sábado, 16 de junho de 2012

Atual modelo econômico representa entrave para desenvolvimento sustentável

Por: Redação TN / Wellton Máximo, Agência Brasil

A receita para garantir o crescimento do país tem sido a mesma nos últimos anos: estimular o mercado interno, principalmente em momentos de dificuldade da economia. No entanto, as desonerações e o crédito fácil que aquecem o consumo trazem impactos ao meio ambiente. Da poluição dos carros novos com impostos reduzidos ao lixo despejado pelos compradores que trocam de eletrodomésticos e celulares, as medidas de estímulo deixam um passivo ambiental.

Segundo ambientalistas ouvidos pela Agência Brasil, o modelo econômico em vigor representa um entrave para o desenvolvimento sustentável do país. E é justamente o modelo econômico baseado no consumo um dos pontos em maior evidência nas discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que prossegue até o dia 22 no capital fluminense.

O principal problema, dizem os ambientalistas, consiste na falta de visão de longo prazo, que leve em conta a disponibilidade dos recursos naturais no futuro e assegure a diminuição das emissões de gás carbônico nos próximos anos.

“É fundamental para o Brasil agregar renda e superar a pobreza, mas tudo isso deve ser feito sem consumir possibilidades futuras”, avalia o diretor sênior de Políticas da organização não governamental Conservação Internacional, Valmir Ortega. “No modelo atual, estamos gastando o dinheiro do jantar no almoço e corremos o risco de sofrer sérios problemas no futuro.”

Para o professor Gustavo Souto Maior, do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB), as políticas adotadas no Brasil vão na contramão de medidas adotadas por outros países, que têm criado restrições ao transporte individual e estimulado o transporte coletivo. “Na Dinamarca, o governo desestimula a compra de carros por meio de um imposto altíssimo, mas o Brasil continua apostando no transporte individual falido, que compromete a mobilidade urbana e aumenta o consumo de combustível”, ressalta.

Secretária executiva do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos considera importantes as reduções de impostos, mas diz que as desonerações devem contemplar setores que investem em inovações tecnológicas e no respeito ao meio ambiente. “Se é para reduzir impostos, que o governo olhe a economia de forma mais ampla e estimule novas cadeias produtivas que promovam o desenvolvimento sustentável”, declara.

Ortega, da Conservação Internacional, diz que os incentivos à economia verde até existem, mas em volume insuficiente. “O governo criou uma linha de crédito para plantios de baixo carbono, mas o orçamento não chega a ser um décimo do Plano Safra, que financia toda a agricultura. O que hoje é nicho deveria ser o foco principal das políticas públicas”, diz.

Os especialistas destacam que a mudança de prioridades poderia ser feita sem aumento dos gastos públicos. “Basta reorientar os incentivos fiscais e monetários existentes”, opina Souto Maior. Para ele, os próprios conceitos econômicos contribuem para a falta de prioridade do meio ambiente na formulação de políticas. “Pelos critérios tradicionais, quanto mais árvores se cortam, mais o PIB [Produto Interno Bruto, a soma da produção de um país] aumenta”, critica.

Entre os novos setores que podem ser beneficiados com incentivos fiscais, os especialistas citam o turismo nos parques nacionais, o transporte público, o saneamento básico e as compensações ambientais para obras de infraestrutura. “Não queremos abrir mão do crescimento, só fazer o país pensar no longo prazo. O pré-sal pode ser explorado, desde que as receitas do petróleo financiem o desenvolvimento de novas tecnologias”, acrescenta Ortega.

ONU elabora índice para medir ‘economia verde’ de cada país

A ONU elaborou um novo índice econômico com o objetivo de avaliar o desempenho de cada país de acordo com a “economia verde”. O Índice de Riqueza Inclusiva é uma iniciativa conjunta do Programa Internacional de Dimensões Humanas da Universidade das Nações Unidas (UNU-IHDP, na sigla em inglês) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

O objetivo dos criadores é substituir os atuais medidores da economia de cada nação. O Produto Interno Bruto (PIB), que soma todos os bens e serviços produzidos por um país, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em conta aspectos econômicos e sociais, vêm sofrendo críticas da comunidade científica por não incluírem componentes ambientais.

“A principal falha dos atuais indicadores é a visão curta: em nenhum lugar do PIB ou do IDH estão incluídos padrões de sustentabilidade e crescimento de longo prazo”, afirma o panfleto que apresenta o projeto. A criação do novo índice foi citada no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

O primeiro Relatório de Riqueza Inclusiva será apresentado no domingo (17), dentro da Rio+20. Os criadores mediram o índice em 20 países estrategicamente selecionados, que representaram 76% do PIB mundial e 56% da população total do planeta entre 1990 e 2008. A lista inclui países ricos como EUA, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Japão e Austrália, e o bloco dos emergentes formado por Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul.

O Índice de Riqueza Inclusiva pretende conduzir “uma análise ampla dos vários componentes da riqueza por país e sua ligação ao desenvolvimento econômico, destacando, em particular, a importância do capital natural”. Ao todo, o cálculo leva em conta 19 fatores diferentes, divididos em três categorias diferentes: capital humano, capital produzido e capital natural.

(Fonte: Tadeu Meniconi/G1)

Mudança climática ameaça potencial hidrelétrico brasileiro, diz cientista

A mudança climática pode representar uma ameaça ao desempenho das fontes renováveis de energia. Uma pesquisa de 2010 conduzida pela equipe de Roberto Schaeffer, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostra que o país pode perder 30% de sua produção de eletricidade até 2035, se as emissões globais de carbono mantiverem as atuais tendências de alta.

Com base nos dados disponíveis atualmente, o estudo projetou um cenário de mudança climática para os próximos anos. A pesquisa calculou o efeito que essas mudanças teriam sobre a geração de energia que usa o vento, o sol, a biomassa e, principalmente, a força dos rios, principal fonte do Brasil.

Na projeção, o sertão nordestino tende a se transformar em um deserto, a Amazônia perde espaço para o cerrado e as chuvas adquirem um novo ciclo em várias regiões do país.

“Esse novo padrão de chuva possível para o Brasil levaria a uma situação de escassez hídrica nos momentos mais secos”, explicou o pesquisador, que mostrou os resultados da pesquisa no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

A queda se daria principalmente em relação à energia “firme”, que é a capacidade mínima que uma usina tem, mesmo no pior período hidrológico.

A solução para o problema seria investir em outras formas de geração e interligar os sistemas, para garantir a distribuição de energia ao longo do ano. “Isso significaria, grosso modo, de agora até 2035, investimentos adicionais da ordem de US$ 50 bilhões só para preparar o sistema brasileiro para a mudança climática”, apontou Schaeffer.

A diversificação pode ser feita com outras fontes renováveis. O estudo também mostrou que, apesar de prejudicar as hidrelétricas, a mudança climática até favoreceria a geração eólica no Nordeste.

A produção de energia por fontes biológicas também seria afetada. A cana de açúcar teria uma produção superior à atual caso o planeta fosse “2 ou 3 graus” mais quente, segundo Schaeffer. Já a soja, muito utilizada nas usinas termoelétricas a biomassa, teria um desempenho pior.

Para a energia solar, o pesquisador não espera grandes alterações. “A mudança climática pode vir a afetar um pouco o padrão de nuvens, mas, dado que o potencial solar é tão grande, não é, eventualmente, alguma região mais nublada que vai inviabilizar a energia solar”, avaliou.

(Fonte: Tadeu Meniconi/ G1)

“Não gastem dinheiro com energia nuclear”


O uso da energia solar entrou em debate na tarde dessa sexta-feira (15) no pavilhão do Estado do Rio, no Parque dos Atletas, dentro da programação da Rio+20 . Eickeweber, diretor do Instituto Fraunhofer, de sistema de energia solar da Alemanha, falou a respeito do uso da energia atômica. “Não é uma energia sustentável. É uma energia cada vez mais cara e que os resíduos precisam ser isolados por até 10 mil anos.
Se eu pudesse dar um conselho ao Brasil, diria: não gastem dinheiro com plantas de energia nuclear”.

Eickeweber falou ainda que o tipo de energia domicialr no Brasil permite que se empregue mais o uso da energia solar. “Ar condicionado funciona muito bem com energia solar assim como geladeira. Na Alemanha cada vez mais se repensa esse tipo de produção energética focando no futuro ambiental sustentável”.

Weber foi bastante aplaudido pelo público presente.

(Fonte: Valmir Moratelli/ Portal iG)