segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Panorama Mundial de Energia dá destaque ao Brasil

Por: Fernanda B. Müller, do CarbonoBrasil

Apresentando as perspectivas das mais variadas fontes, regiões e setores energéticos até 2035, nova publicação sugere que, para lidar com o valor alto da energia, é preciso focar mais em eficiência energética. A Agência Internacional de Energia lançou o Panorama Mundial de Energia 2013 (World Energy Outlook, disponível para compra), apresentando o cenário central em que a demanda global por energia cresce em um terço até 2035.

Grande parte da demanda virá de países asiáticos (imagem abaixo) – especialmente do sudeste, como a Índia, que deve superar a China como principal fonte de crescimento na demanda por energia em 2020 –, mas também do Oriente Médio. Nos países da OCDE, a demanda deve se manter constante e em 2035 ser equivalente a menos da metade daquela dos países fora do bloco.
 
                                            AIE2 Panorama Mundial de Energia dá destaque para o Brasil

O Brasil é um dos destaques do relatório. Nosso país deve ser manter como possuidor de um dos setores de energia menos intensivos em carbono no mundo, apesar das perspectivas de um aumento de 80% no uso de energia até 2035 e de se tornar um dos principais produtores de petróleo. De acordo com a publicação, em 2035 a produção de petróleo no Brasil vai triplicar, chegando a seis milhões de barris por dia, o que corresponde a um terço do crescimento líquido previsto para a produção mundial de petróleo.

O país também deve quase duplicar a geração de energias renováveis, mantendo a fatia de 43% na matriz energética nacional, especialmente a partir das usinas hidrelétricas e eólicas.

“Grandes mudanças estão emergindo no mundo energético em resposta às alterações no crescimento econômico, nos esforços de descarbonização e nas inovações tecnológicas”, comentou Maria van der Hoeven, diretora executiva da AIE.

O relatório destaca as enormes diferenças entre o preço da energia em diferentes países, por exemplo, citando o gás natural, que custa um quinto do preço nos Estados Unidos em relação ao Japão, influenciando na competitividade industrial. Entre as opções para lidar com o valor alto da energia, a AIE ressalta a importância da eficiência energética: dois terços do potencial econômico destas medidas devem permanecer inexplorados em 2035, a menos que barreiras de mercado sejam removidas.

Uma delas é o subsídio perverso de US$ 544 bilhões em 2012 aos combustíveis fósseis, que incentiva o desperdício. A eficiência energética – fator preponderante do balanço energético mundial – é tratada da mesma forma que os combustíveis convencionais: as suas perspectivas e a sua contribuição são objeto de um capítulo específico. Além disso, a AIE ressalta que as ações para reduzir os impactos do valor da energia não significam a diminuição dos esforços para lidar com as mudanças climáticas.
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“As emissões de dióxido de carbono relacionadas à energia devem subir 20% até 2035 (imagem acima), colocando o mundo no caminho para um aumento de 3,6º C da temperatura média em longo prazo, muito acima da meta internacional de 2ºC”.

O relatório também enfatiza a necessidade de subsídios cuidadosamente elaborados para as energias renováveis – que totalizaram US$ 101 bilhões em 2012 –, expandindo para US$ 220 bilhões em 2035.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Especialistas prevêem elevação do nível do mar de até 1,2 metro até 2100

Data: 10/12/2013 09:49
Por: Redação TN / Instituto CarbonoBrasil

Um novo estudo publicado no periódico Quaternary Science Reviews sugere que as estimativas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para o aumento do nível do mar são, na verdade, conservadoras. Reunindo 90 especialistas dentre os cientistas mais ativos na publicação de artigos sobre o assunto, o estudo compilou as suas avaliações probabilísticas do aumento do nível do mar entre 2100 e 2300 sob dois cenários de temperatura.

Um deles, considerando a concretização de medidas para mitigação das mudanças climáticas, limita o aquecimento a dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e apresenta uma temperatura que retrai lentamente após 2050. O aumento no nível do mar nesta situação seria de entre 40 e 60 centímetros até 2100 e 60cm a um metro até 2300.

Já no cenário de alto aquecimento (4,5º C até 2100 e 8ºC até 2300), o mar poderia subir entre 70cm e 1,2 metro neste século e dois a três metros nos próximos três séculos. Isso colocaria em jogo a sobrevivência de algumas cidades costeiras e ilhas. O mais recente relatório do IPCC prevê que, em um cenário com alto nível de emissões, o nível do mar subiria entre 52 e 98 cm até 2100. Em um cenário com reduções fortes nas emissões de GEEs, o aumento seria de 28 a 61 cm. 

No ritmo em que as negociações internacionais para um novo acordo climático estão avançando, fica difícil de acreditar que a meta de aquecimento de dois graus Celsius seja alcançada, portanto, o cenário não parece muito promissor.

Grandes incertezas ainda cercam as projeções sobre o aumento do nível do mar devido às dúvidas sobre o aquecimento futuro e a uma compreensão incompleta dos processos complexos e mecanismos de feedback que causam a subida das águas.

Consequentemente, os modelos atuais produzem uma gama de estimativas até mesmo para cenários que consideram as mesmas temperaturas da atmosfera, explicam os pesquisadores, justificando a importância de um estudo reunir projeções variadas.