Fonte: Agecom
Empresas multinacionais que desenvolvem projetos de energia eólica disputam o sudoeste do estado devido às condições naturais que a região apresenta - extremamente compatíveis à atividade - fator que, segundo os engenheiros, garantem grande potencial de geração dessa fonte de energia.
Cinco empresas do setor deram início ao processo de licenciamento ambiental no Instituto do Meio Ambiente (IMA), sendo que uma delas já obteve a licença de implantação e as outras estão em fase de estudo dos impactos ambientais.
Quando todos os parques estiverem funcionando, juntos poderão gerar mais de 1GW (um gigawatt) de energia para o sistema nacional, colocando a região numa posição de destaque desta atividade no Brasil, juntamente com outros parques que devem se instalar próximo ao lago do Sobradinho e na Chapada Diamantina.
“A Bahia está se tornando um pólo atrativo da atividade eólica e a região sudoeste se destaca pela força dos ventos e sua geografia, elementos que permitem grande capacidade de geração de energia”, afirma o diretor geral do IMA, Pedro Ricardo Moreira.
Diante do aumento do interesse das empresas, a expectativa de melhoria das condições sociais na região é muito grande por parte das comunidades localizadas nas áreas de influência dos parques eólicos. “Já tenho três sobrinhos empregados aqui, livres de ir para o corte de cana, em São Paulo, longe do pai e da mãe”, comemora Osmar Fernandes Costa, morador da localidade de Brejo do Capão, onde está sendo implantado o primeiro parque eólico da região.
Além da geração de empregos diretos na fase de implantação, os proprietários das terras arrendadas pelas empresas para a instalação dos aerogeradores, elevam consideravelmente suas rendas, divisas que acabam ficando na região e contribuem para a geração de empregos indiretos.
“O nosso desejo é o aumento da geração de renda porque o emprego traz uma melhoria da autoestima da população e acreditamos que essas novas oportunidades de trabalho podem melhorar a condição social e econômica dessas famílias, que estão fragilizadas pelo desemprego”, diz a assistente social que trabalha em um projeto da Prefeitura Municipal de Igaporã, um dos municípios onde os aerogeradores serão instalados, Vera Lúcia Conceição da Silva.
Oficinas - Para sanar todas as dúvidas com relação aos novos empreendimentos, o IMA vem realizando, juntamente com as inspeções em campo, as oficinas preparatórias para audiências públicas, um evento aberto para o debate com as comunidades provenientes das áreas de influência, no qual o órgão orienta sobre a legislação ambiental e o empreendedor apresenta o projeto.
“As oficinas públicas são de suma importância para garantir a participação efetiva das comunidades, que poderão ser afetadas por esses empreendimentos de energia eólica, contribuindo também para a qualificação da análise técnica no processo de licenciamento ambiental”, explica o técnico da Coordenação de Impactos Ambientais do IMA, Pablo Crescêncio, que compõe a equipe de licenciamento de empreendimentos eólicos na Bahia.
A partir das apresentações, a comunidade se manifesta, esclarece suas dúvidas e contribui diretamente com as condicionantes que constarão nos relatórios emitidos pelos técnicos do IMA, no processo de licenciamento ambiental. “A gente está vendo o que está acontecendo no Japão, né? O vento é a natureza e uma coisa que vem do vento, se não fizer bem, também mau nenhum fará”, opina José Maia, morador de Caetité, mostrando que, independente do acesso ao conhecimento, as comunidades têm muito a contribuir por meio da sabedoria popular.
terça-feira, 26 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
CPFL Energia e ERSA anunciam associação de ativos de geração de energia
Setorial News-Energia
Da redação
A CPFL Energia e a ERSA Energias Renováveis anunciaram a criação da CPFL Energias Renováveis S.A. (a “CPFL Renováveis”), a partir da associação dos ativos das duas empresas em PCHs, parques eólicos e usinas termelétricas a biomassa.
A nova companhia já nasce como uma das maiores da América Latina no segmento de geração de energia a partir de fontes renováveis (PCHs, parques eólicos e usinas termelétricas a biomassa), com 648 MW de potência instalada em operação (posição estimada em agosto de 2011, quando da conclusão da operação), 386 MW em construção e 3.341 MW de portfólio em preparação para construção ou desenvolvimento, totalizando 4.375 MW de potência. Esse portfólio permitirá à empresa superar a marca dos 2 mil MW de potência instalada nesse tipo de fonte em cinco anos.
Já em 2013, a capacidade instalada deverá atingir 1.174 MW, um crescimento superior a 80%, com a entrada em operação de projetos em fase de construção. A CPFL Energia será a acionista majoritária da nova empresa, com participação de 63,6%. Os atuais acionistas da ERSA terão 36,4% de participação. De acordo com o presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Jr., “a associação é resultado de decisão estratégica de criar um veículo exclusivo e diferenciado em geração de energia renovável.
A união das operações da ERSA e da CPFL Energia é o ponto de partida para que a nova empresa, que já nasce líder em seu segmento, implemente planos ambiciosos de crescimento na geração de energia por meio de fontes alternativas como energia eólica, biomassa e PCHs”, afirma o presidente do Conselho de Administração da ERSA, Otávio Castello Branco.
A implementação desta associação resultará na criação de uma companhia com 1.034 MW de potência em operação e construção, com presença marcante nas três principais tecnologias desenvolvidas atualmente no país – PCHs, usinas termelétricas a biomassa e parques eólicos – e com forte atuação nas etapas de desenvolvimento, preparação, construção e operação de usinas de geração de energia.
Por meio desta associação, CPFL Energia e ERSA reafirmam aos seus colaboradores, clientes, acionistas e fornecedores, bem como às autoridades e ao mercado em geral, seus compromissos de crescimento sustentável, preservação do meio ambiente, e geração de energia limpa e renovável para o Brasil.
MS
terça-feira, 19 de abril de 2011
BRIX - Bolsa para contratos de Energia no Brasil
Fonte: Coletânea das principais mídias do Brasil.
Foi lançada na terça-feira (12), a empresa BRIX, que será uma plataforma eletrônica de negociação de energia elétrica no Brasil. A plataforma, que começa a operar em junho, pretende se tornar a primeira Bolsa de negócios de energia elétrica do Brasil. A perspectiva da iniciativa é triplicar o volume de negócios no setor nos próximos três a cinco anos, um salto dos R$ 25 bilhões estimados em 2010 para R$ 75 bilhões.
Foi lançada na terça-feira (12), a empresa BRIX, que será uma plataforma eletrônica de negociação de energia elétrica no Brasil. A plataforma, que começa a operar em junho, pretende se tornar a primeira Bolsa de negócios de energia elétrica do Brasil. A perspectiva da iniciativa é triplicar o volume de negócios no setor nos próximos três a cinco anos, um salto dos R$ 25 bilhões estimados em 2010 para R$ 75 bilhões.
A iniciativa atenderá aos mais de 1.400 agentes que atuam no mercado livre e representam cerca de 25% da energia consumida no país. A plataforma proporciona uma série de inovações, dentre elas a criação de um índice para medir o valor de compra e venda de energia elétrica, o BRIX Spot, que vai medir a evolução de preços a partir das negociações efetivadas.
Segundo os sócios da BRIX, a Bolsa surge para agilizar a compra e venda de energia no país.
Como deve funcionar
A iniciativa atenderá aos mais de 1.400 agentes que atuam no Ambiente de Contratação Livre (ACL), também chamado mercado livre, que representa cerca de 25% da energia consumida no País. Segundo os empresários, a perspectiva é de triplicar o volume de negócios nos próximos três a cinco anos, um salto dos R$ 25 bilhões estimados em 2010 para R$ 75 bilhões.
Entre as novidades, o mercado terá à disposição o índice BRIX Spot para medir a evolução de preços a partir das negociações efetivadas. O início das operações está previsto para junho deste ano.
Segundo Marcelo Mello, que assume a presidência da companhia, com o novo modelo de negociação da BRIX, o processo de contratos de comercialização de energia terão redução de prazos e custos. "A comunicação da plataforma eletrônica da BRIX é mais rápida, transparente, eficiente e direta. O atual processo, que é feito por telefone e demora uma semana a dez dias para ser concluído, agora poderá ser feito em segundos, com cliques. É uma redução enorme de tempo e custo”, indicou. Mello brincou ainda dizendo que: "O atual processo de comercialização de energia tem baixa eficiência energética".
Mello foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do mercado de derivativos de metais no Brasil, com carreira no Grupo Pechiney e posteriormente no Standard Bank. "Nós somos uma plataforma eletrônica, com tecnologia de ponta, experiência internacional, já testada e aprovada internacionalmente", disse Mello, frisando que a Brix começa a operar em junho.
De acordo com o executivo, do mesmo modo que no mercado atual, os players que poderão participar são os agentes da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). "A relação é bilateral e do mesmo modo que a regulamentação exige, todas as operações contratadas serão registradas na CCEE", diz Mello.
São sócios da empresa: O empresário Eike Batista e os executivos Josué Gomes da Silva, CEO da Coteminas, Marcelo Parodi, CEO da Compass Energia, o economista Roberto Teixeira da Costa, primeiro presidente da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), e a empresa Intercontinental Exchange (ICE), única pessoa jurídica da sociedade e líder global de negociação eletrônica em diversos mercados.
Questionado sobre a possibilidade de atuação da BRIX também na América Latina, Marcelo Mello descartou o interesse de expansão num primeiro momento, mas frisou que a ICE (Intercontinental Exchange) tem expertise no exterior e poderia vir a atuar desta maneira sim. "Hoje o Brasil tem pequena relação de exportação de energia, alguma coisa com Paraguai, há expectativa de chegar ao Chile e Peru. Mas tenho impressão que o nosso foco é o mercado brasileiro. Nós já temos muito trabalho para fazer aqui", destacou.
Haverá a presença de outras fontes de Energia? E a comercialização do petróleo?
Apesar de Marcelo Mello ter salientado que a BRIX atuará exclusivamente voltada ao mercado elétrico e ter descartado que a empresa vá entrar em outro mercado que não o de energia, Eike Batista afirmou que vai usar seu voto para fazer valer a comercialização do petróleo também. "Nós temos a plataforma, porque não? A OGX vai produzir mais de um milhão de barris logo", disse. Eike comparou a nova Bolsa ao Facebook da tecnologia do setor elétrico.
No momento em que foi chamado pelos demais sócios da Brix para falar sobre sua visão particular sobre o mercado de energia no País, o empresário destacou que acredita que as fontes solar e eólica serão apenas complementares, e que o gás natural terá oferta abundante. "Vamos ter gás saindo pelas orelhas. Podemos até inundar o consumo de casas com gás, mas o que vai consumir todo o volume produzido será por meio de termelétricas. Vamos chegar ao ponto de o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) ter que acionar térmicas full time", disse.
Ainda segundo Eike, outras formas de energia poderão também ser negociadas, como etanol e carvão. "Depois do acidente do Japão, a energia nuclear tende a entrar em decadência. Tentar dominar algo indomável é muito complicado e os centros de pesquisas do mundo vão rever isso", disse, fazendo uma "aposta" com os presentes sobre este futuro de "decadência" da energia nuclear.
Eike avaliou que os custos que deverão ser gerados com as exigências que virão a partir de Fukushima farão com que "a conta fique impagável". "Os alemães, que são um povo altamente técnico, saíram disso porque já perceberam", finalizou.
O empresário terá 23,75% da nova Bolsa de energia, ao lado dos sócios Josué Gomes da Silva, Marcelo Parodi e a IntercontinentalExchange (ICE). O economista Roberto Teixeira da Costa terá 5%.
Negociação na Bolsa de Valores
Na ocasião, Marcelo Mello informou que a Brix poderá ter capital aberto na Bolsa de Valores. Segundo ele, foram investidos até o momento R$ 15 milhões, e há um plano de investimento de mais R$ 10 milhões. "Se houver mais chamadas de investimentos, serão efetuadas, e na medida em que os mercados forem se desenvolvendo, pode haver abertura de capital", disse.
A expectativa do CEO da ICE (Intercontinental Exchange), Jeffrey Sprecher, é de que pelo menos mil pessoas sejam contratadas para atuarem na plataforma brasileira. A ICE, fundada em 2000, atua em mercados de futuros e balcão nos segmentos de energia, commodities agrícolas, emissões de carbono, moedas e derivativos de crédito. Opera três Bolsas de futuros reguladas (EUA, Europa e Canadá), dois mercados de balcão (energia e derivativos de crédito) e cinco câmaras de compensação e liquidação (clearing houses).
domingo, 17 de abril de 2011
Térmicas vão ganhar maior fatia na geração de energia
Os empreendimentos à base térmica, um dos mais poluentes, praticamente triplicarão sua participação
Getty Images

A alta da participação das termelétricas na matriz é puxada pelas fontes de combustíveis fósseis
São Paulo - A necessidade de aumentar a capacidade de geração de energia elétrica para sustentar um crescimento robusto da economia está empurrando o Brasil em direção a uma matriz energética mais suja. Com a implementação dos projetos em construção e os licenciados nos últimos anos, a participação das térmicas deve passar dos atuais 25% para 31,4%, aponta um estudo recente feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Embora aí estejam incluídas usinas de biomassa, consideradas menos poluentes, a alta da participação das termelétricas na matriz é puxada pelas fontes de combustíveis fósseis, como óleo diesel e carvão mineral. Dentre os empreendimentos à base térmica, os movidos a carvão mineral, um dos mais poluentes, praticamente triplicarão sua participação.
Ainda que o País não repita nos próximos anos a alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 7,5% registrada em 2010, o avanço de fontes mais poluentes é inevitável, de acordo com especialistas no tema. “A quebra dessa proporção é muito difícil, porque o Brasil vai crescer muito. Mesmo que seja um crescimento de menos de 5%, ele exige uma expansão grande da quantidade de energia disponível e apenas as fontes alternativas renováveis não dão conta de suprir”, afirma Gesmar Rosa dos Santos, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea.
Com o objetivo de garantir que não faltará energia em períodos de baixo nível de água nos reservatórios das hidrelétricas, as térmicas integradas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) ficam de prontidão e são acionadas em situações emergenciais. Para as grandes indústrias, que instalam térmicas para uso próprio, essa é também é uma segurança de que haverá energia para tocar seus negócios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Ainda que o País não repita nos próximos anos a alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 7,5% registrada em 2010, o avanço de fontes mais poluentes é inevitável, de acordo com especialistas no tema. “A quebra dessa proporção é muito difícil, porque o Brasil vai crescer muito. Mesmo que seja um crescimento de menos de 5%, ele exige uma expansão grande da quantidade de energia disponível e apenas as fontes alternativas renováveis não dão conta de suprir”, afirma Gesmar Rosa dos Santos, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea.
Com o objetivo de garantir que não faltará energia em períodos de baixo nível de água nos reservatórios das hidrelétricas, as térmicas integradas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) ficam de prontidão e são acionadas em situações emergenciais. Para as grandes indústrias, que instalam térmicas para uso próprio, essa é também é uma segurança de que haverá energia para tocar seus negócios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O impacto de smart grids nas cidades
O mundo rico começa a descobrir as smart grids, redes elétricas inteligentes por meio das quais o consumidor pode gerar sua própria energia e vendê-la no mercado
Samantha Lima, da EXAME
Divulgação

Seremos todos geradores: no futuro, com externos, até prédios residenciais vão produzir energia
Imagine-se em 2020. Você chega em casa, depois do trabalho, e vai direto para a cozinha conferir, em um medidor digital, se o consumo de energia elétrica está dentro da meta diária que você mesmo traçou. A luz verde indica que sim. O aparelho também revela que, naquele momento, o preço do quilowatt-hora está no pico.
Você, então, manda sua filha desligar a prancha de cabelo e seu filho sair do videogame. A boa notícia é que você gerou tanta energia elétrica a partir do sol — graças ao painel fotovoltaico instalado no telhado — que neste mês sua conta de luz vai ficar ainda mais barata. É possível que, no próximo verão, você gere mais energia do que consome e, assim, venda o excedente. Você vai, então, dormir feliz — não sem antes programar o aparelho de ar-condicionado e a lavadora de roupas para ligar durante a madrugada, quando o preço da energia é menor.
Toda essa inovação começa a fazer parte do planejamento do sistema elétrico brasileiro — e se baseia em um conceito batizado de smart grids (redes inteligentes, em inglês). “Nos próximos dez anos, nossa rede elétrica vai sair da pré-história”, diz André Pepitone, diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Será uma revolução comparável ao surgimento do celular na telefonia.”
A tecnologia dará ao consumidor o poder de decidir como e quando consumir energia — e até gerá-la, a partir do vento, da luz solar ou de gás natural. As empresas que operam o sistema, por sua vez, serão capazes de identificar problemas em tempo real, sem ter de esperar o chamado do cliente.
Quando uma árvore cair sobre a fiação da rua, o fluxo de eletricidade interrompido será remanejado a distância pela distribuidora para outras linhas antes que técnicos cheguem ao local. “As smart grids permitirão que o fornecimento de energia seja mais eficiente, moderno, seguro e sustentável”, diz o consultor Eduardo Bernini, sócio da Tempo Giusto Consultoria e ex-presidente da AES Eletropaulo.
As novas redes demandarão investimentos de, pelo menos, 15 bilhões de reais — basicamente aplicados na substituição, em todo o país, dos decrépitos medidores analógicos pelos modelos digitais, na instalação de sensores na rede e na modernização dos centros de controle das concessionárias. “As redes inteligentes vão solucionar boa parte dos problemas de energia elétrica nas cidades”, diz Guilherme Mendonça, diretor de automação da Siemens do Brasil.
Você, então, manda sua filha desligar a prancha de cabelo e seu filho sair do videogame. A boa notícia é que você gerou tanta energia elétrica a partir do sol — graças ao painel fotovoltaico instalado no telhado — que neste mês sua conta de luz vai ficar ainda mais barata. É possível que, no próximo verão, você gere mais energia do que consome e, assim, venda o excedente. Você vai, então, dormir feliz — não sem antes programar o aparelho de ar-condicionado e a lavadora de roupas para ligar durante a madrugada, quando o preço da energia é menor.
Toda essa inovação começa a fazer parte do planejamento do sistema elétrico brasileiro — e se baseia em um conceito batizado de smart grids (redes inteligentes, em inglês). “Nos próximos dez anos, nossa rede elétrica vai sair da pré-história”, diz André Pepitone, diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Será uma revolução comparável ao surgimento do celular na telefonia.”
A tecnologia dará ao consumidor o poder de decidir como e quando consumir energia — e até gerá-la, a partir do vento, da luz solar ou de gás natural. As empresas que operam o sistema, por sua vez, serão capazes de identificar problemas em tempo real, sem ter de esperar o chamado do cliente.
Quando uma árvore cair sobre a fiação da rua, o fluxo de eletricidade interrompido será remanejado a distância pela distribuidora para outras linhas antes que técnicos cheguem ao local. “As smart grids permitirão que o fornecimento de energia seja mais eficiente, moderno, seguro e sustentável”, diz o consultor Eduardo Bernini, sócio da Tempo Giusto Consultoria e ex-presidente da AES Eletropaulo.
As novas redes demandarão investimentos de, pelo menos, 15 bilhões de reais — basicamente aplicados na substituição, em todo o país, dos decrépitos medidores analógicos pelos modelos digitais, na instalação de sensores na rede e na modernização dos centros de controle das concessionárias. “As redes inteligentes vão solucionar boa parte dos problemas de energia elétrica nas cidades”, diz Guilherme Mendonça, diretor de automação da Siemens do Brasil.
Até lá, as cidades brasileiras conviverão com redes que demonstram operar no limite, incapazes de sustentar o aumento do consumo de energia — estimado em 5% ao ano até 2020. Os problemas se tornaram recorrentes principalmente nas linhas de transmissão que trazem energia das hidrelétricas.
Em fevereiro, a pane numa subestação sobrecarregada da estatal CTEEP deixou sem luz 2,5 milhões de clientes na Grande São Paulo. Dias antes, uma falha da estatal Chesf já havia deixado 14 milhões de consumidores na Região Nordeste às escuras. A indústria local estimou perdas de 100 milhões de reais com o apagão.
No episódio mais ruidoso, a falha em uma linha de Furnas deixou 18 estados sem luz em 2009. A duração dos cortes de luz aumentou nos últimos dez anos. Em 2000, cada brasileiro passava, em média, 17 horas às escuras. Em 2010, foram 20 horas por ano. “Na geração, não faltará energia para o país crescer”, diz Nelson Hubner, presidente da Aneel. “Na distribuição, a qualidade não acompanhou, e estamos cobrando melhorias das empresas.”
Em todo o mundo, as smart grids são impulsionadas por razões diversas — inclusive a preocupação em produzir energia mais limpa. Na Alemanha, para reduzir a dependência do gás vindo da Rússia, o governo financia a compra de geradores eólicos. Nos Estados Unidos, as empresas querem cortar gastos com pessoal — já que, com a nova tecnologia, parte dos reparos pode ser feita a distância.
No Brasil, a concessionária fluminense Light aposta na nova rede para detectar em tempo real as tentativas de furto de energia — mal que drena 15% da energia fornecida. “Queremos também reduzir o consumo no horário de pico e aumentar a confiança do sistema”, diz Pepitone, da Aneel.
A agência estima que a rede inteligente permitiria ao país diminuir em até 10% o consumo de energia. Assim como lá fora, a expectativa é que o consumidor brasileiro sinta-se incentivado a produzir a própria energia. “Esse é um caminho para aliviar o sistema e reduzir a incidência de problemas”, diz Adriano Pires, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Além de investimentos, a instalação das redes inteligentes requer a revisão da lei atual. Será necessário permitir que o preço do quilowatt-hora para o consumidor residencial varie ao longo do dia, de acordo com a demanda e com a oferta de energia. “Ao optar pela energia mais barata, o cliente ajudará o país a consumir menos”, afirma Jerson Kelman, presidente da Light. Outra mudança em estudo permitirá que a energia produzida em casa, com geradores eólicos, solares ou gás natural, seja vendida pelo cidadão.
A Cemig e sua controlada Light iniciarão testes com medidores digitais neste semestre, com 3 000 clientes da cidade mineira de Sete Lagoas e de uma das 16 favelas pacificadas no Rio de Janeiro. O investimento no projeto é de 65 milhões de reais. As mudanças estão a caminho. Mas, até a idade da luz moderna, o país ainda enfrentará muitos anos nas trevas.
Em fevereiro, a pane numa subestação sobrecarregada da estatal CTEEP deixou sem luz 2,5 milhões de clientes na Grande São Paulo. Dias antes, uma falha da estatal Chesf já havia deixado 14 milhões de consumidores na Região Nordeste às escuras. A indústria local estimou perdas de 100 milhões de reais com o apagão.
No episódio mais ruidoso, a falha em uma linha de Furnas deixou 18 estados sem luz em 2009. A duração dos cortes de luz aumentou nos últimos dez anos. Em 2000, cada brasileiro passava, em média, 17 horas às escuras. Em 2010, foram 20 horas por ano. “Na geração, não faltará energia para o país crescer”, diz Nelson Hubner, presidente da Aneel. “Na distribuição, a qualidade não acompanhou, e estamos cobrando melhorias das empresas.”
Em todo o mundo, as smart grids são impulsionadas por razões diversas — inclusive a preocupação em produzir energia mais limpa. Na Alemanha, para reduzir a dependência do gás vindo da Rússia, o governo financia a compra de geradores eólicos. Nos Estados Unidos, as empresas querem cortar gastos com pessoal — já que, com a nova tecnologia, parte dos reparos pode ser feita a distância.
No Brasil, a concessionária fluminense Light aposta na nova rede para detectar em tempo real as tentativas de furto de energia — mal que drena 15% da energia fornecida. “Queremos também reduzir o consumo no horário de pico e aumentar a confiança do sistema”, diz Pepitone, da Aneel.
A agência estima que a rede inteligente permitiria ao país diminuir em até 10% o consumo de energia. Assim como lá fora, a expectativa é que o consumidor brasileiro sinta-se incentivado a produzir a própria energia. “Esse é um caminho para aliviar o sistema e reduzir a incidência de problemas”, diz Adriano Pires, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Além de investimentos, a instalação das redes inteligentes requer a revisão da lei atual. Será necessário permitir que o preço do quilowatt-hora para o consumidor residencial varie ao longo do dia, de acordo com a demanda e com a oferta de energia. “Ao optar pela energia mais barata, o cliente ajudará o país a consumir menos”, afirma Jerson Kelman, presidente da Light. Outra mudança em estudo permitirá que a energia produzida em casa, com geradores eólicos, solares ou gás natural, seja vendida pelo cidadão.
A Cemig e sua controlada Light iniciarão testes com medidores digitais neste semestre, com 3 000 clientes da cidade mineira de Sete Lagoas e de uma das 16 favelas pacificadas no Rio de Janeiro. O investimento no projeto é de 65 milhões de reais. As mudanças estão a caminho. Mas, até a idade da luz moderna, o país ainda enfrentará muitos anos nas trevas.
sábado, 16 de abril de 2011
Energia Eólica foi a mais Utilizada na Espanha em Março
Arquivo/EXAME

Parque eólico: renováveis em geral forneceram 42,2% da eletricidade espanhola no mês
Madri - A energia eólica foi a fonte de eletricidade mais usada na Espanha durante o mês de março, pela primeira vez na história, anunciou nesta quinta-feira a REE, gestora da rede de distribuição elétrica no país.
"Os parques eólicos cobriram 21% da demanda e bateram um recorde mensal, com uma geração de 4.738 GWh, 5% a mais em comparação a março de 2010", afirmou a REE em um comunicado.
Entretanto, as energias renováveis forneceram 42,2% da eletricidade consumida pelos espanhóis em março - uma queda em relação ao mesmo mês de 2010.
"A geração eólica de março poderia cobrir todo o consumo elétrico mensal de um país do tamanho de Portugal", celebrou em um comunicado a Associação Empresarial Eólica (AEE).
"Este marco histórico alcançado pela eólica demonstra que esta energia, além de ser produzida localmente, limpa e cada vez mais competitiva, é uma realidade já capaz de abastecer treze milhões de lares espanhóis", destacou José Donoso, presidente da associação.
"Os parques eólicos cobriram 21% da demanda e bateram um recorde mensal, com uma geração de 4.738 GWh, 5% a mais em comparação a março de 2010", afirmou a REE em um comunicado.
Entretanto, as energias renováveis forneceram 42,2% da eletricidade consumida pelos espanhóis em março - uma queda em relação ao mesmo mês de 2010.
"A geração eólica de março poderia cobrir todo o consumo elétrico mensal de um país do tamanho de Portugal", celebrou em um comunicado a Associação Empresarial Eólica (AEE).
"Este marco histórico alcançado pela eólica demonstra que esta energia, além de ser produzida localmente, limpa e cada vez mais competitiva, é uma realidade já capaz de abastecer treze milhões de lares espanhóis", destacou José Donoso, presidente da associação.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
E o aquecimento....e eu com isso?
Autor desconhecido.
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