terça-feira, 10 de julho de 2012

Governo inaugura maior complexo eólico da América Latina


Por: Redação TN / Tiago Décimo, Estadão

Apontado como o maior complexo de produção de energia eólica da América Latina, com 14 parques distribuídos pelos municípios de Caetité, Igaporã e Guanambi, no sudoeste da Bahia, o Alto Sertão I, da Renova Energia, foi inaugurado na manhã desta segunda-feira, com um evento em Caetité, a 757 quilômetros de Salvador. Com 184 aerogeradores, capazes de produzir 294,4 MW - segundo a empresa, volume suficiente para abastecer uma cidade com 540 mil residências -, o complexo consumiu R$ 1,2 bilhão, mas ainda não vai distribuir a energia gerada ao Sistema Integrado Nacional (SIN).

O problema está na instalação de 115 quilômetros da rede de transmissão no trecho entre os municípios de Igaporã e Bom Jesus da Lapa, a cargo da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), que não foi concluída. De acordo com informações da estatal, os trâmites para o licenciamento ambiental para a instalação da rede atrasaram a execução das obras, que foram liberadas no fim de abril. A expectativa é que a rede esteja funcionando apenas no ano que vem.

O atraso deve refletir em prejuízo para o governo federal, que se comprometeu, no contrato assinado no Leilão de Energias Renováveis de 2009, a pagar por uma parcela da energia gerada dentro do cronograma estabelecido - que está sendo cumprido pela Renova. A conta aos cofres públicos deve ultrapassar R$ 15 milhões mensais.

Apesar do contratempo, o governo baiano está confiante na consolidação do Estado como pólo de produção de energia eólica no País. Segundo dados da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração , a Bahia tem previsão de instalação de 57 projetos de energia eólica, com investimento total de R$ 6,5 bilhões, que vão acrescentar 1.418 MW à rede elétrica. Em janeiro, o Estado licenciou outros 133 projetos para implantação de complexos eólicos, que somam mais cerca de 3.200 MW de potência à rede.

Nordeste terá 1ª indústria do Brasil de combustível feito com algas marinhas


O estado de Pernambuco, no Nordeste, deve receber a partir do último trimestre de 2013 a primeira planta industrial de biocombustível produzido com algas marinhas, que promete contribuir na redução do envio de CO2 à atmosfera.
O projeto, uma parceria entre o grupo brasileiro JB, produtor de etanol no Nordeste, e a empresa See Algae Technology (SAT), da Áustria, contará com investimento de 8 milhões de euros (R$ 19,8 milhões) para montar em Vitória de Santo Antão – a 53 km de Recife – uma fazenda vertical de algas geneticamente modificadas e que vão crescer com a ajuda do sol e de emissões de dióxido de carbono (CO2)
Segunda a empresa, é a primeira vez no mundo que este tipo de combustível será fabricado e comercializado. Atualmente, a tecnologia só é desenvolvida para fins científicos. Laboratórios dos Estados Unidos e até mesmo do Brasil já pesquisam a respeito.
No caso da usina pernambucana, o biocombustível será produzido com a ajuda do carbono proveniente da produção de etanol, evitando que o gás poluente seja liberado na atmosfera e reduzindo os efeitos da mudança climática.
De acordo com Rafael Bianchini, diretor da SAT no Brasil, a unidade terá capacidade de produzir 1,2 milhão de litros de biodiesel ou 2,2, milhões de litros de etanol ao ano a partir de um hectare de algas plantadas.
O produto resultante poderá substituir, por exemplo, o biodiesel de soja, dendê, palma ou outros itens que podem ser utilizados na indústria alimentícia aplicado no diesel – atualmente 5% do combustível é biodiesel.
“É uma reciclagem [do CO2 emitido] e transformação em combustível. Um hectare de algas consome 5 mil toneladas de dióxido de carbono ao ano. O CO2, que é o vilão do clima, passa a ser matéria-prima valorizada”, explica Bianchini.
Mas como funciona? – Em vez de criações de algas expostas, a SAT planeja instalar módulos fechados com até cinco metros de altura que vão receber por meio de fibra óptica a luz do sol (capturada por placas solares instaladas no teto da usina). Além disso, há a injeção de CO2 resultante do processo de fabricação do etanol de cana.
De acordo com Carlos Beltrão, diretor-presidente do grupo JB, a previsão é que projeto comece a funcionar a partir de 2014 e seja replicado para outra unidade, instalada em Linhares, no Espírito Santo. “Hoje nossa missão é tentar trabalhar e chegar ao carbono zero. Nós produzimos CO2 suficiente para multiplicar esse investimento em dez vezes”, disse Beltrão.
O biocombustível de algas ainda precisa ser aprovado e validado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Bioquímicos – Além dos combustíveis, outros produtos resultantes do processamento de algas marinhas geneticamente modificadas são os bioquímicos como o ácido graxo ômega 3, utilizados pela indústria alimentícia e de cosméticos.
O ômega 3, que contribui para reduzir os níveis de colesterol no corpo humano e combate inflamações, é normalmente encontrado em óleos vegetais ou em peixes.
Com a extração desse ácido das algas processadas e comercialização com empresas brasileiras, Bianchini espera contribuir com a redução da pesca de espécies marinhas que já sofrem com o impacto das atividades predatórias. “Seria uma alternativa para reduzir a sobrepesca e também para não haver mais dependência somente do peixe”, disse.
 (Fonte: Globo Natureza)

domingo, 8 de julho de 2012

China concentrará crescimento mundial de energia renovável


Fonte: Portal iG
Placas de captação de energia solar na Europa: crescimento de energias verdes ao redor do mundo
A China, maior poluidor do mundo e voraz consumidor de carvão, concentrará o crescimento da produção de eletricidade com base em energia renovável nos próximos cinco anos, muito à frente de Estados Unidos, Índia e Alemanha, segundo um relatório mundial publicado nesta quinta-feira (5).
Quase 40% do crescimento mundial de eletricidade com base em energia renovável (hidroeletricidade, eólica, solar, entre outros) até 2017 estará na China, segundo um estudo publicado pela Agência Internacional de Energia (AIE).
Isto representa cinco vezes mais que a progressão esperada nos Estados Unidos, sete vezes mais que a da Índia, oito vezes mais que a da Alemanha e 18 vezes mais que a da França.
Dos 710 gigawatts (GW) de capacidade de produção elétrica renovável suplementar esperada até 2017, 270 gigawatts – ou seja, o equivalente a 170 dos reatores nucleares mais potentes – de represas, eólica e outros parques solares serão conectados na China. O país é seguido por Estados Unidos (56 GW), Índia (39 GW), Alemanha e Brasil (32 GW cada um).
A hidroeletricidade e a energia eólica em terra representam 90% da progressão chinesa, o resto é fotovoltaica.
“A China é o mercado de desenvolvimento central”, na frente da Europa, constata Didier Houssin, diretor da prospectiva de mercados de energia da AIE, “impulsionado principalmente pela explosão da demanda de eletricidade e das inquietações políticas sobre a segurança energética que impulsionam a diversificação das fontes”.
O mercado doméstico chinês está reforçado pela influência crescente dos industriais: no ano passado, sete dos 10 principais fabricantes mundiais de módulos fotovoltaicos eram chineses (Suntech, Yingli Green, Trina Solar, Canadian Solar, Hanwha Solar One, Jinko Solar e LDK Solar) e quatro no setor eólico (Goldwind, Sinovel, United Power e Mengyang), segundo o relatório da AIE.
Na Europa, por sua vez, o crescimento deve desacelerar em relação ao período anterior. Segundo a AIE, deve-se à desaceleração econômica na Europa.
O exemplo mais evidente é a Espanha, uma das pioneiras europeias da energia eólica, atingida pela austeridade que se traduz em uma moratória nos subsídios.
Entre 2013 e 2017, a capacidade de produção de eletricidade limpa espanhola deve progredir menos de 2 GW, uma potência que o país ultrapassava facilmente em apenas um ano até agora.
Na França, a capacidade elétrica com base em energias renováveis deve aumentar neste período de 15 GW para alcançar um total de 52 GW em 2017, produzida principalmente por energia eólica em terra e solar fotovoltaica, segundo a AIE.
Em nível mundial, a produção de eletricidade com base em energia renovável deve aumentar 5,8% a cada ano, para alcançar 6.377 terawatts-hora (TWh) em 2017, ou seja, quase 12 vezes a produção de eletricidade total francesa.
Sem contar a hidroeletricidade, o crescimento da produção de energia eólica ou solar registra uma progressão de 14%.
Quase marginal na Europa, a energia eólica no mar deve passar de 12 TWh em 2011 a 80 TWh em 2017. O principal foco de crescimento neste sistema é concentrado na China mais uma vez, na frente de Grã-Bretanha, Alemanha e França. 

Produção residencial de energia solar já é economicamente viável para 15% dos lares brasileiros


Fonte: Vitor Abdala/ Agência Brasil
Um estudo divulgado na terça-feira (3) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, mostra que a produção residencial de energia solar (a chamada geração distribuída) já é economicamente viável para 15% dos domicílios brasileiros. A produção de energia solar em grande escala (geração centralizada), no entanto, ainda é inviável, mesmo com incentivos governamentais.
De acordo com a pesquisa da EPE, o custo da geração nas residências brasileiras, a partir de um equipamento de pequena potência, é R$ 602 por megawatt-hora (MWh), mais barato do que a energia vendida por dez das mais de 60 distribuidoras de energia, como a da Ampla, responsável pelo abastecimento de municípios do Grande Rio e interior fluminense.
O cálculo é feito com base no custo médio de instalação de um painel com a menor potência, R$ 38 mil. Graças a novas resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), publicadas neste ano, os consumidores que instalem painéis solares em suas casas ou condomínios podem não apenas reduzir a quantidade de energia comprada das distribuidoras, como também vender o excedente da energia produzida para essas empresas.
Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, esse mercado potencial pode crescer bastante se forem concedidos incentivos como o financiamento à compra dos painéis e conversores fotovoltaicos (equipamentos que transformam a luz do sol em energia elétrica), a isenção fiscal para a produção desses equipamentos no país e a redução do Imposto de Renda para os consumidores.
Caso o governo esteja disposto a criar os três tipos de incentivos, ao mesmo tempo, a energia solar pode se tornar competitiva para 98% dos consumidores residenciais brasileiros. “Hoje a geração distribuída já é mais ou menos interessante em alguns lugares. Agora, para ampliar, seria necessário ter incentivos ou esperar o preço [do equipamento] cair”, disse Tolmasquim.
Por outro lado, o estudo mostra que a geração centralizada, isto é, produzida em larga escala por usinas comerciais, ainda não é viável economicamente. Hoje, o custo de produção da energia solar gira em torno de R$ 405 por MWh, enquanto a média do preço de outras fontes de energia, nos últimos leilões do governo, foi R$ 150 por MWh.
Mesmo com incentivos, como a redução de impostos, que barateiem em 28% o preço da energia, a solar não seria viável, porque ainda custaria o dobro da média cobrada nos leilões de venda de energia.
Segundo Tolmasquim, o país tem as opções de esperar o custo da energia solar diminuir para colocá-la em leilões ou de criar um leilão específico para que não haja disputa com outras fontes mais baratas, como a eólica.
Tolmasquim explicou que a criação de um leilão específico é uma opção para criar um mercado e desenvolver tecnologicamente o país, a fim de acelerar a redução do custo. “Mas teria que ser vendida uma quantidade pequena [de energia] para não onerar o consumidor.”
Há ainda a opção de abrir a possibilidade para que empreendimentos de geração de energia solar disputem o leilão de energia com outras fontes. A expectativa da Agência Internacional de Energia é que a solar esteja competitiva com outras fontes no mundo a partir de 2020.
Tolmasquim disse, no entanto, que não é possível saber quando a energia solar será competitiva para produção em larga escala no Brasil. Há hoje no país apenas oito empreendimentos, que produzem apenas 1,5 megawatt (MW) de um total de 118 mil MW do Brasil.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Biocombustíveis


Novas estratégias definem próximos passos


Por: Redação TN / IPT

Depois de voltarem ao uso da gasolina em seus veículos graças a uma crise de abastecimento de álcool no fim dos anos 80, os brasileiros se reaproximaram do etanol a partir de 2003, com o lançamento do sistema flex nos automóveis. A nova tecnologia dominou o cenário da indústria, alcançando em cinco anos o patamar de mais de 90% das unidades produzidas.

A sociedade demandou o veículo bicombustível, porque uma eficiente campanha mostrou que o usuário poderia fazer a escolha do combustível no momento do abastecimento em vez de ficar prisioneiro da escolha feita no momento de compra do veículo. A própria indústria automotiva era reticente em relação à tecnologia flex, que já estava pronta e aguardava uma oportunidade para se inserir no mercado. “A inovação nesse caso foi do marketing, que resgatou a credibilidade do álcool”, afirma Francisco Nigro, assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, pesquisador aposentado do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e também professor da Escola Politécnica da USP.

Mas nos últimos dois anos, a cadeia de bioetanol no Brasil adentrou uma crise por conta de fatores como o “congelamento” do preço da gasolina, a quebra de safra por efeitos climáticos, a alta do preço do açúcar no mercado externo, o que atrai o interesse de usineiros para a produção da commodity, e o forte crescimento da demanda proporcionado pelos veículos flex. Sem a referência histórica de preço – de 65% em relação à gasolina –, o etanol passou a oscilar ao ritmo dos fatores de mercado e produção, e o consumo voltou a apontar para a gasolina, que tem crescido à média de 17% ao ano.

“A visão estratégica global do papel reservado à energia renovável é fundamental”, diz Nigro. O que ele define como “visão estratégica” tem a ver com a necessidade de uma ruptura no comportamento que marcou a história do programa Proálcool no Brasil, já que quando o preço do petróleo caiu na segunda metade dos anos 80 e se manteve baixo até o final da década de 90, governos e empreendedores abandonaram suas posições, deixando o mercado retomar o combustível fóssil.

O mais incrível dessa crise atual é que no momento em que os Estados Unidos derrubam as barreiras à importação do etanol brasileiro – a medida está em vigor desde 1º de janeiro deste ano – o setor produtivo não tem o combustível para exportar e, além disso, o País passou a importar o produto para garantir o abastecimento do mercado interno. Essa conjuntura indica que o governo em algum momento deve se manifestar sobre a questão, com tendência a rever o papel do etanol na política energética do País.

Segundo o professor Nigro, para enfrentar o problema será preciso fomentar a tecnologia no setor produtivo. “Fazer a ponte entre a academia e a indústria é o principal desafio, é mais importante do que paper acadêmico, porque significa abastecer o desenvolvimento. É claro que essa aproximação tem melhorado, mas ainda é fraca. O Brasil publica paper, mas não tem patente”, afirma. Essa perspectiva também repercute entre autoridades do governo federal. Ao participar da Rio+20, o ministro Wagner Bittencourt, da Secretaria de Aviação Civil, disse que é preciso buscar sinergias entre empresas e pesquisadores para enfrentar a crise no setor.

A competitividade dos biocombustíveis frente aos derivados de petróleo enfrenta pelos menos dois fatores adversos. Um deles é o fato de o governo manter os preços da gasolina e do diesel estáveis para atenuar pressões inflacionárias – esse é certamente um instrumento de estabilidade econômica, mas seu efeito colateral é a dificuldade do etanol de se manter competitivo, pois está sujeito, por exemplo, à questão das intempéries que afetam os produtos agrícolas. O outro fator está nas imensas escalas produtivas da indústria do petróleo. “As ordens de grandeza são muito diferentes”, diz Nigro, lembrando que o consumo mundial de etanol fica na proporção de 5% a 6% do consumo de petróleo.

O melhor aproveitamento energético do bagaço e da palha de cana-de-açúcar está na perspectiva das novas tecnologias que devem aumentar a produtividade na indústria de biocombustíveis. Uma frente importante de desenvolvimento, e que poderá dobrar a produtividade das áreas plantadas, é o etanol de segunda geração. Nesse caso, o IPT vem trabalhando com uma equipe de 22 pesquisadores no projeto de R$ 80 milhões de uma planta de gaseificação de biomassa para produção em escala piloto. O projeto, que é um dos maiores da história do Instituto e conta com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), está consolidando a rota termoquímica de produção, que consiste na reação controlada com oxigênio, gerando uma mistura gasosa de monóxido de carbono e hidrogênio, o gás de síntese, que pode ser usado para gerar energia elétrica, biocombustíveis líquidos e biopolímeros.

A outra frente tecnológica de avanço das usinas é dada pela modernização de seus equipamentos, nos quais o bagaço e a palha são queimados para a geração de energia elétrica. Desde os anos 90, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) mantém a compra de energia excedente das usinas, o que tem estimulado a modernização de seus processos industriais com geradores acoplados a caldeiras, que estão ganhando mais capacidade. Das antigas caldeiras com pressões de 20 bar, a tecnologia chega hoje a níveis mais expressivos, com pressões de 80 bar e algumas usinas também contam com moendas elétricas, ganhando em produtividade. “Qualquer ação política do governo para acelerar esse processo de modernização é bem-vinda”, afirma o professor Nigro.

O ‘Brasil Maior’, programa do governo federal lançado em agosto de 2011 para estimular a atividade industrial no País, também está prospectando oportunidades de investimento na indústria sucroenergética, pesquisando os produtos que têm maior valor agregado e podem alavancar negócios nesse segmento. “A ideia é dar um empurrão nos produtos que vão estar no mercado daqui a quatro ou cinco anos”, afirma Nigro, que tem participado de reuniões com representantes do setor. Por meio do programa, está sendo gestado um termo de referência que dará subsídios a decisões estratégicas de financiamento junto ao BNDES.

História

No início de junho, o professor Nigro participou de um seminário no Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE), da Escola Politécnica, em que fez uma retrospectiva da atuação do IPT no desenvolvimento do programa Proálcool, desde os anos 70. Veja abaixo os momentos importantes dessa história, destacados pelo professor até o ano 2000:

1976/77 – Sob a direção de Alberto Pereira de Castro, o IPT estabelece um programa de energia para coordenar e incentivar projetos em suas divisões técnicas;

1978 – Fundação do laboratório de motores com o objetivo de substituição do óleo diesel por renováveis; desenvolvimento de projetos de conservação de energia na indústria, com financiamento do Ministério das Minas e Energia e da FINEP;

1978 – Parceria com a CESP voltada ao uso do metanol em motores a diesel, principalmente em locomotivas, para as quais foi desenvolvida a tecnologia de metanol injetado misturado com óleo de mamona e aditivo de ignição (18%);

1979 – Início da construção do prédio do laboratório de motores;

1979 – Projeto de construção de uma mini-usina de etanol, envolvendo o setor de química do IPT; área de metalurgia pesquisa a corrosão do etanol; a engenharia de sistemas da CESP pesquisa o potencial de biomassas no Estado;

1979-82 – Laboratório de motores dissemina a tecnologia de propulsores a álcool, ajudando as retíficas de motores nos procedimentos de conversão para álcool. Esse trabalho envolveu 103 empresas, 201 motores ensaiados e 81 homologados;

1980 – IPT desenvolve projeto para a Centrais Elétricas do Pará (Celpa) de adoção de etanol nebulizado no ar de admissão de motor a diesel para grupo gerador;

1980 – IPT acompanha para a EMTU/Emplasa operação de linha de ônibus da Viação Urubupungá com veículos da Mercedes-Benz a álcool aditivado;

1980-87 – Área de química desenvolve os seguintes projetos: desidratação de álcool etílico para produção de etileno; reforma com vapor de metanol para produção de hidrogênio; produção de catalisadores em escala piloto; e produção de álcool etílico por fermentação alcoólica contínua;

1981-83 – Projeto para a CESP adota metanol emulsificado em diesel – metanol com ‘ponto quente’;

1882 – Desenvolvimento de instrumentação para a câmara de combustão de motores;

1982-85 – Uso de metanol por dupla injeção em motores de locomotivas: solução complexa, mas mais eficiente que as demais para motores de grande cilindrada unitária (90% metanol, 10% diesel); desenvolvimento do sistema, adaptações na máquina e testes de desempenho e emissões em locomotiva GE U6C; manual de modificação das máquinas;

1986 – IPT desenvolve para a CESP o uso de misturas de etanol, metanol e gasolina em motores Otto a etanol; ensaios em dinamômetro e campo; resultados antecipam e servem de base para o estabelecimento de modelo que permitiu abastecer a frota a álcool por ocasião do desabastecimento de etanol (1989);

1997-98 – Com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), o IPT promove o uso de emulsões de etanol hidratado em óleo diesel em motores, realizando ensaios de desempenho, de emissões e testes de campo;

1998 – Parceria com a Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar) para o uso de misturas etanol anidro/diesel em motores: ensaios de desempenho e emissões em dinamômetro;

2000 – Seminário em abril sobre motores flexíveis no IPT antecipa e provoca o início da corrida pela tecnologia flexível: as montadoras e os usineiros se manifestam contra a tecnologia. Os sistemistas são favoráveis. O seminário conta com grande participação de representantes do governo do Estado e Federal; divulgação na mídia televisiva de modelos flexíveis sendo abastecidos começa a campanha para resgatar a credibilidade do etanol.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Biocombustíveis e efeitos sociais


Dois lados da mesma moeda

Data: 28/06/2012 11:36
Por: Redação TN / Daan Bauwens, IPS

Apesar das crescentes provas de que a produção de combustíveis orgânicos é responsável pela insegurança alimentar, o novo projeto da União Europeia (UE) sobre energias renováveis ignora as consequências sociais desta atividade agrícola. Vítimas guatemaltecas da crise alimentar foram a Bruxelas na terceira semana deste mês para conscientizar os dirigentes do bloco sobre este problema.

Para reduzir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, a UE decidiu, há três anos, aumentar o uso de biocombustíveis no transporte. Na diretriz de 2009 sobre energias renováveis, foi fixado o objetivo obrigatório de elevar para 10% a proporção de agrocombustíveis no transporte até 2020. Contudo, mesmo antes da aprovação desse documento, organizações não governamentais de diferentes partes do mundo já haviam assinalado vários dos problemas associados aos combustíveis orgânicos.

A organização britânica ActionAid calculou que, para cumprir o objetivo fixado pela UE, seria preciso converter 69 mil quilômetros quadrados de ecossistemas naturais em terras de cultivo, uma área maior do que a da Bélgica e da Holanda juntas. Além  disso, a conversão de florestas, pradarias e turbas em terras para produzir biocombustíveis levará à liberação na atmosfera de 56 milhões de toneladas a mais de dióxido de carbono ao ano, equivalente a entre 12 milhões e 26 milhões de automóveis a mais até 2020. A organização estima que a quantidade de bicombustíveis extras no mercado da UE será entre 81% e 167% pior para o clima do que os combustíveis fósseis. As ONGs também preveem que o aumento no uso de combustíveis previsto pela UE pressionará para cima os preços da canola, do milho e do açúcar.

Um estudo do Instituto Internacional Austríaco de Análises de Sistemas Aplicados (IIASA), aponta que o objetivo de 10% coloca mais 140 milhões de pessoas em risco de sofrer fome, especialmente os pobres que vivem nas cidades, os agricultores de subsistência e as pessoas sem terra dos países em desenvolvimento. A International Land Coalition, com sede em Roma, disse que a demanda de biocombustíveis é responsável por mais de 50% da concentração de terras no mundo.

No começo deste mês, a Comissão Europeia divulgou sua comunicação para depois de 2020 sobre energias renováveis. Apesar da campanha incessante de várias ONGs para eliminar o objetivo, a nova comunicação silencia sobre as consequências dos biocombustíveis sobre a segurança alimentar nas nações em desenvolvimento, o que deixa aberta a possibilidade de um objetivo semelhante para 2030.

“A Comissão Europeia (órgão executivo da UE) pretende decidir sobre a política para 2030 sem considerar primeiro os impactos da política para 2020”, disse à IPS o especialista da Oxfam em biocombustíveis do bloco, Marc-Olivier Herman. “A nova comunicação especifica critérios concretos para medir o impacto ambiental, mas nada fala sobre as consequências sociais dos biocombustíveis. A palavra ‘alimento’ nem mesmo é mencionada no documento, quanto mais segurança alimentar”, apontou.

Segundo Herman, a Comissão avança muito rapidamente para instâncias do setor industrial. Os “investidores em biocombustíveis querem segurança”, alertou. “Desde que foi fixado o primeiro objetivo em 2009, a indústria de biocombustíveis cresce com rapidez. Agora quer saber o que acontecerá depois de 2020. E é um setor com muito poder de lobby aqui em Bruxelas”, acrescentou.

Enquanto isso, os efeitos sociais da crescente demanda de biocombustíveis se agravam. Por exemplo, uma grande porcentagem de indígenas da Guatemala sofre uma nova crise de fome pela concentração de terras, por expulsões forçadas e pelo desvio de água para criar grandes plantações de monocultura de palma e cana-de-açúcar para produzir combustíveis  orgânicos. Em março de 2011, policiais e soldados guatemaltecos expulsaram mais de três mil indígenas de suas casas no Vale do Rio Polochic para dar lugar a plantações em grande escala. Expulsas de suas terras, as 700 famílias sofrem uma severa desnutrição e alta taxa de mortalidade infantil por diarreia ou febre.

Três meses depois de se reunir com o presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, o modesto agricultor Daniel Pascual, do Comitê de Unidade Camponesa, chegou a Bruxelas para informar os dirigentes europeus das consequências sociais dos biocombustíveis. “Com uma crescente demanda por biocombustíveis, esta crise de fome só vai piorar”, declarou Pascual à IPS no dia 18. “Precisamos de atores externos como a UE para garantirmos que não causem mais danos com suas políticas. E precisamos que pressionem nosso governo para que respeite os direitos da população”, destacou. Porém, é pouco provável que a União Europeia reduza sua demanda.

“Quem ganha com esta política? Não é o meio ambiente, mas os agricultores europeus pelos efeitos positivos da demanda sobre o preço dos produtos, e a indústria de agrocombustíveis que foi direta ou indiretamente construída com fundos e empréstimos da UE”, observou Herman. O funcionário da Oxfam acredita que o problema vai piorar nos próximos anos, pois os atores tradicionais também se interessam cada vez mais pelos biocombustíveis. “Shell e BP investiram forte no açúcar brasileiro no ano passado”, afirmou. “Querem continuar líderes no setor e também pressionam Bruxelas. Cada um olha o assunto de seu próprio ponto de vista racional, mas o resultado final é uma loucura pura”, ressaltou.

domingo, 24 de junho de 2012

BG e Coppe anunciam projeto de monitoramento oceânico da Bacia de Santos


Por: Maria Fernanda Romero, Redação TN

A petroleira BG anunciou ontem (21/6) com a Coppe/ UFRJ o projeto Azul, um sistema inédito de monitoramento oceânico da Bacia de Santos. As informações obtidas contribuirão para a segurança e eficiência de operação da empresa e para o melhor conhecimento e preservação do meio ambiente pelo país.O programa, com duração de três anos, prevê um investimento de 20 milhões de reais da BG Brasil. O projeto Azul vai coletar, durante três anos, informações sobre a dinâmica das correntes oceânicas, temperatura, salinidade, PH, oxigênio dissolvido, clorofila, cor e matéria orgânica, entre outros parâmetros,que serão reunidos e analisados pelo LAMCE/Coppe.

Segundo o diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, Segen Estefen, o monitoramento será feito com ajuda de robôs mergulhadores (seaglider), derivadores (boias acopladas com medidores), perfiladores (obtêm, dentre outros parâmetros, o perfil das correntes principalmente em águas profundas) e imagens de satélite. "Esta é a primeira vez que as correntes oceânicas e os parâmetros da oceanografia química da região são estudados até a profundidade de dois mil metros", afirma. A iniciativa poderá ser integrada a outros sistemas já existentes na Europa e nos Estados Unidos.

Estefen destacou ainda a importância do projeto em relação à proteção dos oceanos. “Apesar das dificuldades de se chegar a um acordo sobre o tema no documento desta conferência, os oceanos necessitam de todo o suporte, especialmente dos cientistas, das empresas e dos governos. A saúde dos oceanos vai refletir na saúde do planeta”, enfatizou.

De acordo com o presidente da BG Brasil, Nelson Silva, este o projeto Azul é o maior investimento em pesquisa da companhia no país. Segundo ele, a empresa pretende investir muito mais na área de petróleo e gás, tornando-se a segunda maior operadora de petróleo do país até 2020.

“O conhecimento das características marítimas da Bacia de Santos é de extrema importância para as atividades do setor de óleo e gás. O projeto Azul também irá contribuir para a capacitação de profissionais de Oceanografia Operacional, colaborando para o desenvolvimento da Ciência e da inovação no Brasil”, destacou.

Segundo o professor Luiz Landau, do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (LAMCE) da Coppe, coordenador do projeto, a proposta é montar um grande organizador de informações, utilizando o supercomputador da Coppe, cujos dados serão enviados para o INPE. “Teremos no final um modelo vivo da região. Com todas as informações, vamos conhecer melhor o oceano, podendo estar dentro da água sem se molhar”, comentou Landau.

O Projeto Azul será útil no gerenciamento de vazamentos de óleo, pois ao se conhecer previamente o padrão das correntes é possível rastrear manchas de óleo no mar, apontando a direção do deslocamento, para que se atue de forma rápida e eficaz para contenção e dispersão do óleo, minimizando impactos. A iniciativa também inova ao disponibilizar as informações em tempo real para universidades e centros de pesquisa.

Por meio do Centro Global de Tecnologia do BG Group, a BG Brasil irá monitorar o desenvolvimento do sistema junto à Coppe. Os robôs mergulhadores e demais equipamentos estão sendo importados dos Estados Unidos e serão lançados ao mar no segundo semestre pela empresa de oceanografia Prooceano que atuará no manejo dos equipamentos e na coleta de dados. Os dados de satélite serão fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Tanto a Prooceano quanto o INPE também são parceiros do consórcio.

Instituto Nacional de Oceonografia e Ciências do Mar

Na mesma ocasião, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, anunciou que em breve será criado o Instituto Nacional de Oceonografia e Ciências do Mar, que trabalhará em conjunto com iniciativas como a do Projeto Azul. "O Brasil precisa conhecer melhor o litoral. Somos um país oceânico e entender o Atlântico é fundamental para protegê-lo”, disse.