sábado, 8 de fevereiro de 2014

Energia eólica mundial cresce 12.5% em 2013

Energia eólica mundial cresce 12.5% em 2013
Deposit Photos Deposit Photos

Energia eólica mundial cresce 12.5% em 2013
Mercado anual em baixa; retomada do crescimento em 2014
O Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council – GWEC) divulgou hoje, 05 de fevereiro, as estatísticas referentes ao mercado eólico em 2013, apresentando uma capacidade cumulativa global de 318.137 MW, um aumento de quase 200.000 MW nos últimos cinco anos. No entanto, o mercado anual caiu quase 10 GW para 35.467 MW, atribuível à queda vertiginosa nas instalações norte-americanas, devido à lacuna política criada pelo Congresso dos EUA em 2012. Embora 2013 tenha marcado outro ano difícil para a indústria eólica, com “apenas" 12,5% de crescimento acumulado, as perspectivas para 2014 e nos anos seguintes parecem muito mais positivas. 
"Fora da Europa e dos EUA, o mercado global cresceu discretamente no ano passado, liderado pela China e um ano excepcionalmente forte no Canadá. Enquanto o hiato político nos EUA impactou fortemente o ano de 2013, a boa notícia é que os projetos em construção nos EUA totalizaram mais de 12.000 MW no final do ano, um novo recorde. As instalações europeias ficaram atrás por somente 8%, mas com uma concentração insalubre do mercado em apenas dois países - Alemanha e Reino Unido ", disse o secretário-geral do GWEC, Steve Sawyer.
O GWEC destaca os números das grandes instalações da China, observando que a fase de consolidação para a indústria chinesa, que começou após o ano de pico em 2010, parece ter acabado. "A China é, novamente, um mercado em crescimento, o que é uma boa notícia para a indústria. O compromisso do governo para a energia eólica foi reforçada, mais uma vez, elevando a meta oficial para 2020 em 200 GW, e a indústria tem respondido", continuou o Sawyer.
A Índia tem uma nova “Missão Eólica”, o Brasil contratou 4.7 GW de novos projetos em 2013 e a reforma do setor elétrico agitará o mercado nos próximos anos. Apesar de alcançar somente 90 MW em instalações durante 2013, a África apresentará crescimento com novas instalações em 2014, liderada pela África do Sul, Egito, Marrocos, Etiópia, Quênia e Tanzânia. 
"Os mercados que não são membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no geral, são muito saudáveis, e há um fluxo constante de novos mercados emergentes na África, Ásia e América Latina. Com os EUA, aparentemente de volta aos trilhos, pelo menos para os próximos dois anos, o principal desafio é estabilizar os mercados europeus, onshore e offshore, que tem sido abalado por indecisão política ao longo dos últimos anos", disse Sawyer.
GWEC espera que as instalações de 2014 retornem, pelo menos, aos níveis de 2012 e, provavelmente, os ultrapasse. As previsões do GWEC para os próximos cinco anos (2014-2018) serão divulgadas em abril. 
O Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council – GWEC) divulgou hoje (5), as estatísticas referentes ao mercado eólico em 2013, apresentando uma capacidade cumulativa global de 318.137 MW, um aumento de quase 200.000 MW nos últimos cinco anos. No entanto, o mercado anual caiu quase 10 GW para 35.467 MW, atribuível à queda vertiginosa nas instalações norte-americanas, devido à lacuna política criada pelo Congresso dos EUA em 2012. Embora 2013 tenha marcado outro ano difícil para a indústria eólica, com “apenas" 12,5% de crescimento acumulado, as perspectivas para 2014 e nos anos seguintes parecem muito mais positivas. 
"Fora da Europa e dos EUA, o mercado global cresceu discretamente no ano passado, liderado pela China e um ano excepcionalmente forte no Canadá. Enquanto o hiato político nos EUA impactou fortemente o ano de 2013, a boa notícia é que os projetos em construção nos EUA totalizaram mais de 12.000 MW no final do ano, um novo recorde. As instalações europeias ficaram atrás por somente 8%, mas com uma concentração insalubre do mercado em apenas dois países - Alemanha e Reino Unido ", disse o secretário-geral do GWEC, Steve Sawyer.
O GWEC destaca os números das grandes instalações da China, observando que a fase de consolidação para a indústria chinesa, que começou após o ano de pico em 2010, parece ter acabado. "A China é, novamente, um mercado em crescimento, o que é uma boa notícia para a indústria. O compromisso do governo para a energia eólica foi reforçada, mais uma vez, elevando a meta oficial para 2020 em 200 GW, e a indústria tem respondido", continuou o Sawyer.
A Índia tem uma nova “Missão Eólica”, o Brasil contratou 4.7 GW de novos projetos em 2013 e a reforma do setor elétrico agitará o mercado nos próximos anos. Apesar de alcançar somente 90 MW em instalações durante 2013, a África apresentará crescimento com novas instalações em 2014, liderada pela África do Sul, Egito, Marrocos, Etiópia, Quênia e Tanzânia. 
"Os mercados que não são membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no geral, são muito saudáveis, e há um fluxo constante de novos mercados emergentes na África, Ásia e América Latina. Com os EUA, aparentemente de volta aos trilhos, pelo menos para os próximos dois anos, o principal desafio é estabilizar os mercados europeus, onshore e offshore, que tem sido abalado por indecisão política ao longo dos últimos anos", disse Sawyer.
GWEC espera que as instalações de 2014 retornem, pelo menos, aos níveis de 2012 e, provavelmente, os ultrapasse. As previsões do GWEC para os próximos cinco anos (2014-2018) serão divulgadas em abril. 



Fonte: Redação TN/ Ascom ABEEólica

enviar para amigosvoltar

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Panorama Mundial de Energia dá destaque ao Brasil

Por: Fernanda B. Müller, do CarbonoBrasil

Apresentando as perspectivas das mais variadas fontes, regiões e setores energéticos até 2035, nova publicação sugere que, para lidar com o valor alto da energia, é preciso focar mais em eficiência energética. A Agência Internacional de Energia lançou o Panorama Mundial de Energia 2013 (World Energy Outlook, disponível para compra), apresentando o cenário central em que a demanda global por energia cresce em um terço até 2035.

Grande parte da demanda virá de países asiáticos (imagem abaixo) – especialmente do sudeste, como a Índia, que deve superar a China como principal fonte de crescimento na demanda por energia em 2020 –, mas também do Oriente Médio. Nos países da OCDE, a demanda deve se manter constante e em 2035 ser equivalente a menos da metade daquela dos países fora do bloco.
 
                                            AIE2 Panorama Mundial de Energia dá destaque para o Brasil

O Brasil é um dos destaques do relatório. Nosso país deve ser manter como possuidor de um dos setores de energia menos intensivos em carbono no mundo, apesar das perspectivas de um aumento de 80% no uso de energia até 2035 e de se tornar um dos principais produtores de petróleo. De acordo com a publicação, em 2035 a produção de petróleo no Brasil vai triplicar, chegando a seis milhões de barris por dia, o que corresponde a um terço do crescimento líquido previsto para a produção mundial de petróleo.

O país também deve quase duplicar a geração de energias renováveis, mantendo a fatia de 43% na matriz energética nacional, especialmente a partir das usinas hidrelétricas e eólicas.

“Grandes mudanças estão emergindo no mundo energético em resposta às alterações no crescimento econômico, nos esforços de descarbonização e nas inovações tecnológicas”, comentou Maria van der Hoeven, diretora executiva da AIE.

O relatório destaca as enormes diferenças entre o preço da energia em diferentes países, por exemplo, citando o gás natural, que custa um quinto do preço nos Estados Unidos em relação ao Japão, influenciando na competitividade industrial. Entre as opções para lidar com o valor alto da energia, a AIE ressalta a importância da eficiência energética: dois terços do potencial econômico destas medidas devem permanecer inexplorados em 2035, a menos que barreiras de mercado sejam removidas.

Uma delas é o subsídio perverso de US$ 544 bilhões em 2012 aos combustíveis fósseis, que incentiva o desperdício. A eficiência energética – fator preponderante do balanço energético mundial – é tratada da mesma forma que os combustíveis convencionais: as suas perspectivas e a sua contribuição são objeto de um capítulo específico. Além disso, a AIE ressalta que as ações para reduzir os impactos do valor da energia não significam a diminuição dos esforços para lidar com as mudanças climáticas.
                 download Panorama Mundial de Energia dá destaque para o Brasil

“As emissões de dióxido de carbono relacionadas à energia devem subir 20% até 2035 (imagem acima), colocando o mundo no caminho para um aumento de 3,6º C da temperatura média em longo prazo, muito acima da meta internacional de 2ºC”.

O relatório também enfatiza a necessidade de subsídios cuidadosamente elaborados para as energias renováveis – que totalizaram US$ 101 bilhões em 2012 –, expandindo para US$ 220 bilhões em 2035.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Especialistas prevêem elevação do nível do mar de até 1,2 metro até 2100

Data: 10/12/2013 09:49
Por: Redação TN / Instituto CarbonoBrasil

Um novo estudo publicado no periódico Quaternary Science Reviews sugere que as estimativas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para o aumento do nível do mar são, na verdade, conservadoras. Reunindo 90 especialistas dentre os cientistas mais ativos na publicação de artigos sobre o assunto, o estudo compilou as suas avaliações probabilísticas do aumento do nível do mar entre 2100 e 2300 sob dois cenários de temperatura.

Um deles, considerando a concretização de medidas para mitigação das mudanças climáticas, limita o aquecimento a dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e apresenta uma temperatura que retrai lentamente após 2050. O aumento no nível do mar nesta situação seria de entre 40 e 60 centímetros até 2100 e 60cm a um metro até 2300.

Já no cenário de alto aquecimento (4,5º C até 2100 e 8ºC até 2300), o mar poderia subir entre 70cm e 1,2 metro neste século e dois a três metros nos próximos três séculos. Isso colocaria em jogo a sobrevivência de algumas cidades costeiras e ilhas. O mais recente relatório do IPCC prevê que, em um cenário com alto nível de emissões, o nível do mar subiria entre 52 e 98 cm até 2100. Em um cenário com reduções fortes nas emissões de GEEs, o aumento seria de 28 a 61 cm. 

No ritmo em que as negociações internacionais para um novo acordo climático estão avançando, fica difícil de acreditar que a meta de aquecimento de dois graus Celsius seja alcançada, portanto, o cenário não parece muito promissor.

Grandes incertezas ainda cercam as projeções sobre o aumento do nível do mar devido às dúvidas sobre o aquecimento futuro e a uma compreensão incompleta dos processos complexos e mecanismos de feedback que causam a subida das águas.

Consequentemente, os modelos atuais produzem uma gama de estimativas até mesmo para cenários que consideram as mesmas temperaturas da atmosfera, explicam os pesquisadores, justificando a importância de um estudo reunir projeções variadas.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Expansão do biogás só depende de estímulos do governo

Fonte: Carolina Gonçalves/ Agência Brasil 

A inclusão de um novo biocombustível no topo da matriz energética renovável brasileira está dependendo, segundo pesquisadores, de uma sinalização clara do governo para estimular novos estudos e a produção, em escala, do biogás no país. As pesquisas já apontam que o combustível tem potencial para dividir espaço, em grau de importância estratégica para o setor, com o etanol e o biodiesel.

A despeito do otimismo em relação ao potencial do biogás, as pequisas brasileiras ainda seguem em um um ritmo lento, principalmente quando comparadas a cenários como o da Alemanha, que reconhece como estratégico o combustível produzido a partir de resíduos e composto por metano e dióxido de carbono. Apesar da confirmada capacidade do biogás em atender tanto à demanda por energia elétrica quanto à por térmica ou mecânica, em larga escala, as iniciativas brasileiras que poderiam garantir essa produção ainda são tímidas.

Algumas empresas produzem o biogás a partir da decomposição da matéria orgânica de aterros sanitários. No Aterro Sanitário de Gramacho, fechado, recentemente, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por exemplo, está sendo construída uma usina de biogás que será produzido a partir do lixo e utilizado pela comunidade local, substituindo o gás natural.

Esta semana, foi criado o Centro de Estudos do Biogás, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu, no Paraná, com a promessa de gerar informações e dados científicos sobre toda a cadeia de suprimentos do biogás.Ainda no sul do país, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem estudando a produção do combustível a partir de dejetos de suínos.

O biogás é visto como componente importante para manter a participação das fontes de energia renováveis na matriz energética do país, diante da expectativa de aumento de demanda por energia. Atualmente, as energias renováveis, tanto a partir de biomassa [etanol, biodiesel e biogás], quanto eólica e solar, respondem por quase a metade das fontes da matriz energética brasileira.

“É preciso que o governo sinalize com uma proposta para este setor, como fez com o biodiesel e com o etanol, desde a regulamentação até a criação de incentivos”, defende Manoel Teixeira Souza Júnior, chefe-geral da Embrapa Agroenergia. Segundo ele, a expectativa não é a de ampliar a participação das energias renováveis, mas, ao menos, manter a relação entre renováveis e não renováveis com o esperado aumento do consumo energético do país.

“Estamos mantendo o foco na biomassa, tanto na desconstrução para produção de energia principalmente de biocombustíveis, como para obtenção de químicos a partir de produtos naturais (plantas) que podem agregar valor à cadeia produtiva, como é o caso do biogás”, disse.

No caso de renováveis a partir de biomassa, o Brasil, apesar de ser um dos líderes do setor, ainda precisa enfrentar alguns gargalos que, se não forem solucionados, podem afetar outras produções como a do biogás. O etanol brasileiro, por exemplo, foi alvo de recente crise, que, segundo especialistas, foi resultada por falhas de planejamento. O número de carros flex produzidos no país foi superior ao estimado e os produtores ainda enfrentaram problemas climáticos que afetaram as safras de cana-de-açucar. O Brasil que exportava passou a necessidade de importar o produto.

Cenários de mudanças não ajudam o equilíbrio da matriz energética

Fonte: Carolina Gonçalves/ Agência Brasil

Apesar de ter conquistado uma matriz energética equilibrada entre fontes de energia renováveis e tradicionais, o governo brasileiro tem se empenhado para manter essa relação diante de um cenário projetado pelo aumento do consumo de energia. Além de garantir a manutenção de sistemas, como o de produção de energia eólica e solar, os pesquisadores buscam novas fontes que poderiam complementar essa oferta para atender a crescente demanda do setor.

A principal motivação do governo para manter esse equilíbrio de fontes na matriz energética é o cumprimento da meta de redução das emissões de gases de efeito estufa. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizada em Copenhague no ano passado, a COP15, o Brasil se comprometeu a reduzir essas emissões entre 36,1% a 38,9% até 2020, em relação ao que emitia em 1990. Entre os setores estratégicos da economia, a energia está sob a mira dos órgãos que se debruçam sobre o problema.

“O setor energético representa a segunda maior preocupação do governo no quesito das emissões de gases de efeito estufa, perdendo apenas para o desmatamento e agropecuária [apontados como os vilões responsáveis por 70% das emissões], explicou Ana Lúcia Doladela , diretora da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O setor energético, desde a produção até o consumo, responde por cerca de 23% dessas emissões. “Uma das formas de reduzir esse impacto é renovar nossa matriz e aumentar nossa eficiência energética”, acrescentou.

Uma das estratégias adotadas pelo Brasil é a aproximação com especialistas europeus. O interesse nas experiências do Velho Continente explica-se pelos esforços e investimentos em pesquisa e produção de fontes alternativas de energia. Ana Lúcia Doladela disse que os técnicos brasileiros têm absorvido conhecimentos e tecnologias européias e acredita que essa relação pode resultar em parcerias estratégicas para o desenvolvimento do setor, ainda em crescimento no Brasil.

“A energia eólica foi estabelecida de forma competitiva. Mas a fotovoltaica ainda é cara e precisa de incentivos para se estabelecer. O ministério têm acompanhado as pesquisas e o governo vem adotando medidas como o estímulo ao uso da fonte solar térmica para aquecimento de água”, disse. A diretora do MMA ainda acrescentou que o país também precisa amadurecer tecnologicamente nas pesquisas sobre energia a partir dos oceanos. “Temos três fontes que são as ondas, mares e correntes marítimas. Ainda precisamos muito investimento em tecnologia”, explicou.

Em relação às fontes renováveis a partir da biomassa, como o etanol e o biodiesel, o Brasil assumiu uma posição de liderança no cenário internacional. Como a tendência é de aumento do consumo de energia no país, pesquisadores brasileiros buscam novas fontes que poderiam complementar essa matriz.

Em Concórdia, Santa Catarina, experimentos com o biogás produzido a partir de resíduos de suínos mostraram, segundo técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o potencial do produto tanto para a geração de energia demandada pelas propriedades rurais quanto como fator de agregação de valor à cadeia produtiva.

“Os dados já mostram que o biogás pode se tornar um dos três grandes combustíveis do Brasil. O importante é termos mais fontes, promover o setor e o uso dos resíduos das cadeias produtivas, o que poderia agregar valor a essas produções e atender a demanda crescente por energia no país”, disse Manoel Teixeira Souza Júnior, chefe-geral da Embrapa Agroenergia.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Antártida: 15% das pesquisas não têm data para recomeçar


O incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), no início deste ano, não apenas destruiu a instalação brasileira e ceifou a vida de dois militares, mas também congelou importantes pesquisas científicas na região. Do Programa Antártico Brasileiro, 40% dos projetos foram afetados diretamente. Destes, até 15% não têm data para serem retomados.
As pesquisas desenvolvidas na estação apresentavam importância estratégica para o Brasil. “O Programa Antártico Brasileiro tem duas metas básicas, uma científica e outra política”, esclarece o diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e responsável pelo planejamento estratégico da parte científica do Programa Antártico Brasileiro, Jefferson Simões. “A científica é investigar o meio ambiente antártico e suas conexões com a América do Sul e especificamente com o Brasil. E a política, que busca garantir ao País o direito de participar na definição do futuro de 10% do planeta Terra”.
Segundo Simões, os projetos mais prejudicados pelo incêndio foram os da área de biociências, que se utiliza fartamente de coletas de materiais. Esses estudos envolvem desde questões de fisiologia animal, impacto de variações ambientais em algumas espécies e estudos de impacto ambiental da própria atividade na região da estação, na Baía do Almirantado.
Os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Paulo Machado e Erli Costa, por exemplo, tiveram seu estudo, sobre a relação entre a poluição e o nível de estresse de pinguins e skuas, reduzido pelo incêndio. Para a pesquisa, foram realizadas três coletas de penas, fezes e sangue. Com as chamas, perderam-se os dados da última sessão. Por sorte, as outras duas já haviam sido levadas para os navios, e atualmente encontram-se em análise.
Apesar do contratempo, a maioria dos projetos não foi interrompido. Muitos deles se desenvolvem atualmente em laboratórios em território nacional, nos dois navios brasileiros na Antártida e na Criosfera 1, o módulo inaugurado em janeiro e situado a 2,5 mil km ao sul da área onde se localizava a Comandante Ferraz. Dez a 15% dos estudos afetados, porém, não têm previsão de retomada. “Ainda estamos analisando como é que eles vão voltar”, lamenta Simões.
Embora a estação tenha sido completamente destruída, não houve perda total das pesquisas então em andamento, pois muitas das coletas de material já haviam sido transportadas para os navios. Além disso, os laboratórios de meteorologia, química e estudo da alta atmosfera não se localizavam dentro da estação e permaneceram intactos.
Um aluno do geocientista Heitor Evangelista realizava pesquisa sobre emissões atmosféricas em um desses módulos independentes. Ela teve de ser suspensa, contudo, pois a energia desses módulos vinha da estação e foi interrompida quando o fogo atingiu os geradores. Para o próximo verão, a Marinha planeja a instalação de um sistema emergencial para alimentar todos os módulos. Só então a pesquisa poderá ser restabelecida.
O incêndio – Em sua oitava expedição pelo continente gelado, como chefe da equipe de campo da Unisinos, o biólogo César Rodrigo dos Santos foi o primeiro a avistar o perigo. Eram 2h da madrugada do dia 25 de fevereiro. Enquanto alguns pesquisadores dormiam e outros confraternizavam na sala de estar da estação, o biólogo deixou a instalação para observar as estrelas. “O céu estava bonito, mas, logo que saí, vi aquele clarão e a fumaça”, relembra. O que Santos viu, no lugar do céu estrelado, era a fumaça das chamas advindas da Praça de Máquinas, onde ficavam os geradores de energia.
Apavorado, Santos correu de volta para avisar que a área dos geradores, em torno de 80 m distante da sala de estar, estava pegando fogo. Nesse momento, o incêndio atingia 4 m de altura e se alastrava pela Estação Comandante Ferraz. Os militares da Marinha, que integravam o Grupo-Base da EACF, já se agrupavam para combatê-lo.
As horas de luta para salvar o trabalho de centenas de pesquisadores e a estrutura que representava a ciência brasileira na Antártida terminaram de maneira trágica: a estação soçobrou em meio à neve, e dois militares, o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos, faleceram.
São imensas as perdas provocadas pelo incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz . Mas é difícil quantificá-las, lembra o pesquisador João Torres: “É impossível mensurar e comparar gerações de cientistas e seus esforços perdidos como sendo uma matemática fria. A dor é muito grande, e a perda de dois amigos não tem como medir. Ela persistirá em nossos corações e mentes por muito tempo. Talvez para sempre”.
A nova estação – Uma nova estação ainda é um sonho distante. No momento, a grande preocupação é a retirada dos escombros da área, que se localiza na ilha do Rei George, a 130 km da Península Antártica, na Baía do Almirantado.
Para a tarefa, o governo contratou, no dia 1º de junho, por R$ 2,3 milhões, uma empresa para limpar o local. A empreitada, no entanto, deve começar apenas em novembro deste ano e terminar em março de 2013. “No inverno, os navios não têm acesso à área onde estava a estação brasileira, pois o mar congela”, explica o biólogo Rogério Santos. (Fonte: Portal Terra)
A dificuldade de acesso é um dos principais entraves para o início da construção da nova estação. Os trabalhos devem ter início apenas no verão, e a estimativa é que transcorram cinco anos até que ela atinja pleno funcionamento. “Terá uma configuração diferenciada, mais voltada para a ciência”, adianta o coordenador científico do Programa Antártico Brasileiro, Jefferson Simões. Até lá, muitos pesquisadores terão que conduzir seus estudos no Brasil.
Sem estação, as atividades programadas para o final do ano levam em conta as novas limitações. Haverá pesquisa em acampamentos e no módulo da Criosfera 1, mas a prioridade será a investigação oceanográfica, realizada nos navios. “A tendência é de que 20% dos projetos não tenham saídas de campo”, afirma Simões.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Governo lança hoje programa para melhorar mobilidade em 75 cidades de médio porte


Por: Redação TN  / Renata Giraldi, Agência Brasil

A presidenta Dilma Rousseff lança hoje (19/7), no Palácio do Planalto, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Médias Cidades, na presença de ministros e outras autoridades. Serão liberados R$ 7 bilhões, por meio de financiamento público, para atender a 75 municípios, que tenham de 250 mil a 700 mil habitantes.

De acordo com dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as 75 cidades estão distribuídas em 18 estados brasileiros, e 51% ficam em regiões metropolitanas. Serão beneficiadas cidades como Joinville, em Santa Catarina, Uberaba e Juiz de Fora, em Minas Gerais, Ribeirão Preto e Sorocaba, em São Paulo, Niterói e Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, e Olinda e Caruaru, em Pernambuco.

Cada município pode apresentar até duas propostas. A inscrição deverá ser feita em formulário eletrônico, disponível na página do Ministério das Cidades na internet, a partir do dia 23 de julho até 31 de agosto. Haverá uma pré-seleção no período de 3 de setembro a 1º de outubro, para o enquadramento das propostas, além de reuniões presenciais para entrevistas e análise final até o dia 29 de novembro. As cidades selecionadas serão divulgadas no dia 30 de novembro.

Para participar do processo seletivo a fim de obter o financiamento público, os responsáveis pelos municípios interessados deverão  elaborar o projeto executivo para obras como construções de estações e linhas de metrô, aquisição de veículo leve sobre trilho (VLT) e construção de corredores de ônibus.

Há dois meses, Dilma anunciou a seleção de 51 municípios com mais de 700 mil habitantes, que receberão R$ 32 milhões em recursos do PAC Mobilidade Grandes Cidade. O programa financia projetos de metrô, VLT e corredores de ônibus. Do valor total, R$ 22 bilhões são do governo federal.

O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, a ministra do Planejamento Miriam Belchior, o secretário nacional de Mobilidade Urbana, Júlio Eduardo dos Santos, e a diretora do Departamento de Mobilidade Urbana, Luiza Gomide, também participarão da cerimônia de lançamento do programa, no Planalto.