domingo, 8 de julho de 2012

China concentrará crescimento mundial de energia renovável


Fonte: Portal iG
Placas de captação de energia solar na Europa: crescimento de energias verdes ao redor do mundo
A China, maior poluidor do mundo e voraz consumidor de carvão, concentrará o crescimento da produção de eletricidade com base em energia renovável nos próximos cinco anos, muito à frente de Estados Unidos, Índia e Alemanha, segundo um relatório mundial publicado nesta quinta-feira (5).
Quase 40% do crescimento mundial de eletricidade com base em energia renovável (hidroeletricidade, eólica, solar, entre outros) até 2017 estará na China, segundo um estudo publicado pela Agência Internacional de Energia (AIE).
Isto representa cinco vezes mais que a progressão esperada nos Estados Unidos, sete vezes mais que a da Índia, oito vezes mais que a da Alemanha e 18 vezes mais que a da França.
Dos 710 gigawatts (GW) de capacidade de produção elétrica renovável suplementar esperada até 2017, 270 gigawatts – ou seja, o equivalente a 170 dos reatores nucleares mais potentes – de represas, eólica e outros parques solares serão conectados na China. O país é seguido por Estados Unidos (56 GW), Índia (39 GW), Alemanha e Brasil (32 GW cada um).
A hidroeletricidade e a energia eólica em terra representam 90% da progressão chinesa, o resto é fotovoltaica.
“A China é o mercado de desenvolvimento central”, na frente da Europa, constata Didier Houssin, diretor da prospectiva de mercados de energia da AIE, “impulsionado principalmente pela explosão da demanda de eletricidade e das inquietações políticas sobre a segurança energética que impulsionam a diversificação das fontes”.
O mercado doméstico chinês está reforçado pela influência crescente dos industriais: no ano passado, sete dos 10 principais fabricantes mundiais de módulos fotovoltaicos eram chineses (Suntech, Yingli Green, Trina Solar, Canadian Solar, Hanwha Solar One, Jinko Solar e LDK Solar) e quatro no setor eólico (Goldwind, Sinovel, United Power e Mengyang), segundo o relatório da AIE.
Na Europa, por sua vez, o crescimento deve desacelerar em relação ao período anterior. Segundo a AIE, deve-se à desaceleração econômica na Europa.
O exemplo mais evidente é a Espanha, uma das pioneiras europeias da energia eólica, atingida pela austeridade que se traduz em uma moratória nos subsídios.
Entre 2013 e 2017, a capacidade de produção de eletricidade limpa espanhola deve progredir menos de 2 GW, uma potência que o país ultrapassava facilmente em apenas um ano até agora.
Na França, a capacidade elétrica com base em energias renováveis deve aumentar neste período de 15 GW para alcançar um total de 52 GW em 2017, produzida principalmente por energia eólica em terra e solar fotovoltaica, segundo a AIE.
Em nível mundial, a produção de eletricidade com base em energia renovável deve aumentar 5,8% a cada ano, para alcançar 6.377 terawatts-hora (TWh) em 2017, ou seja, quase 12 vezes a produção de eletricidade total francesa.
Sem contar a hidroeletricidade, o crescimento da produção de energia eólica ou solar registra uma progressão de 14%.
Quase marginal na Europa, a energia eólica no mar deve passar de 12 TWh em 2011 a 80 TWh em 2017. O principal foco de crescimento neste sistema é concentrado na China mais uma vez, na frente de Grã-Bretanha, Alemanha e França. 

Produção residencial de energia solar já é economicamente viável para 15% dos lares brasileiros


Fonte: Vitor Abdala/ Agência Brasil
Um estudo divulgado na terça-feira (3) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, mostra que a produção residencial de energia solar (a chamada geração distribuída) já é economicamente viável para 15% dos domicílios brasileiros. A produção de energia solar em grande escala (geração centralizada), no entanto, ainda é inviável, mesmo com incentivos governamentais.
De acordo com a pesquisa da EPE, o custo da geração nas residências brasileiras, a partir de um equipamento de pequena potência, é R$ 602 por megawatt-hora (MWh), mais barato do que a energia vendida por dez das mais de 60 distribuidoras de energia, como a da Ampla, responsável pelo abastecimento de municípios do Grande Rio e interior fluminense.
O cálculo é feito com base no custo médio de instalação de um painel com a menor potência, R$ 38 mil. Graças a novas resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), publicadas neste ano, os consumidores que instalem painéis solares em suas casas ou condomínios podem não apenas reduzir a quantidade de energia comprada das distribuidoras, como também vender o excedente da energia produzida para essas empresas.
Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, esse mercado potencial pode crescer bastante se forem concedidos incentivos como o financiamento à compra dos painéis e conversores fotovoltaicos (equipamentos que transformam a luz do sol em energia elétrica), a isenção fiscal para a produção desses equipamentos no país e a redução do Imposto de Renda para os consumidores.
Caso o governo esteja disposto a criar os três tipos de incentivos, ao mesmo tempo, a energia solar pode se tornar competitiva para 98% dos consumidores residenciais brasileiros. “Hoje a geração distribuída já é mais ou menos interessante em alguns lugares. Agora, para ampliar, seria necessário ter incentivos ou esperar o preço [do equipamento] cair”, disse Tolmasquim.
Por outro lado, o estudo mostra que a geração centralizada, isto é, produzida em larga escala por usinas comerciais, ainda não é viável economicamente. Hoje, o custo de produção da energia solar gira em torno de R$ 405 por MWh, enquanto a média do preço de outras fontes de energia, nos últimos leilões do governo, foi R$ 150 por MWh.
Mesmo com incentivos, como a redução de impostos, que barateiem em 28% o preço da energia, a solar não seria viável, porque ainda custaria o dobro da média cobrada nos leilões de venda de energia.
Segundo Tolmasquim, o país tem as opções de esperar o custo da energia solar diminuir para colocá-la em leilões ou de criar um leilão específico para que não haja disputa com outras fontes mais baratas, como a eólica.
Tolmasquim explicou que a criação de um leilão específico é uma opção para criar um mercado e desenvolver tecnologicamente o país, a fim de acelerar a redução do custo. “Mas teria que ser vendida uma quantidade pequena [de energia] para não onerar o consumidor.”
Há ainda a opção de abrir a possibilidade para que empreendimentos de geração de energia solar disputem o leilão de energia com outras fontes. A expectativa da Agência Internacional de Energia é que a solar esteja competitiva com outras fontes no mundo a partir de 2020.
Tolmasquim disse, no entanto, que não é possível saber quando a energia solar será competitiva para produção em larga escala no Brasil. Há hoje no país apenas oito empreendimentos, que produzem apenas 1,5 megawatt (MW) de um total de 118 mil MW do Brasil.