domingo, 24 de junho de 2012

BG e Coppe anunciam projeto de monitoramento oceânico da Bacia de Santos


Por: Maria Fernanda Romero, Redação TN

A petroleira BG anunciou ontem (21/6) com a Coppe/ UFRJ o projeto Azul, um sistema inédito de monitoramento oceânico da Bacia de Santos. As informações obtidas contribuirão para a segurança e eficiência de operação da empresa e para o melhor conhecimento e preservação do meio ambiente pelo país.O programa, com duração de três anos, prevê um investimento de 20 milhões de reais da BG Brasil. O projeto Azul vai coletar, durante três anos, informações sobre a dinâmica das correntes oceânicas, temperatura, salinidade, PH, oxigênio dissolvido, clorofila, cor e matéria orgânica, entre outros parâmetros,que serão reunidos e analisados pelo LAMCE/Coppe.

Segundo o diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, Segen Estefen, o monitoramento será feito com ajuda de robôs mergulhadores (seaglider), derivadores (boias acopladas com medidores), perfiladores (obtêm, dentre outros parâmetros, o perfil das correntes principalmente em águas profundas) e imagens de satélite. "Esta é a primeira vez que as correntes oceânicas e os parâmetros da oceanografia química da região são estudados até a profundidade de dois mil metros", afirma. A iniciativa poderá ser integrada a outros sistemas já existentes na Europa e nos Estados Unidos.

Estefen destacou ainda a importância do projeto em relação à proteção dos oceanos. “Apesar das dificuldades de se chegar a um acordo sobre o tema no documento desta conferência, os oceanos necessitam de todo o suporte, especialmente dos cientistas, das empresas e dos governos. A saúde dos oceanos vai refletir na saúde do planeta”, enfatizou.

De acordo com o presidente da BG Brasil, Nelson Silva, este o projeto Azul é o maior investimento em pesquisa da companhia no país. Segundo ele, a empresa pretende investir muito mais na área de petróleo e gás, tornando-se a segunda maior operadora de petróleo do país até 2020.

“O conhecimento das características marítimas da Bacia de Santos é de extrema importância para as atividades do setor de óleo e gás. O projeto Azul também irá contribuir para a capacitação de profissionais de Oceanografia Operacional, colaborando para o desenvolvimento da Ciência e da inovação no Brasil”, destacou.

Segundo o professor Luiz Landau, do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (LAMCE) da Coppe, coordenador do projeto, a proposta é montar um grande organizador de informações, utilizando o supercomputador da Coppe, cujos dados serão enviados para o INPE. “Teremos no final um modelo vivo da região. Com todas as informações, vamos conhecer melhor o oceano, podendo estar dentro da água sem se molhar”, comentou Landau.

O Projeto Azul será útil no gerenciamento de vazamentos de óleo, pois ao se conhecer previamente o padrão das correntes é possível rastrear manchas de óleo no mar, apontando a direção do deslocamento, para que se atue de forma rápida e eficaz para contenção e dispersão do óleo, minimizando impactos. A iniciativa também inova ao disponibilizar as informações em tempo real para universidades e centros de pesquisa.

Por meio do Centro Global de Tecnologia do BG Group, a BG Brasil irá monitorar o desenvolvimento do sistema junto à Coppe. Os robôs mergulhadores e demais equipamentos estão sendo importados dos Estados Unidos e serão lançados ao mar no segundo semestre pela empresa de oceanografia Prooceano que atuará no manejo dos equipamentos e na coleta de dados. Os dados de satélite serão fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Tanto a Prooceano quanto o INPE também são parceiros do consórcio.

Instituto Nacional de Oceonografia e Ciências do Mar

Na mesma ocasião, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, anunciou que em breve será criado o Instituto Nacional de Oceonografia e Ciências do Mar, que trabalhará em conjunto com iniciativas como a do Projeto Azul. "O Brasil precisa conhecer melhor o litoral. Somos um país oceânico e entender o Atlântico é fundamental para protegê-lo”, disse.

Impacto ambiental custa R$40 milhões a Angra


Fonte: Valor Econômico
Data: 22/06/2012 12:10
O Ibama acaba de fechar a última etapa das exigências ambientais atreladas ao licenciamento de Angra 3, único empreendimento de geração nuclear em construção no país. Pelas contas do instituto, a Eletronuclear, responsável pela construção da usina, terá que desembolsar R$ 40 milhões em compensações ambientais como forma de mitigar os impactos causados pelo empreendimento.
 

O preço da compensação ambiental de Angra 3 estipulado pelo Ibama atingiu o pico do permitido por lei. Pelas regras ambientais, a cobrança só pode chegar a, no máximo, 0,5% do preço da obra. Como o custo total para erguer Angra 3 foi estimado em R$ 8 bilhões, a fatura ambiental ficou em R$ 40 milhões. Esse repasse, no entanto, deverá aumentar, uma vez que já se admite que a usina deverá consumir R$ 10,4 bilhões em investimentos.
 

Essa compensação ambiental será aplicada em reservas florestais. A Eletronuclear havia indicado quatro unidades de conservação ao Ibama, mas os técnicos do instituto decidiram estender os recursos para dez unidades espalhadas entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
 

A compensação ambiental não tem nenhuma relação com as condicionantes que foram impostas pelo Ibama nas fases de licenciamento ambiental de Angra 3. Em 2008, o instituto apresentou 60 ações condicionantes para liberar a licença prévia da usina. Em 2009, quando saiu a licença de instalação, foram apresentadas mais 46 condicionantes socioambientais.
 
 
Segundo Ronaldo Oliveira, superintendente de licenciamento e meio ambiente da Eletronuclear, mais da metade dessas ações indenizatórias já foi entregue, mas ainda há muito projetos em andamento. Parte deles, em atraso. A Eletronuclear estima que, entre as licenças prévia e de instalação, fará um desembolso total de R$ 350 milhões para atender as ações.
 

A expectativa do governo é iniciar as operações de Angra 3 até dezembro de 2015, embora haja dúvidas de que esse prazo será cumprido. "Estamos trabalhando com essa data. Vamos concluir todas as condicionantes até agosto de 2015, para então fazer o pedido da licença de operação da usina", diz Oliveira.
 

Angra 3 deverá entrar para a história como a usina que mais demorou para ser construída em todo o mundo, comenta Aquilino Senra, vice-diretor da Coppe, pós-graduação de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Estudada desde a década de 1970, as obras civis da usina foram iniciadas pela empreiteira Andrade Gutierrez em junho de 1983, portanto, há 29 anos. A construção se estendeu até abril de 1986, quando foi paralisada. Assim ficaria pelos 23 anos seguintes, com uma equipe mínima para a manutenção e preservação das instalações já feitas.
 

Cerca de US$ 750 milhões foram desembolsados para aquisição de equipamentos, o que ocorreu durante a construção de Angra 2, na década de 80. "É realmente um absurdo histórico. A cada ano, gasta-se US$ 20 milhões para manter em condições de uso equipamentos que foram comprados há décadas", diz Senra.
 

Os recursos financeiros para concluir a usina estariam garantidos. Segundo o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, o BNDES vai financiar quase que a totalidade dos R$ 10,4 bilhões previstos para conclusão de Angra 3, cifra bem superior àquela estimada em 2009, quando se falava em cerca de R$ 7 bilhões.
 

O plano original contava com a injeção de € 1,2 bilhão em recursos que seriam obtidos com bancos estrangeiros, mas as condições do BNDES passaram a ser mais favoráveis, daí o interesse em ampliar os empréstimos com o banco público, diz Pinheiro. Até dezembro passado, já tinham sido liberados pelo banco R$ 342 milhões e outros R$ 594 milhões referentes à verba captada pelo fundo da Reserva Global de Reversão (RGR).
 

Com potência de 1.405 Megawatts (MW), Angra 3 terá capacidade de gerar energia suficiente para atender um terço do consumo do Estado do Rio de Janeiro. Hoje, as únicas usinas nucleares em atividade no país - Angra 1 e 2 - fornecem juntas 2 mil MW de energia, o que representa 1,8% da matriz energética brasileira.
 
 
A conclusão de Angra 3 coloca um ponto final em um capítulo da matriz energética do país que o governo não está mais disposto a retomar. No mês passado, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, deixou claro que o Brasil não deve ter novas usinas nucleares até 2021.
 
 
Antes do acidente de Fukushima, ano passado no Japão, o MME estava com tudo pronto para leiloar oito novas plantas nucleares pelo país, projetos que consumiriam R$ 30 bilhões em investimento. Atualmente, há 65 usinas nucleares em construção no mundo. Dessas, 26 serão erguidas na China e ficarão prontas até 2030.