domingo, 26 de junho de 2011

Ranking de risco indica países mais expostos a catástrofes naturais

 Fonte: Folha.com
Pequenas, idílicas e desprotegidas: Vanatu e Tonga, ilhas localizadas no Pacífico, são também os dois países mais expostos ao risco de acidentes naturais trazido pelas mudanças do clima. O dado consta no novo Relatório de Risco Mundial, um índice criado pelo Instituto de Meio Ambiente e Segurança Humana da Universidade das Nações Unidas, apresentando em Bonn na quarta-feira (15).
O estudo analisou 173 países e considerou aspectos ambientais e humanos, como exposição a catástrofes naturais provocadas pelo clima e vulnerabilidade social. O índice também avaliou fatores econômicos, assim como aspectos governamentais, todos considerados decisivos para evitar que um evento natural, como terremoto ou enchente, se transforme numa catástrofe.
Segundo o ranking, as Filipinas são o terceiro país com risco mais elevado. Já a ilha de Malta e o Catar aparecem como locais menos expostos ao perigo. Numa escala de cinco níveis que vai de risco “muito elevado” (grau 5) a “muito baixo” (grau 1), a situação no Brasil é tida como de pouco perigo – grau 4. Já os demais países da América Latina foram classificados como nações que oferecem risco “muito elevado” ou “elevado”.
O ranking do Relatório de Risco Mundial foi feito com base numa combinação de diferentes itens avaliados. Primeiramente, considera-se o quão expostos estão os países a uma ameaça natural: terremotos, tornados, inundações, seca e elevação do nível do mar. No quesito vulnerabilidade, entram aspectos como infraestrutura oferecida pelo país, situação das moradias, alimentação, parcela de pobreza da população e ganho salarial.
A estrutura governamental, assim como o serviço médico, a organização social e o sistema de alerta contra catástrofes são itens considerados como capacidade de responder a um evento natural. Por último, a capacidade de adaptação leva em conta a dedicação à pesquisa, o nível de formação escolar dos países, proteção climática, estratégias e investimentos.
“Eventos naturais extremos não precisam se tornar, necessariamente, uma catástrofe. O risco não depende apenas da ameaça natural, mas os fatores sociais e econômicos são determinantes”, comenta Peter Mucke, diretor da associação Entwickung Hilft (Desenvolvimento Ajuda), organização que trabalhou na pesquisa.
Dois acontecimentos recentes ilustram bem a avaliação feita no relatório. O Japão, por exemplo, é um país bastante exposto a riscos de acidentes naturais numa comparação global – até mais que o Haiti. Abalado por um dos terremotos mais violentos da história, o país registrou 28 mil mortos, enquanto que, na ilha caribenha, o número de vítimas fatais chegou a 220 mil.
“Essa diferença na dimensão dos efeitos catastróficos de tais eventos naturais revelam os diferentes tipos de vulnerabilidade dos países, que é um importante item considerado no índice”, diz o relatório. No ranking, o risco no Haiti é considerado “muito elevado” e no Japão “alto”.
Posicionado como o 25º país mais expostos a riscos, o Chile sofreu com o abalo sísmico de fevereiro de 2010. Apesar da magnitude de 8,8 graus na escala Richter, o terremoto tirou a vida de 562 cidadãos. Segundo o Relatório, nesse caso, a administração federal teve um papel importante na reação rápida ao evento natural devido à eficiência do setor público e à política anticorrupção do governo, considerada boa.
Os autores do estudo afirmam que, desde os anos de 1960, as instituições governamentais chilenas se preocupam em melhorar o setor da construção civil. “As estruturas dos prédios mais estáveis, pelo menos nas novas construções, devem ter sido um motivo importante para que o número de mortos fosse pequeno”, conclui o texto. As tecnologias inovadoras contra catástrofes e a aplicação regular de treinamentos também são pontos ressaltados.

Reflorestar não resolverá problema do aquecimento, diz estudo

 Fonte: Portal Terra
Apesar de que as florestas são importantes sumidouros de carbono, os projetos de reflorestamento só terão um impacto limitado no aquecimento global, destacou um estudo publicado este domingo (19) na revista científica Nature Geoscience.
Vivek Arora, da Universidade de Victoria, no Canadá, e Alvaro Montenegro, da Universidade de St. Francis Xavier, também no Canadá, desenvolveram cinco modelos de reflorestamento durante 50 anos, de 2011 a 2060. Os cientistas examinaram seus efeitos no solo, na água e no ar se a temperatura da superfície terrestre aumentasse 3º C em 2100 com relação aos níveis pré-industriais de 1850.
O resultado demonstra que, mesmo se todas as terras cultivadas do mundo forem reflorestadas, isto só bastaria para reduzir o aquecimento global em 0,45º C no período 2081-2100. Isto se explica em particular porque precisa-se de décadas para que os bosques sejam suficientemente velhos para captar o CO2 que fica estancado durante séculos na atmosfera.
Um reflorestamento de 50% das terras cultivadas só limitaria a elevação da temperatura em 0,25º C. Evidentemente, nenhuma destas projeções é realista, uma vez que as terras cultivadas são essenciais para alimentar a população do planeta, onde em 2050 viverão 9 bilhões de pessoas.
Segundo os outros três modelos, reflorestar as regiões tropicais é três vezes mais eficaz para “evitar o aquecimento” do que fazê-lo em latitudes mais elevadas ou em regiões temperadas. Os bosques são mais escuros do que as terras cultivadas e, portanto, absorvem mais calor. Plantar florestas em um solo coberto de neve ou de cerais de cor clara diminui o denominado “efeito albedo”, que é a quantidade de luz solar refletida do solo para o espaço.
“O reflorestamento em si não é um problema, é positivo, mas nossas conclusões indicam que não é uma ferramenta para controlar a temperatura se gases de efeito estufa continuarem a ser emitidos como se faz atualmente”, disse Montenegro.
“O reflorestamento não pode substituir a redução de emissões de gases de efeito estufa”, concluiu o estudo. O desmatamento, sobretudo nas selvas tropicais, é causador de 10% a 20% das emissões de gases de efeito estufa do planeta.