que tornar viável a locomoção destas com suas bicicletas pela cidade. O fabricante de bicicleta(empresa) ganha com isso (vende mais bicicletas) e tem que estar envolvido na solução das medidas à serem adotadas. O poder público (políticas públicas) precisará construir ciclovias e estacionamentos. O morador das cidades precisa ser consultado também, pois estas são só algumas das possibilidades e soluções para o problema do transporte. Vamos fazer uma comunidade virtual de pessoas que queiram contribuir escrevendo um livro interdisciplinar e quem sabe até transdisciplinar de soluções para tornar a vida dos moradores das cidades mais agradável.
O Meio Ambiente é de responsabilidade de todos nós.
(vide artigo 225 Constituição Federal).

Por Paula Marinho
Advogada Ambiental

quinta-feira, 7 de junho de 2012

'Era da irresponsabilidade' coloca Amazônia em risco, diz GEO-5



Fonte:Terra.com
ANDRÉ NADDEO
Direto do Rio de Janeiro

Da aclamada Eco-92 para a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que começa na semana que vem (com as atividades paralelas, o encontro de chefes de Estado tem início no dia 20), no Rio de Janeiro, passaram-se 20 anos. E entre protocolos assinados e teses e mais teses para a discussão do aquecimento global, pouco foi feito de efetivo e a situação ambiental mundial beira o irreversível.
Esta é a principal constatação do quinto Panorama Ambiental Global (GEO-5), divulgado nesta quarta-feira, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente, em evento no Palácio Itamaraty, no centro do Rio de Janeiro.
"Este relatório diz que as coisas que falamos 20 anos atrás, chegaram à tona. Vivemos numa era de irresponsabilidade. Temos todas essas informações sobre o que está acontecendo com o nosso planeta e com as pessoas, mas ainda assim, acordamos de manhã e dizemos: 'nossa, que horrível', e seguimos o dia", apontou Achim Steiner, diretor-executivo e subsecretário geral da ONU.
A situação torna-se preocupante a partir do momento em que, das 90 principais metas estabelecidas em relação ao planeta nas últimas duas décadas, apenas em 4% do total houve avanço significativo. "Já chegamos a alguns pontos em que não poderemos mais implementar o futuro que desejamos", disse Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Quatro análises independentes apontadas pelo GEO-5 dizem que o período entre 2000 e 2009 foi o mais quente já registrado na história do planeta. A perspectiva, diante da informação, é que a emissão de gases de efeito estufa podem dobrar nos últimos 50 anos, aumentando a temperatura global em 3°C ou mais até o final do século.
O dado torna-se ainda mais alarmante se levarmos em conta a Floresta Amazônica. De acordo com a pesquisa global, o processo de "savanização" do maior conjunto de biodiversidade mundial está em pleno acontecimento e não resistiria a um desmatamento de 40% da sua área, ou então ao aumento da temperatura global em 4°C.
"Se queremos ter todos os recursos que ela reserva a longo prazo, não é suficiente apenas políticas públicas dos países amazônicos, é preciso algo global para que se diminua os riscos do aquecimento global. As ações têm que começar ontem, mas ainda estamos vivendo uma inércia", apontou Nobre.
"Pode-se zerar o desmatamento, que terá um efeito pequeno no aquecimento global. Portanto, para preservar este importantíssimo sistema biológico mundial, que tem impacto no clima da América do Sul, do planeta, e nos recursos de água doce é fundamental que haja o controle do aquecimento global, se não, o esforço brasileiro e de outros países terá sido em vão", completou Carlos Klink, secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do ministério do Meio-Ambiente.
Outros dados
Se a eliminação da produção e uso de substâncias nocivas à camada de ozônio, a eliminação da utilização de chumbo em combustíveis, o uso crescente de fontes melhoradas e água, e, por fim, pesquisas para diminuir a poluição do ambiente tiveram avanço satisfatório, nos demais aspectos analisados pelo relatório constata-se uma inércia coletiva.
Os prejuízos causados pela poluição do ar, por exemplo, em termos de produtividade agrícola, foram estimados entre US$ 14 e US$ 26 bilhões. Sobre a biodiversidade global, 20% dos seres vertebrados estão ameaçados de extinção, sendo que os recifes de corais no mundo sofreram redução na ordem de 38%, até 2010.
Em relação à água, o GEO-5 fala em 600 milhões de pessoas no mundo que não terão acesso ao recurso natural mais importante do planeta, até 2015, enquanto que 2,5 bilhões de habitantes do planeta não terão saneamento básico. A qualidade da água nos principais sistemas fluviais ao redor do mundo também não atende ao padrão estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O profundo levantamento aponta ainda para o notório crescimento de desastres naturais oriundos das mudanças climáticas. As inundações aumentaram 230%, enquanto que as secas, 38%, entre os anos de 1980 e 2000. Se o nível do mar aumentar substancialmente, a adaptação das zonas costeiras custará aos cofres públicos mundiais a exorbitante quantia de US$ 89 bilhões até a década de 2040.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

RIO+20 EU SEI O FUTURO QUE QUERO E VOCÊ SABE?

http://www.onu.org.br/rio20/ban-ki-moon-lanca-votacao-online-em-busca-de-solucoes-para-a-rio20/

terça-feira, 5 de junho de 2012

Navios deixam cair mais de 600 contêineres no mar a cada ano


Fonte: Dennis Barbosa/ G1

Quando o mar está muito agitado ou quando empresas declaram peso menor que o real para os contêineres que estão despachando, acidentes podem acontecer e essas grandes caixas de aço, usadas para transporte em navios em todo o mundo, podem se soltar e cair no mar. 


De acordo com levantamento do World Shipping Council, grupo que congrega empresas de navegação que fazem mais de 90% do transporte de carga marítima internacional, em média 675 contêineres por ano acabam no fundo do oceano. Considerando que, em 2010, esse setor deslocou 100 milhões dessas unidades, o índice de perda parece pequeno. 

Mas o fato é que, a cada ano, em centenas de pontos pelo mundo, o chão dos oceanos é “presenteado” com imensas caixas metálicas, às vezes com conteúdo poluente, e o efeito disso ainda é pouco conhecido. 

“Os navios de contêineres normalmente não têm guindastes ou outros dispositivos que permitiriam recuperá-los do mar. Geralmente, eles descem até o fundo. Mas em casos em que as condições permitem, tentamos recuperar”, diz Anne Kappel, vice-presidente do WSC. 

Os pesquisadores americanos Andrew DeVogelaere e Jim Barry coordenam um trabalho para entender melhor qual é o efeito dos contêineres sobre o ambiente marinho. Os cientistas enviaram um submarino robotizado até um deles, perdido a 1.281 metros de profundidade no Oceano Pacífico, a oeste da costa da Califórnia. 

A pesquisa ainda não foi encerrada, mas eles já verificaram que o aparecimento do bloco metálico alterou a ecologia no local. Em volta do contêiner perdido, foram encontradas espécies diferentes das que normalmente habitam as imediações, já que ali há apenas um fundo arenoso. Os pesquisadores acreditam que, além dessa alteração, o contêiner ainda pode servir de “parada” para seres vivos que estão migrando para outros pontos, oferecendo um substrato sólido para se fixarem, o que, de outra forma, não aconteceria no chão de areia. 

O levantamento ainda é preliminar, mas já está claro que esse tipo de acidente tem seus efeitos sobre a vida no mar. 

Poucos dados – A falta de informação sobre os oceanos é um dos principais problemas para que se possa tomar medidas para proteger esses importantes ecossistemas, aponta o oceanógrafo José Muelbert, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), que coordenou até o ano passado uma comissão para a implantação de um sistema de observação global de regiões costeiras. 

Os oceanos são um dos temas a serem debatidos na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, que acontece este mês, no Rio de Janeiro. 

Para Muelbert, o rascunho do documento internacional que deve resultar da conferência contém avanços singificativos nessa área. “Os estados devem reconhecer que os oceanos são críticos para os sustentos vitais da terra. É algo que não tem tido muito reconhecimento”, observa. 

“Outro aspecto importante é o reconhecimento de que se precisa implementar um processo regular, ou seja, um painel internacional para verificar regularmente a saúde dos oceanos”, acrescenta. 

Acidificação – O professor chama atenção ainda para a intenção de se criar um sistema de obervação da acidificação da água marinha. “Acho que é um ponto que é um pouco tímido. A acidificação é apenas um dos assuntos que mostram a agressão aos oceanos. Tinha que haver um sistema mais amplo, que incluísse, por exemplo, as chamadas ‘zonas mortas’, onde há falta de oxigênio na água”, defende. 

Também a pesca é questão importante para ser discutida na Rio+20, já que em vários pontos pelo mundo as populações de determinadas espécies de peixes estão se esgotando. “Os estados devem ser instados a restaurá-las a níveis sustentáveis”, comenta Muelbert. A ONU estima que mais de 3 bilhões de pessoas dependam da biodiversidade marinha para viver. 

“O importante é que exista uma conscientização da sociedade da importância dos oceanos. Eles são responsáveis pela vida e pelo clima que temos hoje. Se os alterarmos, nosso habitat terrestrre vai ser afetado e isso vai afetar as gerações futuras”, conclui Muelbert.