segunda-feira, 30 de julho de 2012

Expansão do biogás só depende de estímulos do governo

Fonte: Carolina Gonçalves/ Agência Brasil 

A inclusão de um novo biocombustível no topo da matriz energética renovável brasileira está dependendo, segundo pesquisadores, de uma sinalização clara do governo para estimular novos estudos e a produção, em escala, do biogás no país. As pesquisas já apontam que o combustível tem potencial para dividir espaço, em grau de importância estratégica para o setor, com o etanol e o biodiesel.

A despeito do otimismo em relação ao potencial do biogás, as pequisas brasileiras ainda seguem em um um ritmo lento, principalmente quando comparadas a cenários como o da Alemanha, que reconhece como estratégico o combustível produzido a partir de resíduos e composto por metano e dióxido de carbono. Apesar da confirmada capacidade do biogás em atender tanto à demanda por energia elétrica quanto à por térmica ou mecânica, em larga escala, as iniciativas brasileiras que poderiam garantir essa produção ainda são tímidas.

Algumas empresas produzem o biogás a partir da decomposição da matéria orgânica de aterros sanitários. No Aterro Sanitário de Gramacho, fechado, recentemente, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por exemplo, está sendo construída uma usina de biogás que será produzido a partir do lixo e utilizado pela comunidade local, substituindo o gás natural.

Esta semana, foi criado o Centro de Estudos do Biogás, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu, no Paraná, com a promessa de gerar informações e dados científicos sobre toda a cadeia de suprimentos do biogás.Ainda no sul do país, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem estudando a produção do combustível a partir de dejetos de suínos.

O biogás é visto como componente importante para manter a participação das fontes de energia renováveis na matriz energética do país, diante da expectativa de aumento de demanda por energia. Atualmente, as energias renováveis, tanto a partir de biomassa [etanol, biodiesel e biogás], quanto eólica e solar, respondem por quase a metade das fontes da matriz energética brasileira.

“É preciso que o governo sinalize com uma proposta para este setor, como fez com o biodiesel e com o etanol, desde a regulamentação até a criação de incentivos”, defende Manoel Teixeira Souza Júnior, chefe-geral da Embrapa Agroenergia. Segundo ele, a expectativa não é a de ampliar a participação das energias renováveis, mas, ao menos, manter a relação entre renováveis e não renováveis com o esperado aumento do consumo energético do país.

“Estamos mantendo o foco na biomassa, tanto na desconstrução para produção de energia principalmente de biocombustíveis, como para obtenção de químicos a partir de produtos naturais (plantas) que podem agregar valor à cadeia produtiva, como é o caso do biogás”, disse.

No caso de renováveis a partir de biomassa, o Brasil, apesar de ser um dos líderes do setor, ainda precisa enfrentar alguns gargalos que, se não forem solucionados, podem afetar outras produções como a do biogás. O etanol brasileiro, por exemplo, foi alvo de recente crise, que, segundo especialistas, foi resultada por falhas de planejamento. O número de carros flex produzidos no país foi superior ao estimado e os produtores ainda enfrentaram problemas climáticos que afetaram as safras de cana-de-açucar. O Brasil que exportava passou a necessidade de importar o produto.

Cenários de mudanças não ajudam o equilíbrio da matriz energética

Fonte: Carolina Gonçalves/ Agência Brasil

Apesar de ter conquistado uma matriz energética equilibrada entre fontes de energia renováveis e tradicionais, o governo brasileiro tem se empenhado para manter essa relação diante de um cenário projetado pelo aumento do consumo de energia. Além de garantir a manutenção de sistemas, como o de produção de energia eólica e solar, os pesquisadores buscam novas fontes que poderiam complementar essa oferta para atender a crescente demanda do setor.

A principal motivação do governo para manter esse equilíbrio de fontes na matriz energética é o cumprimento da meta de redução das emissões de gases de efeito estufa. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizada em Copenhague no ano passado, a COP15, o Brasil se comprometeu a reduzir essas emissões entre 36,1% a 38,9% até 2020, em relação ao que emitia em 1990. Entre os setores estratégicos da economia, a energia está sob a mira dos órgãos que se debruçam sobre o problema.

“O setor energético representa a segunda maior preocupação do governo no quesito das emissões de gases de efeito estufa, perdendo apenas para o desmatamento e agropecuária [apontados como os vilões responsáveis por 70% das emissões], explicou Ana Lúcia Doladela , diretora da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O setor energético, desde a produção até o consumo, responde por cerca de 23% dessas emissões. “Uma das formas de reduzir esse impacto é renovar nossa matriz e aumentar nossa eficiência energética”, acrescentou.

Uma das estratégias adotadas pelo Brasil é a aproximação com especialistas europeus. O interesse nas experiências do Velho Continente explica-se pelos esforços e investimentos em pesquisa e produção de fontes alternativas de energia. Ana Lúcia Doladela disse que os técnicos brasileiros têm absorvido conhecimentos e tecnologias européias e acredita que essa relação pode resultar em parcerias estratégicas para o desenvolvimento do setor, ainda em crescimento no Brasil.

“A energia eólica foi estabelecida de forma competitiva. Mas a fotovoltaica ainda é cara e precisa de incentivos para se estabelecer. O ministério têm acompanhado as pesquisas e o governo vem adotando medidas como o estímulo ao uso da fonte solar térmica para aquecimento de água”, disse. A diretora do MMA ainda acrescentou que o país também precisa amadurecer tecnologicamente nas pesquisas sobre energia a partir dos oceanos. “Temos três fontes que são as ondas, mares e correntes marítimas. Ainda precisamos muito investimento em tecnologia”, explicou.

Em relação às fontes renováveis a partir da biomassa, como o etanol e o biodiesel, o Brasil assumiu uma posição de liderança no cenário internacional. Como a tendência é de aumento do consumo de energia no país, pesquisadores brasileiros buscam novas fontes que poderiam complementar essa matriz.

Em Concórdia, Santa Catarina, experimentos com o biogás produzido a partir de resíduos de suínos mostraram, segundo técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o potencial do produto tanto para a geração de energia demandada pelas propriedades rurais quanto como fator de agregação de valor à cadeia produtiva.

“Os dados já mostram que o biogás pode se tornar um dos três grandes combustíveis do Brasil. O importante é termos mais fontes, promover o setor e o uso dos resíduos das cadeias produtivas, o que poderia agregar valor a essas produções e atender a demanda crescente por energia no país”, disse Manoel Teixeira Souza Júnior, chefe-geral da Embrapa Agroenergia.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Antártida: 15% das pesquisas não têm data para recomeçar


O incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), no início deste ano, não apenas destruiu a instalação brasileira e ceifou a vida de dois militares, mas também congelou importantes pesquisas científicas na região. Do Programa Antártico Brasileiro, 40% dos projetos foram afetados diretamente. Destes, até 15% não têm data para serem retomados.
As pesquisas desenvolvidas na estação apresentavam importância estratégica para o Brasil. “O Programa Antártico Brasileiro tem duas metas básicas, uma científica e outra política”, esclarece o diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e responsável pelo planejamento estratégico da parte científica do Programa Antártico Brasileiro, Jefferson Simões. “A científica é investigar o meio ambiente antártico e suas conexões com a América do Sul e especificamente com o Brasil. E a política, que busca garantir ao País o direito de participar na definição do futuro de 10% do planeta Terra”.
Segundo Simões, os projetos mais prejudicados pelo incêndio foram os da área de biociências, que se utiliza fartamente de coletas de materiais. Esses estudos envolvem desde questões de fisiologia animal, impacto de variações ambientais em algumas espécies e estudos de impacto ambiental da própria atividade na região da estação, na Baía do Almirantado.
Os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Paulo Machado e Erli Costa, por exemplo, tiveram seu estudo, sobre a relação entre a poluição e o nível de estresse de pinguins e skuas, reduzido pelo incêndio. Para a pesquisa, foram realizadas três coletas de penas, fezes e sangue. Com as chamas, perderam-se os dados da última sessão. Por sorte, as outras duas já haviam sido levadas para os navios, e atualmente encontram-se em análise.
Apesar do contratempo, a maioria dos projetos não foi interrompido. Muitos deles se desenvolvem atualmente em laboratórios em território nacional, nos dois navios brasileiros na Antártida e na Criosfera 1, o módulo inaugurado em janeiro e situado a 2,5 mil km ao sul da área onde se localizava a Comandante Ferraz. Dez a 15% dos estudos afetados, porém, não têm previsão de retomada. “Ainda estamos analisando como é que eles vão voltar”, lamenta Simões.
Embora a estação tenha sido completamente destruída, não houve perda total das pesquisas então em andamento, pois muitas das coletas de material já haviam sido transportadas para os navios. Além disso, os laboratórios de meteorologia, química e estudo da alta atmosfera não se localizavam dentro da estação e permaneceram intactos.
Um aluno do geocientista Heitor Evangelista realizava pesquisa sobre emissões atmosféricas em um desses módulos independentes. Ela teve de ser suspensa, contudo, pois a energia desses módulos vinha da estação e foi interrompida quando o fogo atingiu os geradores. Para o próximo verão, a Marinha planeja a instalação de um sistema emergencial para alimentar todos os módulos. Só então a pesquisa poderá ser restabelecida.
O incêndio – Em sua oitava expedição pelo continente gelado, como chefe da equipe de campo da Unisinos, o biólogo César Rodrigo dos Santos foi o primeiro a avistar o perigo. Eram 2h da madrugada do dia 25 de fevereiro. Enquanto alguns pesquisadores dormiam e outros confraternizavam na sala de estar da estação, o biólogo deixou a instalação para observar as estrelas. “O céu estava bonito, mas, logo que saí, vi aquele clarão e a fumaça”, relembra. O que Santos viu, no lugar do céu estrelado, era a fumaça das chamas advindas da Praça de Máquinas, onde ficavam os geradores de energia.
Apavorado, Santos correu de volta para avisar que a área dos geradores, em torno de 80 m distante da sala de estar, estava pegando fogo. Nesse momento, o incêndio atingia 4 m de altura e se alastrava pela Estação Comandante Ferraz. Os militares da Marinha, que integravam o Grupo-Base da EACF, já se agrupavam para combatê-lo.
As horas de luta para salvar o trabalho de centenas de pesquisadores e a estrutura que representava a ciência brasileira na Antártida terminaram de maneira trágica: a estação soçobrou em meio à neve, e dois militares, o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos, faleceram.
São imensas as perdas provocadas pelo incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz . Mas é difícil quantificá-las, lembra o pesquisador João Torres: “É impossível mensurar e comparar gerações de cientistas e seus esforços perdidos como sendo uma matemática fria. A dor é muito grande, e a perda de dois amigos não tem como medir. Ela persistirá em nossos corações e mentes por muito tempo. Talvez para sempre”.
A nova estação – Uma nova estação ainda é um sonho distante. No momento, a grande preocupação é a retirada dos escombros da área, que se localiza na ilha do Rei George, a 130 km da Península Antártica, na Baía do Almirantado.
Para a tarefa, o governo contratou, no dia 1º de junho, por R$ 2,3 milhões, uma empresa para limpar o local. A empreitada, no entanto, deve começar apenas em novembro deste ano e terminar em março de 2013. “No inverno, os navios não têm acesso à área onde estava a estação brasileira, pois o mar congela”, explica o biólogo Rogério Santos. (Fonte: Portal Terra)
A dificuldade de acesso é um dos principais entraves para o início da construção da nova estação. Os trabalhos devem ter início apenas no verão, e a estimativa é que transcorram cinco anos até que ela atinja pleno funcionamento. “Terá uma configuração diferenciada, mais voltada para a ciência”, adianta o coordenador científico do Programa Antártico Brasileiro, Jefferson Simões. Até lá, muitos pesquisadores terão que conduzir seus estudos no Brasil.
Sem estação, as atividades programadas para o final do ano levam em conta as novas limitações. Haverá pesquisa em acampamentos e no módulo da Criosfera 1, mas a prioridade será a investigação oceanográfica, realizada nos navios. “A tendência é de que 20% dos projetos não tenham saídas de campo”, afirma Simões.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Governo lança hoje programa para melhorar mobilidade em 75 cidades de médio porte


Por: Redação TN  / Renata Giraldi, Agência Brasil

A presidenta Dilma Rousseff lança hoje (19/7), no Palácio do Planalto, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Médias Cidades, na presença de ministros e outras autoridades. Serão liberados R$ 7 bilhões, por meio de financiamento público, para atender a 75 municípios, que tenham de 250 mil a 700 mil habitantes.

De acordo com dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as 75 cidades estão distribuídas em 18 estados brasileiros, e 51% ficam em regiões metropolitanas. Serão beneficiadas cidades como Joinville, em Santa Catarina, Uberaba e Juiz de Fora, em Minas Gerais, Ribeirão Preto e Sorocaba, em São Paulo, Niterói e Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, e Olinda e Caruaru, em Pernambuco.

Cada município pode apresentar até duas propostas. A inscrição deverá ser feita em formulário eletrônico, disponível na página do Ministério das Cidades na internet, a partir do dia 23 de julho até 31 de agosto. Haverá uma pré-seleção no período de 3 de setembro a 1º de outubro, para o enquadramento das propostas, além de reuniões presenciais para entrevistas e análise final até o dia 29 de novembro. As cidades selecionadas serão divulgadas no dia 30 de novembro.

Para participar do processo seletivo a fim de obter o financiamento público, os responsáveis pelos municípios interessados deverão  elaborar o projeto executivo para obras como construções de estações e linhas de metrô, aquisição de veículo leve sobre trilho (VLT) e construção de corredores de ônibus.

Há dois meses, Dilma anunciou a seleção de 51 municípios com mais de 700 mil habitantes, que receberão R$ 32 milhões em recursos do PAC Mobilidade Grandes Cidade. O programa financia projetos de metrô, VLT e corredores de ônibus. Do valor total, R$ 22 bilhões são do governo federal.

O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, a ministra do Planejamento Miriam Belchior, o secretário nacional de Mobilidade Urbana, Júlio Eduardo dos Santos, e a diretora do Departamento de Mobilidade Urbana, Luiza Gomide, também participarão da cerimônia de lançamento do programa, no Planalto.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Governo inaugura maior complexo eólico da América Latina


Por: Redação TN / Tiago Décimo, Estadão

Apontado como o maior complexo de produção de energia eólica da América Latina, com 14 parques distribuídos pelos municípios de Caetité, Igaporã e Guanambi, no sudoeste da Bahia, o Alto Sertão I, da Renova Energia, foi inaugurado na manhã desta segunda-feira, com um evento em Caetité, a 757 quilômetros de Salvador. Com 184 aerogeradores, capazes de produzir 294,4 MW - segundo a empresa, volume suficiente para abastecer uma cidade com 540 mil residências -, o complexo consumiu R$ 1,2 bilhão, mas ainda não vai distribuir a energia gerada ao Sistema Integrado Nacional (SIN).

O problema está na instalação de 115 quilômetros da rede de transmissão no trecho entre os municípios de Igaporã e Bom Jesus da Lapa, a cargo da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), que não foi concluída. De acordo com informações da estatal, os trâmites para o licenciamento ambiental para a instalação da rede atrasaram a execução das obras, que foram liberadas no fim de abril. A expectativa é que a rede esteja funcionando apenas no ano que vem.

O atraso deve refletir em prejuízo para o governo federal, que se comprometeu, no contrato assinado no Leilão de Energias Renováveis de 2009, a pagar por uma parcela da energia gerada dentro do cronograma estabelecido - que está sendo cumprido pela Renova. A conta aos cofres públicos deve ultrapassar R$ 15 milhões mensais.

Apesar do contratempo, o governo baiano está confiante na consolidação do Estado como pólo de produção de energia eólica no País. Segundo dados da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração , a Bahia tem previsão de instalação de 57 projetos de energia eólica, com investimento total de R$ 6,5 bilhões, que vão acrescentar 1.418 MW à rede elétrica. Em janeiro, o Estado licenciou outros 133 projetos para implantação de complexos eólicos, que somam mais cerca de 3.200 MW de potência à rede.

Nordeste terá 1ª indústria do Brasil de combustível feito com algas marinhas


O estado de Pernambuco, no Nordeste, deve receber a partir do último trimestre de 2013 a primeira planta industrial de biocombustível produzido com algas marinhas, que promete contribuir na redução do envio de CO2 à atmosfera.
O projeto, uma parceria entre o grupo brasileiro JB, produtor de etanol no Nordeste, e a empresa See Algae Technology (SAT), da Áustria, contará com investimento de 8 milhões de euros (R$ 19,8 milhões) para montar em Vitória de Santo Antão – a 53 km de Recife – uma fazenda vertical de algas geneticamente modificadas e que vão crescer com a ajuda do sol e de emissões de dióxido de carbono (CO2)
Segunda a empresa, é a primeira vez no mundo que este tipo de combustível será fabricado e comercializado. Atualmente, a tecnologia só é desenvolvida para fins científicos. Laboratórios dos Estados Unidos e até mesmo do Brasil já pesquisam a respeito.
No caso da usina pernambucana, o biocombustível será produzido com a ajuda do carbono proveniente da produção de etanol, evitando que o gás poluente seja liberado na atmosfera e reduzindo os efeitos da mudança climática.
De acordo com Rafael Bianchini, diretor da SAT no Brasil, a unidade terá capacidade de produzir 1,2 milhão de litros de biodiesel ou 2,2, milhões de litros de etanol ao ano a partir de um hectare de algas plantadas.
O produto resultante poderá substituir, por exemplo, o biodiesel de soja, dendê, palma ou outros itens que podem ser utilizados na indústria alimentícia aplicado no diesel – atualmente 5% do combustível é biodiesel.
“É uma reciclagem [do CO2 emitido] e transformação em combustível. Um hectare de algas consome 5 mil toneladas de dióxido de carbono ao ano. O CO2, que é o vilão do clima, passa a ser matéria-prima valorizada”, explica Bianchini.
Mas como funciona? – Em vez de criações de algas expostas, a SAT planeja instalar módulos fechados com até cinco metros de altura que vão receber por meio de fibra óptica a luz do sol (capturada por placas solares instaladas no teto da usina). Além disso, há a injeção de CO2 resultante do processo de fabricação do etanol de cana.
De acordo com Carlos Beltrão, diretor-presidente do grupo JB, a previsão é que projeto comece a funcionar a partir de 2014 e seja replicado para outra unidade, instalada em Linhares, no Espírito Santo. “Hoje nossa missão é tentar trabalhar e chegar ao carbono zero. Nós produzimos CO2 suficiente para multiplicar esse investimento em dez vezes”, disse Beltrão.
O biocombustível de algas ainda precisa ser aprovado e validado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Bioquímicos – Além dos combustíveis, outros produtos resultantes do processamento de algas marinhas geneticamente modificadas são os bioquímicos como o ácido graxo ômega 3, utilizados pela indústria alimentícia e de cosméticos.
O ômega 3, que contribui para reduzir os níveis de colesterol no corpo humano e combate inflamações, é normalmente encontrado em óleos vegetais ou em peixes.
Com a extração desse ácido das algas processadas e comercialização com empresas brasileiras, Bianchini espera contribuir com a redução da pesca de espécies marinhas que já sofrem com o impacto das atividades predatórias. “Seria uma alternativa para reduzir a sobrepesca e também para não haver mais dependência somente do peixe”, disse.
 (Fonte: Globo Natureza)

domingo, 8 de julho de 2012

China concentrará crescimento mundial de energia renovável


Fonte: Portal iG
Placas de captação de energia solar na Europa: crescimento de energias verdes ao redor do mundo
A China, maior poluidor do mundo e voraz consumidor de carvão, concentrará o crescimento da produção de eletricidade com base em energia renovável nos próximos cinco anos, muito à frente de Estados Unidos, Índia e Alemanha, segundo um relatório mundial publicado nesta quinta-feira (5).
Quase 40% do crescimento mundial de eletricidade com base em energia renovável (hidroeletricidade, eólica, solar, entre outros) até 2017 estará na China, segundo um estudo publicado pela Agência Internacional de Energia (AIE).
Isto representa cinco vezes mais que a progressão esperada nos Estados Unidos, sete vezes mais que a da Índia, oito vezes mais que a da Alemanha e 18 vezes mais que a da França.
Dos 710 gigawatts (GW) de capacidade de produção elétrica renovável suplementar esperada até 2017, 270 gigawatts – ou seja, o equivalente a 170 dos reatores nucleares mais potentes – de represas, eólica e outros parques solares serão conectados na China. O país é seguido por Estados Unidos (56 GW), Índia (39 GW), Alemanha e Brasil (32 GW cada um).
A hidroeletricidade e a energia eólica em terra representam 90% da progressão chinesa, o resto é fotovoltaica.
“A China é o mercado de desenvolvimento central”, na frente da Europa, constata Didier Houssin, diretor da prospectiva de mercados de energia da AIE, “impulsionado principalmente pela explosão da demanda de eletricidade e das inquietações políticas sobre a segurança energética que impulsionam a diversificação das fontes”.
O mercado doméstico chinês está reforçado pela influência crescente dos industriais: no ano passado, sete dos 10 principais fabricantes mundiais de módulos fotovoltaicos eram chineses (Suntech, Yingli Green, Trina Solar, Canadian Solar, Hanwha Solar One, Jinko Solar e LDK Solar) e quatro no setor eólico (Goldwind, Sinovel, United Power e Mengyang), segundo o relatório da AIE.
Na Europa, por sua vez, o crescimento deve desacelerar em relação ao período anterior. Segundo a AIE, deve-se à desaceleração econômica na Europa.
O exemplo mais evidente é a Espanha, uma das pioneiras europeias da energia eólica, atingida pela austeridade que se traduz em uma moratória nos subsídios.
Entre 2013 e 2017, a capacidade de produção de eletricidade limpa espanhola deve progredir menos de 2 GW, uma potência que o país ultrapassava facilmente em apenas um ano até agora.
Na França, a capacidade elétrica com base em energias renováveis deve aumentar neste período de 15 GW para alcançar um total de 52 GW em 2017, produzida principalmente por energia eólica em terra e solar fotovoltaica, segundo a AIE.
Em nível mundial, a produção de eletricidade com base em energia renovável deve aumentar 5,8% a cada ano, para alcançar 6.377 terawatts-hora (TWh) em 2017, ou seja, quase 12 vezes a produção de eletricidade total francesa.
Sem contar a hidroeletricidade, o crescimento da produção de energia eólica ou solar registra uma progressão de 14%.
Quase marginal na Europa, a energia eólica no mar deve passar de 12 TWh em 2011 a 80 TWh em 2017. O principal foco de crescimento neste sistema é concentrado na China mais uma vez, na frente de Grã-Bretanha, Alemanha e França. 

Produção residencial de energia solar já é economicamente viável para 15% dos lares brasileiros


Fonte: Vitor Abdala/ Agência Brasil
Um estudo divulgado na terça-feira (3) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, mostra que a produção residencial de energia solar (a chamada geração distribuída) já é economicamente viável para 15% dos domicílios brasileiros. A produção de energia solar em grande escala (geração centralizada), no entanto, ainda é inviável, mesmo com incentivos governamentais.
De acordo com a pesquisa da EPE, o custo da geração nas residências brasileiras, a partir de um equipamento de pequena potência, é R$ 602 por megawatt-hora (MWh), mais barato do que a energia vendida por dez das mais de 60 distribuidoras de energia, como a da Ampla, responsável pelo abastecimento de municípios do Grande Rio e interior fluminense.
O cálculo é feito com base no custo médio de instalação de um painel com a menor potência, R$ 38 mil. Graças a novas resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), publicadas neste ano, os consumidores que instalem painéis solares em suas casas ou condomínios podem não apenas reduzir a quantidade de energia comprada das distribuidoras, como também vender o excedente da energia produzida para essas empresas.
Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, esse mercado potencial pode crescer bastante se forem concedidos incentivos como o financiamento à compra dos painéis e conversores fotovoltaicos (equipamentos que transformam a luz do sol em energia elétrica), a isenção fiscal para a produção desses equipamentos no país e a redução do Imposto de Renda para os consumidores.
Caso o governo esteja disposto a criar os três tipos de incentivos, ao mesmo tempo, a energia solar pode se tornar competitiva para 98% dos consumidores residenciais brasileiros. “Hoje a geração distribuída já é mais ou menos interessante em alguns lugares. Agora, para ampliar, seria necessário ter incentivos ou esperar o preço [do equipamento] cair”, disse Tolmasquim.
Por outro lado, o estudo mostra que a geração centralizada, isto é, produzida em larga escala por usinas comerciais, ainda não é viável economicamente. Hoje, o custo de produção da energia solar gira em torno de R$ 405 por MWh, enquanto a média do preço de outras fontes de energia, nos últimos leilões do governo, foi R$ 150 por MWh.
Mesmo com incentivos, como a redução de impostos, que barateiem em 28% o preço da energia, a solar não seria viável, porque ainda custaria o dobro da média cobrada nos leilões de venda de energia.
Segundo Tolmasquim, o país tem as opções de esperar o custo da energia solar diminuir para colocá-la em leilões ou de criar um leilão específico para que não haja disputa com outras fontes mais baratas, como a eólica.
Tolmasquim explicou que a criação de um leilão específico é uma opção para criar um mercado e desenvolver tecnologicamente o país, a fim de acelerar a redução do custo. “Mas teria que ser vendida uma quantidade pequena [de energia] para não onerar o consumidor.”
Há ainda a opção de abrir a possibilidade para que empreendimentos de geração de energia solar disputem o leilão de energia com outras fontes. A expectativa da Agência Internacional de Energia é que a solar esteja competitiva com outras fontes no mundo a partir de 2020.
Tolmasquim disse, no entanto, que não é possível saber quando a energia solar será competitiva para produção em larga escala no Brasil. Há hoje no país apenas oito empreendimentos, que produzem apenas 1,5 megawatt (MW) de um total de 118 mil MW do Brasil.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Biocombustíveis


Novas estratégias definem próximos passos


Por: Redação TN / IPT

Depois de voltarem ao uso da gasolina em seus veículos graças a uma crise de abastecimento de álcool no fim dos anos 80, os brasileiros se reaproximaram do etanol a partir de 2003, com o lançamento do sistema flex nos automóveis. A nova tecnologia dominou o cenário da indústria, alcançando em cinco anos o patamar de mais de 90% das unidades produzidas.

A sociedade demandou o veículo bicombustível, porque uma eficiente campanha mostrou que o usuário poderia fazer a escolha do combustível no momento do abastecimento em vez de ficar prisioneiro da escolha feita no momento de compra do veículo. A própria indústria automotiva era reticente em relação à tecnologia flex, que já estava pronta e aguardava uma oportunidade para se inserir no mercado. “A inovação nesse caso foi do marketing, que resgatou a credibilidade do álcool”, afirma Francisco Nigro, assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, pesquisador aposentado do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e também professor da Escola Politécnica da USP.

Mas nos últimos dois anos, a cadeia de bioetanol no Brasil adentrou uma crise por conta de fatores como o “congelamento” do preço da gasolina, a quebra de safra por efeitos climáticos, a alta do preço do açúcar no mercado externo, o que atrai o interesse de usineiros para a produção da commodity, e o forte crescimento da demanda proporcionado pelos veículos flex. Sem a referência histórica de preço – de 65% em relação à gasolina –, o etanol passou a oscilar ao ritmo dos fatores de mercado e produção, e o consumo voltou a apontar para a gasolina, que tem crescido à média de 17% ao ano.

“A visão estratégica global do papel reservado à energia renovável é fundamental”, diz Nigro. O que ele define como “visão estratégica” tem a ver com a necessidade de uma ruptura no comportamento que marcou a história do programa Proálcool no Brasil, já que quando o preço do petróleo caiu na segunda metade dos anos 80 e se manteve baixo até o final da década de 90, governos e empreendedores abandonaram suas posições, deixando o mercado retomar o combustível fóssil.

O mais incrível dessa crise atual é que no momento em que os Estados Unidos derrubam as barreiras à importação do etanol brasileiro – a medida está em vigor desde 1º de janeiro deste ano – o setor produtivo não tem o combustível para exportar e, além disso, o País passou a importar o produto para garantir o abastecimento do mercado interno. Essa conjuntura indica que o governo em algum momento deve se manifestar sobre a questão, com tendência a rever o papel do etanol na política energética do País.

Segundo o professor Nigro, para enfrentar o problema será preciso fomentar a tecnologia no setor produtivo. “Fazer a ponte entre a academia e a indústria é o principal desafio, é mais importante do que paper acadêmico, porque significa abastecer o desenvolvimento. É claro que essa aproximação tem melhorado, mas ainda é fraca. O Brasil publica paper, mas não tem patente”, afirma. Essa perspectiva também repercute entre autoridades do governo federal. Ao participar da Rio+20, o ministro Wagner Bittencourt, da Secretaria de Aviação Civil, disse que é preciso buscar sinergias entre empresas e pesquisadores para enfrentar a crise no setor.

A competitividade dos biocombustíveis frente aos derivados de petróleo enfrenta pelos menos dois fatores adversos. Um deles é o fato de o governo manter os preços da gasolina e do diesel estáveis para atenuar pressões inflacionárias – esse é certamente um instrumento de estabilidade econômica, mas seu efeito colateral é a dificuldade do etanol de se manter competitivo, pois está sujeito, por exemplo, à questão das intempéries que afetam os produtos agrícolas. O outro fator está nas imensas escalas produtivas da indústria do petróleo. “As ordens de grandeza são muito diferentes”, diz Nigro, lembrando que o consumo mundial de etanol fica na proporção de 5% a 6% do consumo de petróleo.

O melhor aproveitamento energético do bagaço e da palha de cana-de-açúcar está na perspectiva das novas tecnologias que devem aumentar a produtividade na indústria de biocombustíveis. Uma frente importante de desenvolvimento, e que poderá dobrar a produtividade das áreas plantadas, é o etanol de segunda geração. Nesse caso, o IPT vem trabalhando com uma equipe de 22 pesquisadores no projeto de R$ 80 milhões de uma planta de gaseificação de biomassa para produção em escala piloto. O projeto, que é um dos maiores da história do Instituto e conta com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), está consolidando a rota termoquímica de produção, que consiste na reação controlada com oxigênio, gerando uma mistura gasosa de monóxido de carbono e hidrogênio, o gás de síntese, que pode ser usado para gerar energia elétrica, biocombustíveis líquidos e biopolímeros.

A outra frente tecnológica de avanço das usinas é dada pela modernização de seus equipamentos, nos quais o bagaço e a palha são queimados para a geração de energia elétrica. Desde os anos 90, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) mantém a compra de energia excedente das usinas, o que tem estimulado a modernização de seus processos industriais com geradores acoplados a caldeiras, que estão ganhando mais capacidade. Das antigas caldeiras com pressões de 20 bar, a tecnologia chega hoje a níveis mais expressivos, com pressões de 80 bar e algumas usinas também contam com moendas elétricas, ganhando em produtividade. “Qualquer ação política do governo para acelerar esse processo de modernização é bem-vinda”, afirma o professor Nigro.

O ‘Brasil Maior’, programa do governo federal lançado em agosto de 2011 para estimular a atividade industrial no País, também está prospectando oportunidades de investimento na indústria sucroenergética, pesquisando os produtos que têm maior valor agregado e podem alavancar negócios nesse segmento. “A ideia é dar um empurrão nos produtos que vão estar no mercado daqui a quatro ou cinco anos”, afirma Nigro, que tem participado de reuniões com representantes do setor. Por meio do programa, está sendo gestado um termo de referência que dará subsídios a decisões estratégicas de financiamento junto ao BNDES.

História

No início de junho, o professor Nigro participou de um seminário no Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE), da Escola Politécnica, em que fez uma retrospectiva da atuação do IPT no desenvolvimento do programa Proálcool, desde os anos 70. Veja abaixo os momentos importantes dessa história, destacados pelo professor até o ano 2000:

1976/77 – Sob a direção de Alberto Pereira de Castro, o IPT estabelece um programa de energia para coordenar e incentivar projetos em suas divisões técnicas;

1978 – Fundação do laboratório de motores com o objetivo de substituição do óleo diesel por renováveis; desenvolvimento de projetos de conservação de energia na indústria, com financiamento do Ministério das Minas e Energia e da FINEP;

1978 – Parceria com a CESP voltada ao uso do metanol em motores a diesel, principalmente em locomotivas, para as quais foi desenvolvida a tecnologia de metanol injetado misturado com óleo de mamona e aditivo de ignição (18%);

1979 – Início da construção do prédio do laboratório de motores;

1979 – Projeto de construção de uma mini-usina de etanol, envolvendo o setor de química do IPT; área de metalurgia pesquisa a corrosão do etanol; a engenharia de sistemas da CESP pesquisa o potencial de biomassas no Estado;

1979-82 – Laboratório de motores dissemina a tecnologia de propulsores a álcool, ajudando as retíficas de motores nos procedimentos de conversão para álcool. Esse trabalho envolveu 103 empresas, 201 motores ensaiados e 81 homologados;

1980 – IPT desenvolve projeto para a Centrais Elétricas do Pará (Celpa) de adoção de etanol nebulizado no ar de admissão de motor a diesel para grupo gerador;

1980 – IPT acompanha para a EMTU/Emplasa operação de linha de ônibus da Viação Urubupungá com veículos da Mercedes-Benz a álcool aditivado;

1980-87 – Área de química desenvolve os seguintes projetos: desidratação de álcool etílico para produção de etileno; reforma com vapor de metanol para produção de hidrogênio; produção de catalisadores em escala piloto; e produção de álcool etílico por fermentação alcoólica contínua;

1981-83 – Projeto para a CESP adota metanol emulsificado em diesel – metanol com ‘ponto quente’;

1882 – Desenvolvimento de instrumentação para a câmara de combustão de motores;

1982-85 – Uso de metanol por dupla injeção em motores de locomotivas: solução complexa, mas mais eficiente que as demais para motores de grande cilindrada unitária (90% metanol, 10% diesel); desenvolvimento do sistema, adaptações na máquina e testes de desempenho e emissões em locomotiva GE U6C; manual de modificação das máquinas;

1986 – IPT desenvolve para a CESP o uso de misturas de etanol, metanol e gasolina em motores Otto a etanol; ensaios em dinamômetro e campo; resultados antecipam e servem de base para o estabelecimento de modelo que permitiu abastecer a frota a álcool por ocasião do desabastecimento de etanol (1989);

1997-98 – Com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), o IPT promove o uso de emulsões de etanol hidratado em óleo diesel em motores, realizando ensaios de desempenho, de emissões e testes de campo;

1998 – Parceria com a Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar) para o uso de misturas etanol anidro/diesel em motores: ensaios de desempenho e emissões em dinamômetro;

2000 – Seminário em abril sobre motores flexíveis no IPT antecipa e provoca o início da corrida pela tecnologia flexível: as montadoras e os usineiros se manifestam contra a tecnologia. Os sistemistas são favoráveis. O seminário conta com grande participação de representantes do governo do Estado e Federal; divulgação na mídia televisiva de modelos flexíveis sendo abastecidos começa a campanha para resgatar a credibilidade do etanol.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Biocombustíveis e efeitos sociais


Dois lados da mesma moeda

Data: 28/06/2012 11:36
Por: Redação TN / Daan Bauwens, IPS

Apesar das crescentes provas de que a produção de combustíveis orgânicos é responsável pela insegurança alimentar, o novo projeto da União Europeia (UE) sobre energias renováveis ignora as consequências sociais desta atividade agrícola. Vítimas guatemaltecas da crise alimentar foram a Bruxelas na terceira semana deste mês para conscientizar os dirigentes do bloco sobre este problema.

Para reduzir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, a UE decidiu, há três anos, aumentar o uso de biocombustíveis no transporte. Na diretriz de 2009 sobre energias renováveis, foi fixado o objetivo obrigatório de elevar para 10% a proporção de agrocombustíveis no transporte até 2020. Contudo, mesmo antes da aprovação desse documento, organizações não governamentais de diferentes partes do mundo já haviam assinalado vários dos problemas associados aos combustíveis orgânicos.

A organização britânica ActionAid calculou que, para cumprir o objetivo fixado pela UE, seria preciso converter 69 mil quilômetros quadrados de ecossistemas naturais em terras de cultivo, uma área maior do que a da Bélgica e da Holanda juntas. Além  disso, a conversão de florestas, pradarias e turbas em terras para produzir biocombustíveis levará à liberação na atmosfera de 56 milhões de toneladas a mais de dióxido de carbono ao ano, equivalente a entre 12 milhões e 26 milhões de automóveis a mais até 2020. A organização estima que a quantidade de bicombustíveis extras no mercado da UE será entre 81% e 167% pior para o clima do que os combustíveis fósseis. As ONGs também preveem que o aumento no uso de combustíveis previsto pela UE pressionará para cima os preços da canola, do milho e do açúcar.

Um estudo do Instituto Internacional Austríaco de Análises de Sistemas Aplicados (IIASA), aponta que o objetivo de 10% coloca mais 140 milhões de pessoas em risco de sofrer fome, especialmente os pobres que vivem nas cidades, os agricultores de subsistência e as pessoas sem terra dos países em desenvolvimento. A International Land Coalition, com sede em Roma, disse que a demanda de biocombustíveis é responsável por mais de 50% da concentração de terras no mundo.

No começo deste mês, a Comissão Europeia divulgou sua comunicação para depois de 2020 sobre energias renováveis. Apesar da campanha incessante de várias ONGs para eliminar o objetivo, a nova comunicação silencia sobre as consequências dos biocombustíveis sobre a segurança alimentar nas nações em desenvolvimento, o que deixa aberta a possibilidade de um objetivo semelhante para 2030.

“A Comissão Europeia (órgão executivo da UE) pretende decidir sobre a política para 2030 sem considerar primeiro os impactos da política para 2020”, disse à IPS o especialista da Oxfam em biocombustíveis do bloco, Marc-Olivier Herman. “A nova comunicação especifica critérios concretos para medir o impacto ambiental, mas nada fala sobre as consequências sociais dos biocombustíveis. A palavra ‘alimento’ nem mesmo é mencionada no documento, quanto mais segurança alimentar”, apontou.

Segundo Herman, a Comissão avança muito rapidamente para instâncias do setor industrial. Os “investidores em biocombustíveis querem segurança”, alertou. “Desde que foi fixado o primeiro objetivo em 2009, a indústria de biocombustíveis cresce com rapidez. Agora quer saber o que acontecerá depois de 2020. E é um setor com muito poder de lobby aqui em Bruxelas”, acrescentou.

Enquanto isso, os efeitos sociais da crescente demanda de biocombustíveis se agravam. Por exemplo, uma grande porcentagem de indígenas da Guatemala sofre uma nova crise de fome pela concentração de terras, por expulsões forçadas e pelo desvio de água para criar grandes plantações de monocultura de palma e cana-de-açúcar para produzir combustíveis  orgânicos. Em março de 2011, policiais e soldados guatemaltecos expulsaram mais de três mil indígenas de suas casas no Vale do Rio Polochic para dar lugar a plantações em grande escala. Expulsas de suas terras, as 700 famílias sofrem uma severa desnutrição e alta taxa de mortalidade infantil por diarreia ou febre.

Três meses depois de se reunir com o presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, o modesto agricultor Daniel Pascual, do Comitê de Unidade Camponesa, chegou a Bruxelas para informar os dirigentes europeus das consequências sociais dos biocombustíveis. “Com uma crescente demanda por biocombustíveis, esta crise de fome só vai piorar”, declarou Pascual à IPS no dia 18. “Precisamos de atores externos como a UE para garantirmos que não causem mais danos com suas políticas. E precisamos que pressionem nosso governo para que respeite os direitos da população”, destacou. Porém, é pouco provável que a União Europeia reduza sua demanda.

“Quem ganha com esta política? Não é o meio ambiente, mas os agricultores europeus pelos efeitos positivos da demanda sobre o preço dos produtos, e a indústria de agrocombustíveis que foi direta ou indiretamente construída com fundos e empréstimos da UE”, observou Herman. O funcionário da Oxfam acredita que o problema vai piorar nos próximos anos, pois os atores tradicionais também se interessam cada vez mais pelos biocombustíveis. “Shell e BP investiram forte no açúcar brasileiro no ano passado”, afirmou. “Querem continuar líderes no setor e também pressionam Bruxelas. Cada um olha o assunto de seu próprio ponto de vista racional, mas o resultado final é uma loucura pura”, ressaltou.

domingo, 24 de junho de 2012

BG e Coppe anunciam projeto de monitoramento oceânico da Bacia de Santos


Por: Maria Fernanda Romero, Redação TN

A petroleira BG anunciou ontem (21/6) com a Coppe/ UFRJ o projeto Azul, um sistema inédito de monitoramento oceânico da Bacia de Santos. As informações obtidas contribuirão para a segurança e eficiência de operação da empresa e para o melhor conhecimento e preservação do meio ambiente pelo país.O programa, com duração de três anos, prevê um investimento de 20 milhões de reais da BG Brasil. O projeto Azul vai coletar, durante três anos, informações sobre a dinâmica das correntes oceânicas, temperatura, salinidade, PH, oxigênio dissolvido, clorofila, cor e matéria orgânica, entre outros parâmetros,que serão reunidos e analisados pelo LAMCE/Coppe.

Segundo o diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, Segen Estefen, o monitoramento será feito com ajuda de robôs mergulhadores (seaglider), derivadores (boias acopladas com medidores), perfiladores (obtêm, dentre outros parâmetros, o perfil das correntes principalmente em águas profundas) e imagens de satélite. "Esta é a primeira vez que as correntes oceânicas e os parâmetros da oceanografia química da região são estudados até a profundidade de dois mil metros", afirma. A iniciativa poderá ser integrada a outros sistemas já existentes na Europa e nos Estados Unidos.

Estefen destacou ainda a importância do projeto em relação à proteção dos oceanos. “Apesar das dificuldades de se chegar a um acordo sobre o tema no documento desta conferência, os oceanos necessitam de todo o suporte, especialmente dos cientistas, das empresas e dos governos. A saúde dos oceanos vai refletir na saúde do planeta”, enfatizou.

De acordo com o presidente da BG Brasil, Nelson Silva, este o projeto Azul é o maior investimento em pesquisa da companhia no país. Segundo ele, a empresa pretende investir muito mais na área de petróleo e gás, tornando-se a segunda maior operadora de petróleo do país até 2020.

“O conhecimento das características marítimas da Bacia de Santos é de extrema importância para as atividades do setor de óleo e gás. O projeto Azul também irá contribuir para a capacitação de profissionais de Oceanografia Operacional, colaborando para o desenvolvimento da Ciência e da inovação no Brasil”, destacou.

Segundo o professor Luiz Landau, do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (LAMCE) da Coppe, coordenador do projeto, a proposta é montar um grande organizador de informações, utilizando o supercomputador da Coppe, cujos dados serão enviados para o INPE. “Teremos no final um modelo vivo da região. Com todas as informações, vamos conhecer melhor o oceano, podendo estar dentro da água sem se molhar”, comentou Landau.

O Projeto Azul será útil no gerenciamento de vazamentos de óleo, pois ao se conhecer previamente o padrão das correntes é possível rastrear manchas de óleo no mar, apontando a direção do deslocamento, para que se atue de forma rápida e eficaz para contenção e dispersão do óleo, minimizando impactos. A iniciativa também inova ao disponibilizar as informações em tempo real para universidades e centros de pesquisa.

Por meio do Centro Global de Tecnologia do BG Group, a BG Brasil irá monitorar o desenvolvimento do sistema junto à Coppe. Os robôs mergulhadores e demais equipamentos estão sendo importados dos Estados Unidos e serão lançados ao mar no segundo semestre pela empresa de oceanografia Prooceano que atuará no manejo dos equipamentos e na coleta de dados. Os dados de satélite serão fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Tanto a Prooceano quanto o INPE também são parceiros do consórcio.

Instituto Nacional de Oceonografia e Ciências do Mar

Na mesma ocasião, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, anunciou que em breve será criado o Instituto Nacional de Oceonografia e Ciências do Mar, que trabalhará em conjunto com iniciativas como a do Projeto Azul. "O Brasil precisa conhecer melhor o litoral. Somos um país oceânico e entender o Atlântico é fundamental para protegê-lo”, disse.

Impacto ambiental custa R$40 milhões a Angra


Fonte: Valor Econômico
Data: 22/06/2012 12:10
O Ibama acaba de fechar a última etapa das exigências ambientais atreladas ao licenciamento de Angra 3, único empreendimento de geração nuclear em construção no país. Pelas contas do instituto, a Eletronuclear, responsável pela construção da usina, terá que desembolsar R$ 40 milhões em compensações ambientais como forma de mitigar os impactos causados pelo empreendimento.
 

O preço da compensação ambiental de Angra 3 estipulado pelo Ibama atingiu o pico do permitido por lei. Pelas regras ambientais, a cobrança só pode chegar a, no máximo, 0,5% do preço da obra. Como o custo total para erguer Angra 3 foi estimado em R$ 8 bilhões, a fatura ambiental ficou em R$ 40 milhões. Esse repasse, no entanto, deverá aumentar, uma vez que já se admite que a usina deverá consumir R$ 10,4 bilhões em investimentos.
 

Essa compensação ambiental será aplicada em reservas florestais. A Eletronuclear havia indicado quatro unidades de conservação ao Ibama, mas os técnicos do instituto decidiram estender os recursos para dez unidades espalhadas entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
 

A compensação ambiental não tem nenhuma relação com as condicionantes que foram impostas pelo Ibama nas fases de licenciamento ambiental de Angra 3. Em 2008, o instituto apresentou 60 ações condicionantes para liberar a licença prévia da usina. Em 2009, quando saiu a licença de instalação, foram apresentadas mais 46 condicionantes socioambientais.
 
 
Segundo Ronaldo Oliveira, superintendente de licenciamento e meio ambiente da Eletronuclear, mais da metade dessas ações indenizatórias já foi entregue, mas ainda há muito projetos em andamento. Parte deles, em atraso. A Eletronuclear estima que, entre as licenças prévia e de instalação, fará um desembolso total de R$ 350 milhões para atender as ações.
 

A expectativa do governo é iniciar as operações de Angra 3 até dezembro de 2015, embora haja dúvidas de que esse prazo será cumprido. "Estamos trabalhando com essa data. Vamos concluir todas as condicionantes até agosto de 2015, para então fazer o pedido da licença de operação da usina", diz Oliveira.
 

Angra 3 deverá entrar para a história como a usina que mais demorou para ser construída em todo o mundo, comenta Aquilino Senra, vice-diretor da Coppe, pós-graduação de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Estudada desde a década de 1970, as obras civis da usina foram iniciadas pela empreiteira Andrade Gutierrez em junho de 1983, portanto, há 29 anos. A construção se estendeu até abril de 1986, quando foi paralisada. Assim ficaria pelos 23 anos seguintes, com uma equipe mínima para a manutenção e preservação das instalações já feitas.
 

Cerca de US$ 750 milhões foram desembolsados para aquisição de equipamentos, o que ocorreu durante a construção de Angra 2, na década de 80. "É realmente um absurdo histórico. A cada ano, gasta-se US$ 20 milhões para manter em condições de uso equipamentos que foram comprados há décadas", diz Senra.
 

Os recursos financeiros para concluir a usina estariam garantidos. Segundo o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, o BNDES vai financiar quase que a totalidade dos R$ 10,4 bilhões previstos para conclusão de Angra 3, cifra bem superior àquela estimada em 2009, quando se falava em cerca de R$ 7 bilhões.
 

O plano original contava com a injeção de € 1,2 bilhão em recursos que seriam obtidos com bancos estrangeiros, mas as condições do BNDES passaram a ser mais favoráveis, daí o interesse em ampliar os empréstimos com o banco público, diz Pinheiro. Até dezembro passado, já tinham sido liberados pelo banco R$ 342 milhões e outros R$ 594 milhões referentes à verba captada pelo fundo da Reserva Global de Reversão (RGR).
 

Com potência de 1.405 Megawatts (MW), Angra 3 terá capacidade de gerar energia suficiente para atender um terço do consumo do Estado do Rio de Janeiro. Hoje, as únicas usinas nucleares em atividade no país - Angra 1 e 2 - fornecem juntas 2 mil MW de energia, o que representa 1,8% da matriz energética brasileira.
 
 
A conclusão de Angra 3 coloca um ponto final em um capítulo da matriz energética do país que o governo não está mais disposto a retomar. No mês passado, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, deixou claro que o Brasil não deve ter novas usinas nucleares até 2021.
 
 
Antes do acidente de Fukushima, ano passado no Japão, o MME estava com tudo pronto para leiloar oito novas plantas nucleares pelo país, projetos que consumiriam R$ 30 bilhões em investimento. Atualmente, há 65 usinas nucleares em construção no mundo. Dessas, 26 serão erguidas na China e ficarão prontas até 2030.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Azul realiza voo experimental com biocombustível a base de cana-de-açúcar

A Azul Linhas Aéreas Brasileiras, em parceria com a Amyris Inc., Embraer e GE, realizou nesta terça-feira (19) um voo experimental utilizando um combustível renovável inovador, produzido a partir da cana-de-açúcar. Com destino ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, um jato E195 da companhia partiu do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, e fez uma passagem sobre a Cidade Maravilhosa, que recebe nesta semana a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Batizado de Azul+Verde, o projeto teve início em novembro de 2009 com o objetivo de testar um novo conceito de desenvolvimento de combustível renovável para jatos potencialmente capaz de reduzir as emissões de gases que contribuem para o efeito estufa. Além de oferecer uma alternativa para combustíveis derivados do petróleo, a iniciativa representa mais um grande passo em direção a uma indústria de transporte aéreo sustentável.

“O compromisso da Azul em reduzir a utilização de produtos petrolíferos voláteis vai além de diminuir nossos custos. O principal objetivo é inovar na prestação de serviços, empregando as melhores tecnologias para evitar a emissão excessiva de carbono e conscientizar nossos Clientes que eles estão optando por uma companhia aérea que, não só se preocupa com o meio ambiente, mas que está agindo para preservá-lo”, disse Flávio Costa, vice-presidente Técnico-Operacional da Azul.

O estudo realizado pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), sobre o ciclo de vida dos gases de efeito estufa do bioquerosene da Amyris mostra que este combustível pode reduzir em até 82% a emissão de dióxido de carbono em comparação ao querosene de origem fóssil.

“O biocombustível da Amyris foi desenvolvido para ser compatível com o querosene de aviação (A/A-1) para jatos. Desta maneira, foram feitos uma série de testes que mensuraram seu desempenho”, disse John Melo, presidente & CEO da Amyrs. “O voo de demonstração é um marco importante no nosso programa de combustível para jatos e nos permitirá prosseguir nos objetivos de aprovação internacional e de comercialização”, conclui Melo.

Esse combustível, chamado de AMJ 700, é feito com o uso de microorganismos modificados que trabalham como fábricas vivas, convertendo o açúcar em puro hidrocarboneto. Tal método resulta em um querosene renovável que, após certificado, atenderá aos padrões mais rigorosos da aviação e da American Society for Testing and Materials (ASTM).

Para o voo experimental, foi utilizada uma mistura equivalente de querosene de aviação comum com querosene renovável obtido a partir da fermentação da cana-de-açúcar (4,5 mil litros), o que torna esse um voo inédito na aviação brasileira.

“Durante os testes realizados no início deste ano, em Ohio, nos Estados Unidos, o biocombustível da Amyris atingiu os requisitos técnicos desejáveis. Em conjunto com as novas tecnologias constantemente empregadas no desenvolvimento e certificação de motores, este bioquerosene certamente ajudará a cumprir as metas ambientais da indústria de aviação”, disse Steve Csonka, diretor da Estratégia Ambiental e de Ecomagination da GE Aviation.

“Desenvolvido a partir do conceito drop-in, não foi necessário implementar qualquer modificação ou adaptação à aeronave antes deste voo demo”, disse Mauro Kern, vice-presidente-executivo de Engenharia e Tecnologia da Embraer. “Os testes realizados pela Embraer com o biocombustível da Amyris no Brasil foram um sucesso. Isto confirma o potencial de desempenho deste combustível renovável, seja em termos técnicos, seja em termos ambientais. Ficamos felizes com o sucesso técnico deste programa e continuaremos comprometidos com o desenvolvimento de tecnologias de ponta capazes de contribuir com a sustentabilidade da aviação, dentre elas, os biocombustíveis”, concluiu.

“A Azul acredita muito na tecnologia apresentada pela Amyris. O Brasil conta com uma abundância de terra produtiva, o que faz com que o cultivo da cana-de-açúcar não compita com os demais cultivos, como por exemplo, o de alimentos,” afirma Adalberto Febeliano, diretor de Relações Institucionais da Azul. “Esperamos que seja possível adotar esse combustível em voos comerciais no médio prazo, com uma produção em larga escala, sendo economicamente viável”, completa.

Este projeto conta com o apoio institucional do Banco Pine, BR Aviation, Total e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Fonte:tnpetroleo

segunda-feira, 18 de junho de 2012

BEN 2012: participação de renováveis na matriz elétrica aumenta e eólicas se destacam

Fonte: Carolina Medeiros, da Agência CanalEnergia.
11/06/2012 

O consumo final de energia cresceu 2,6%, alcançando 228,7 milhões de tep. A diferença de 43,7 milhões entre a oferta interna e o consumo final está associada às perdas e aos processos de transformação da energia primária em secundária. Em 2010, a diferença entre a oferta interna e o consumo foi maior que em 2011, de 45,4 milhões de tep. Isso indica uma redução nas perdas entre um ano e outro.

A participação de fontes renováveis de produção de eletricidade aumentou 2,5% na matriz elétrica brasileira no ano de 2011, chegando a 88,8%, segundo dados preliminares do Balanço Energético Nacional - BEN 2012. De acordo com o documento, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética, um dos destaques da atual matriz é a energia eólica, cuja geração totalizou, cerca de, 2,7 mil GWh, em 2011. Na comparação com o ano anterior, a expansão da produção através dos ventos alcançou 24,2%.

O ano de 2011, ainda segundo a EPE, também apresentou condições hidrológicas favoráveis, o que assegurou aumento de 6,3% na produção hidrelétrica. No entanto, houve redução na produção de bioeletricidade através da cana-de-açúcar. De acordo com o BEN 2012, a oferta de energia através de fontes não renováveis caiu 14,8%, passando de 75.320 GWh em 2010 para 64.186 GWh em 2011. A maior queda, de 28,1%, se deu na produção de energia a partir do gás natural, seguido pelos derivados de petróleo (10,4%) e carvão e derivados (4,5%). A única energia não renovável que apresentou crescimento no período foi a nuclear (7,8%). Já a energia renovável produziu 507.116 GWh no ano passado, ante os 476.384 GWh de 2010.

Com o crescimento da participação renovável na matriz elétrica nacional, segundo a EPE, o Brasil amplia sua posição de liderança em geração de energia limpa se comparado ao conjunto das demais nações do mundo e aos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - majoritariamente desenvolvidos. No mundo, a participação de renováveis na matriz elétrica é de 19,5%, enquanto nos países da OCDE, de 18,3%.

Os resultados preliminares do BEN 2012 mostram, ainda, que permaneceu praticamente estável - queda de 0,9% - a participação das energias renováveis na matriz energética brasileira. A variação entre 2010 e 2011, segundo a EPE, reflete as restrições na oferta da biomassa da cana, muito em função da queda de 9,8% na safra. A presença de renováveis manteve-se no patamar de 44,1%, acima da média mundial de 13,3%, segundo dados da Agência Internacional de Energia.

No ano passado, ainda segundo o BEN 2012, também houve aumento da eficiência energética na economia. A oferta interna de energia cresce no ano passado 1,3% em relação a 2010, atingindo 272,3 milhões de toneladas equivalentes de petróleo. Foi uma evolução menor que a do Produto Interno Bruto, que, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, expandiu 2,7%. O menor crescimento de energia, de acordo com a EPE, significa que a economia brasileira gastou menos energia para produzir a mesma quantidade de bens e serviços. A demanda de energia per capita ficou em 1,41 tep por habitante em 2011, aumentando 0,5% em relação a 2010.

Brasil é o quinto em novo índice de sustentabilidade criado pela ONU

Um novo indicador lançado neste domingo (17) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) coloca o Brasil como a nação com o quinto maior crescimento sustentável anual per capita do mundo, à frente de potências como Estados Unidos e Canadá.


O indicador aplica informações referentes ao capital humano, natural e manufaturado de 20 países para mostrar um panorama mais amplo que o PIB (Produto Interno Bruto), que tem apenas um viés econômico.
Os primeiros lugares no novo ficaram, na ordem, com China, Alemanha, França e Chile.


Chamado de Índice de Riqueza Inclusiva (IRI), o objetivo do indicador é incentivar a sustentabilidade dos governos e complementar o cálculo do PIB – ou mesmo substituir os atuais medidores da economia.


Desenvolvido por especialistas da Universidade das Nações Unidas, a ferramenta reúne informações referentes à educação e expectativa de vida, os recursos florestais, além da produção industrial. Na prática, um país com IRI alto representa que ele é mais sustentável.

Recurso natural em baixa – No relatório, que analisou o período entre 1990 e 2008, a China aparece como o país mais sustentável do mundo, com um índice de 2,1. A Alemanha vem em seguida, com 1,8.


O Brasil teve o IRI de 0,9 no período, o quinto no ranking da ONU, se igualando a Japão e Reino Unido. Nos 19 anos medidos, o PIB brasileiro cresceu 34%, o capital humano aumentou 48% e o capital manufaturado, 8%. Já o capital natural seguiu na contramão, caindo 25%. A justificativa do relatório é que a queda foi causada pelo avanço no desmatamento das florestas e ao aumento das atividades agropecuárias.


No período analisado, por exemplo, a Amazônia perdeu 331.290 km² de cobertura vegetal devido ao desmatamento ilegal – uma área equivalente a mais de sete vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro.


De acordo com Pablo Munhoz, diretor cientifico do relatório, a proposta é uma recomendação do programa ambiental da ONU aos países que participam da Rio+20 e está relacionada “ao bem-estar (…) e nos dá ideia em relação ao crescimento a longo prazo”, disse.


“É importante medir os ativos, mas também é importante ver sua modificação ao longo do tempo”, explica.
(Fonte: Eduardo Carvalho/ G1)

sábado, 16 de junho de 2012

Atual modelo econômico representa entrave para desenvolvimento sustentável

Por: Redação TN / Wellton Máximo, Agência Brasil

A receita para garantir o crescimento do país tem sido a mesma nos últimos anos: estimular o mercado interno, principalmente em momentos de dificuldade da economia. No entanto, as desonerações e o crédito fácil que aquecem o consumo trazem impactos ao meio ambiente. Da poluição dos carros novos com impostos reduzidos ao lixo despejado pelos compradores que trocam de eletrodomésticos e celulares, as medidas de estímulo deixam um passivo ambiental.

Segundo ambientalistas ouvidos pela Agência Brasil, o modelo econômico em vigor representa um entrave para o desenvolvimento sustentável do país. E é justamente o modelo econômico baseado no consumo um dos pontos em maior evidência nas discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que prossegue até o dia 22 no capital fluminense.

O principal problema, dizem os ambientalistas, consiste na falta de visão de longo prazo, que leve em conta a disponibilidade dos recursos naturais no futuro e assegure a diminuição das emissões de gás carbônico nos próximos anos.

“É fundamental para o Brasil agregar renda e superar a pobreza, mas tudo isso deve ser feito sem consumir possibilidades futuras”, avalia o diretor sênior de Políticas da organização não governamental Conservação Internacional, Valmir Ortega. “No modelo atual, estamos gastando o dinheiro do jantar no almoço e corremos o risco de sofrer sérios problemas no futuro.”

Para o professor Gustavo Souto Maior, do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB), as políticas adotadas no Brasil vão na contramão de medidas adotadas por outros países, que têm criado restrições ao transporte individual e estimulado o transporte coletivo. “Na Dinamarca, o governo desestimula a compra de carros por meio de um imposto altíssimo, mas o Brasil continua apostando no transporte individual falido, que compromete a mobilidade urbana e aumenta o consumo de combustível”, ressalta.

Secretária executiva do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos considera importantes as reduções de impostos, mas diz que as desonerações devem contemplar setores que investem em inovações tecnológicas e no respeito ao meio ambiente. “Se é para reduzir impostos, que o governo olhe a economia de forma mais ampla e estimule novas cadeias produtivas que promovam o desenvolvimento sustentável”, declara.

Ortega, da Conservação Internacional, diz que os incentivos à economia verde até existem, mas em volume insuficiente. “O governo criou uma linha de crédito para plantios de baixo carbono, mas o orçamento não chega a ser um décimo do Plano Safra, que financia toda a agricultura. O que hoje é nicho deveria ser o foco principal das políticas públicas”, diz.

Os especialistas destacam que a mudança de prioridades poderia ser feita sem aumento dos gastos públicos. “Basta reorientar os incentivos fiscais e monetários existentes”, opina Souto Maior. Para ele, os próprios conceitos econômicos contribuem para a falta de prioridade do meio ambiente na formulação de políticas. “Pelos critérios tradicionais, quanto mais árvores se cortam, mais o PIB [Produto Interno Bruto, a soma da produção de um país] aumenta”, critica.

Entre os novos setores que podem ser beneficiados com incentivos fiscais, os especialistas citam o turismo nos parques nacionais, o transporte público, o saneamento básico e as compensações ambientais para obras de infraestrutura. “Não queremos abrir mão do crescimento, só fazer o país pensar no longo prazo. O pré-sal pode ser explorado, desde que as receitas do petróleo financiem o desenvolvimento de novas tecnologias”, acrescenta Ortega.

ONU elabora índice para medir ‘economia verde’ de cada país

A ONU elaborou um novo índice econômico com o objetivo de avaliar o desempenho de cada país de acordo com a “economia verde”. O Índice de Riqueza Inclusiva é uma iniciativa conjunta do Programa Internacional de Dimensões Humanas da Universidade das Nações Unidas (UNU-IHDP, na sigla em inglês) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

O objetivo dos criadores é substituir os atuais medidores da economia de cada nação. O Produto Interno Bruto (PIB), que soma todos os bens e serviços produzidos por um país, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em conta aspectos econômicos e sociais, vêm sofrendo críticas da comunidade científica por não incluírem componentes ambientais.

“A principal falha dos atuais indicadores é a visão curta: em nenhum lugar do PIB ou do IDH estão incluídos padrões de sustentabilidade e crescimento de longo prazo”, afirma o panfleto que apresenta o projeto. A criação do novo índice foi citada no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

O primeiro Relatório de Riqueza Inclusiva será apresentado no domingo (17), dentro da Rio+20. Os criadores mediram o índice em 20 países estrategicamente selecionados, que representaram 76% do PIB mundial e 56% da população total do planeta entre 1990 e 2008. A lista inclui países ricos como EUA, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Japão e Austrália, e o bloco dos emergentes formado por Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul.

O Índice de Riqueza Inclusiva pretende conduzir “uma análise ampla dos vários componentes da riqueza por país e sua ligação ao desenvolvimento econômico, destacando, em particular, a importância do capital natural”. Ao todo, o cálculo leva em conta 19 fatores diferentes, divididos em três categorias diferentes: capital humano, capital produzido e capital natural.

(Fonte: Tadeu Meniconi/G1)

Mudança climática ameaça potencial hidrelétrico brasileiro, diz cientista

A mudança climática pode representar uma ameaça ao desempenho das fontes renováveis de energia. Uma pesquisa de 2010 conduzida pela equipe de Roberto Schaeffer, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostra que o país pode perder 30% de sua produção de eletricidade até 2035, se as emissões globais de carbono mantiverem as atuais tendências de alta.

Com base nos dados disponíveis atualmente, o estudo projetou um cenário de mudança climática para os próximos anos. A pesquisa calculou o efeito que essas mudanças teriam sobre a geração de energia que usa o vento, o sol, a biomassa e, principalmente, a força dos rios, principal fonte do Brasil.

Na projeção, o sertão nordestino tende a se transformar em um deserto, a Amazônia perde espaço para o cerrado e as chuvas adquirem um novo ciclo em várias regiões do país.

“Esse novo padrão de chuva possível para o Brasil levaria a uma situação de escassez hídrica nos momentos mais secos”, explicou o pesquisador, que mostrou os resultados da pesquisa no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

A queda se daria principalmente em relação à energia “firme”, que é a capacidade mínima que uma usina tem, mesmo no pior período hidrológico.

A solução para o problema seria investir em outras formas de geração e interligar os sistemas, para garantir a distribuição de energia ao longo do ano. “Isso significaria, grosso modo, de agora até 2035, investimentos adicionais da ordem de US$ 50 bilhões só para preparar o sistema brasileiro para a mudança climática”, apontou Schaeffer.

A diversificação pode ser feita com outras fontes renováveis. O estudo também mostrou que, apesar de prejudicar as hidrelétricas, a mudança climática até favoreceria a geração eólica no Nordeste.

A produção de energia por fontes biológicas também seria afetada. A cana de açúcar teria uma produção superior à atual caso o planeta fosse “2 ou 3 graus” mais quente, segundo Schaeffer. Já a soja, muito utilizada nas usinas termoelétricas a biomassa, teria um desempenho pior.

Para a energia solar, o pesquisador não espera grandes alterações. “A mudança climática pode vir a afetar um pouco o padrão de nuvens, mas, dado que o potencial solar é tão grande, não é, eventualmente, alguma região mais nublada que vai inviabilizar a energia solar”, avaliou.

(Fonte: Tadeu Meniconi/ G1)

“Não gastem dinheiro com energia nuclear”


O uso da energia solar entrou em debate na tarde dessa sexta-feira (15) no pavilhão do Estado do Rio, no Parque dos Atletas, dentro da programação da Rio+20 . Eickeweber, diretor do Instituto Fraunhofer, de sistema de energia solar da Alemanha, falou a respeito do uso da energia atômica. “Não é uma energia sustentável. É uma energia cada vez mais cara e que os resíduos precisam ser isolados por até 10 mil anos.
Se eu pudesse dar um conselho ao Brasil, diria: não gastem dinheiro com plantas de energia nuclear”.

Eickeweber falou ainda que o tipo de energia domicialr no Brasil permite que se empregue mais o uso da energia solar. “Ar condicionado funciona muito bem com energia solar assim como geladeira. Na Alemanha cada vez mais se repensa esse tipo de produção energética focando no futuro ambiental sustentável”.

Weber foi bastante aplaudido pelo público presente.

(Fonte: Valmir Moratelli/ Portal iG)

domingo, 10 de junho de 2012

PARTICIPE e INOVE (Innovation Yourself)


CONVITE : Escrever um livro online que seja realizado pelo conhecimento de mais de uma pessoa.

A inovação começa com você e transforma a vida de todos. (Paula Marinho)

Vejam o exemplo de um livro no meu blog: http://innovationyourself.blogspot.com.br/

O livro Inovação, Empresas e Sociedade (temática principal) é a ideia de difundir que todos temos que agir pela sustentabilidade do planeta, do nosso país, do nosso estado, do no nosso município e da nossa cidade. A população mundial cada vez mais passa a viver nas áreas urbanas e estas serão o cenário dos grandes problemas ambientais enfrentados pela humanidade. Existem vários problemas que precisam ser levados em consideração. Como exemplo cito o dos transportes: se as pessoas adotarem a bicicleta como meio de transporte seja no Rio de Janeiro, São Paulo, ou outra cidade brasileira teremos que tornar viável a locomoção destas com suas bicicletas pela cidade. O fabricante de bicicleta(empresa) ganha com isso (vende mais bicicletas) e tem que estar envolvido na solução das medidas à serem adotadas. O poder público (políticas públicas) precisará construir ciclovias e estacionamentos. O morador das cidades precisa ser consultado também, pois estas são só algumas das possibilidades e soluções para o problema do transporte. Vamos fazer uma comunidade virtual de pessoas que queiram contribuir escrevendo um livro interdisciplinar e quem sabe até transdisciplinar de soluções para tornar a vida dos moradores das cidades mais agradável.
O Meio Ambiente é de responsabilidade de todos nós.
(vide artigo 225 Constituição Federal).

Por Paula Marinho
Advogada Ambiental