terça-feira, 24 de maio de 2011

Capacidade instalada de energia eólica no Brasil atinge 1GW

Fonte: NN - Redação
 

A Associação Brasileira de Energia Eólica comemorou ontem a marca de 1 GW de potencia eólica instalada no país. Os geradores e os desenvolvedores de parques eólicos a partir desta etapa iniciarão a consolidação de uma fase de crescimento, que cada vez mais irá se acelerar. O total está distribuído entre os 50 empreendimentos em operação. Essa meta foi atingida com a entrada em operação do parque eólico Elebrás Cidreira 1, pertencente à associada EDP Energias do Brasil, localizado no município de Tramandaí (RS).
Lá estão 31 aerogeradores fabricados pela Wobben WindPower,  com capacidade total de 70 MW. Com isto, de acordo com dados da ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica -  atualizados ontem sobre a capacidade de geração de energia do país, as usinas eólicas já respondem por quase 1% da energia outorgada.  A expectativa da ABEEólica é que a geração eólica represente 5,2 GW na matriz brasileira até 2013. O valor considera os resultados dos leilões de 2009 e 2010. Com isso, a ABEEólica espera que, por ano, sejam licitados entre 2 mil MW e 2,5 mil MW eólicos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Governo chinês reconhece problemas causados por hidrelétrica

 Fonte: portal IG -19/05/2011
O governo da China reconheceu nesta quarta-feira (18) que a controversa usina hidrelétrica de Três Gargantas, além de benefícios, gerou grandes problemas, exigindo medidas de proteção ambiental e geológica.
O Conselho de Estado chinês, principal órgão executivo do país, afirma que planeja adotar medidas para lidar com as dificuldades geradas pela hidrelétrica.
A barragem de Três Gargantas, a maior do mundo, custou quase US$ 40 bilhões (R$ 64 bilhões). A sua construção fez com que várias cidades, campos e sítios históricos ficassem submersos. Mais de 1,2 milhão de pessoas foram obrigadas a se mudar.
Segundo o correspondente da BBC para a Ásia Paddy Clark, os problemas em torno de Três Gargantas foram discutidos em uma reunião do Conselho de Estado, chefiada pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao.
Uma declaração emitida após a reunião afirma que há a necessidade urgente para proteção ecológica, a prevenção de desastres geológicos e a realocação adequada dos moradores que perderam suas casas.
O comunicado diz ainda que existem problemas de transportes, irrigação e abastecimento de água abaixo do rio Yang-Tse, onde está localizada a barragem da usina.
A ativista ambiental Dai Qing, que se opôs ao projeto da usina, disse que os danos causados pela barragem são irreversível em alguns casos, e em outros, exigem enormes quantias de dinheiro para serem revertidos.
“A ameaça mais séria é a dos desastres geológicos. Agora que a barragem está construída, nenhuma quantia de dinheiro pode consertar o problema. Ele fundamentalmente não pode ser resolvido”, disse a ativista à agência Reuters.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Câmara discute política para energia renovável

São Paulo, 17 de Maio de 2011 - 10:01
Deputados ouvirão representante do governo e de empresas do setor, como a Suzlon
Da redação, com informações da Agência Câmara
Crédito: Agência Senado
A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados promove nesta terça-feira (17/5) uma audiência pública para discutir a política brasileira para as energias renováveis. O encontro foi requisitado pelo deputado Giovani Cherini (PDT-RS), presidente da comissão, que quer avaliar as condições para o desenvolvimento dos negócios eólicos, solares e de biomassa no País.
Na ocasião também deve ser debatido o projeto de lei 630/03, que prevê incentivos ao setor de energia limpa, com medidas como a realização de leilões anuais e a criação de um fundo de financiamento para pesquisas e incentivo à tecnologia. As atividades terão início às 14 horas, no plenário B.
Entre os convidados estão: o deputado Fernando Ferro (PT-PE), relator do PL 630/03; o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; o gerente do departamento de fontes alternativas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luís André D´Oliveira; o coordenador de energia do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo; o diretor-executivo da Suzlon, Tulsi Tanti; e o diretor-presidente da Impel, Lusivaldo Curvina Monteiro.
 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

IPCC: Brasil marca presença em energias renováveis


Do Planeta Coppe – As fontes renováveis suprirão 80% da energia em 2050. A biomassa, a energia eólica e a energia solar serão, dentre as renováveis, as que mais estarão contribuindo para a oferta de energia no mundo em 40 anos. Mas para isso é preciso que governos adotem políticas públicas que viabilizem a substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia mais limpas. Essas são as principais conclusões do Relatório Especial sobre Energias Renováveis que será divulgado pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) – o painel da ONU que estuda a mudança climática – no mês de maio, em Abu Dhabi. De acordo com os cenários analisados pelo IPCC, as fontes renováveis poderão reduzir entre 220 Gt e 560 Gt (gigatoneladas) a emissão de CO2 na atmosfera entre 2010 e 2050.
Quatro professores da Coppe participaram da elaboração desse relatório: Segen Estefen, professor de Engenharia Oceânica, e Roberto Schaeffer, professor de Planejamento Energético, coordenaram, respectivamente, o capítulo sobre Energia dos Oceanos e o capítulo sobre Potencial de Mitigação e Custos; Marcos Freitas, professor de Planejamento Energético, é um dos autores do capítulo sobre Hidreletricidade, e Suzana Kahn Ribeiro, professora de Engenharia de Transportes da Coppe, revisou o capítulo que trata de Biomassa.
De acordo com o Sumário Executivo que resume o Relatório Especial, o planeta dispõe de um grande potencial de energia que pode ser obtido de fontes renováveis. Essas fontes, segundo o documento, terão um papel crescente na mitigação das emissões de gases causadores da mudança climática e vão fornecer uma fração cada vez maior da energia primária no mundo a partir de 2020. Em 2008, a produção total de energias renováveis no mundo era de 64 dos 492 exajoules gerados por ano (EJ/ano), respondendo por 12,9% do total da energia consumida no planeta. O cenário mais otimista analisado pelo IPCC estima que em 2050 as fontes renováveis poderiam fornecer 77% das necessidades globais, ou seja, 314 dos 407 exajoules.
No mais pessimista, essas fontes atenderiam a 15% da demanda mundial anual de energia de 749 EJ/ano. Sem o uso dessas fontes, as emissões de CO2 provenientes da queima de combustíveis fósseis e de outras emissões industriais chegarão a 1.530 Gt em 2050.
O relatório alerta que as projeções devem ser vistas com cautela, porque sua realização depende de muitos fatores, inclusive do comportamento das outras fontes de energia que as renováveis podem substituir. Mas observa que, na maioria dos cenários, está claro que, em 2050, a participação das renováveis no suprimento de energia de baixo carbono será maior que a de outras opções também de baixo carbono, como a energia nuclear e o chamado CCS (captura e sequestro de carbono de combustíveis fósseis, notadamente o carvão).
2050: participação de renováveis precisa ser superior a 50% para conter aquecimento global Embora não tenha projetado um número fixo, o relatório diz que muitos diversos cenários analisados pelos cientistas do IPCC apontam uma participação superior a 50% de energia de fontes renováveis na produção de energia primária em 2050, para se alcançar uma estabilização das emissões de gases de efeito estufa na faixa de 450 ppm (partes por milhão) – meta apontada como necessária para conter o aquecimento global em 20C. O documento também informa que, mesmo na ausência de políticas deliberadas para reduzir as emissões de gases causadores da mudança climática, a tendência é de expansão das energias renováveis no mercado global.
Hoje, as fontes renováveis são responsáveis por 12,9% da oferta de energia primária no mundo. Nada menos que 10,2% correspondem à biomassa, mas, dentro desta, a maior parte (8,1%) se refere ao uso tradicional (e poluente) de lenha para cozinhar, típico dos países em desenvolvimento. As aplicações modernas da biomassa respondem por apenas 2,1% da oferta atual de energia primária, contra os 2,3% da energia hidráulica. As demais fontes renováveis, somadas, respondem por apenas 0,4%.
Mas o relatório do IPCC mostra que a disponibilidade de energias renováveis vem crescendo rapidamente nos últimos anos, graças a políticas governamentais de incentivo em alguns países, à queda de custos de diversas tecnologias e a elevações de preços dos combustíveis fósseis. Em 2009, apesar da crise financeira global, a capacidade instalada de energia proveniente de fontes renováveis continuou a crescer rapidamente. Dos 300 GW acrescentados ao parque gerador de eletricidade entre 2008 e 2009, nada menos que 140 GW vieram de fontes renováveis.

Brasil se antecipa ao futuro – Para Roberto Schaeffer, professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe e coordenador de um dos capítulos do relatório de energias renováveis do IPCC, o cenário futuro que emerge desse documento já se antecipa, de certa forma, no Brasil – com sua predominância de hidrelétricas na matriz energética, a recente e crescente instalação de usinas eólicas para produção de eletricidade, o amplo uso do etanol como combustível no setor de transportes e a infraestrutura daí decorrente, como os carros flex e os postos de combustíveis adaptados para diferentes tipos de tanques de armazenamento.
O futuro visualizado por Schaeffer, a partir dos dados contidos no estudo do IPCC, é o de um mundo cada vez mais eletrificado, isto é, onde a energia elétrica tenderá a ocupar espaço crescente na matriz energética, e onde os combustíveis líquidos tenderão a ser cada vez mais biocombustíveis. É também um futuro com crescente participação de energia eólica e solar, as quais terão as maiores taxas de crescimento nas próximas décadas, diz ele.
O capítulo 10 do relatório, que avalia de maneira integrada o potencial de mitigação e os custos das seis fontes renováveis estudadas (biomassa, eólica, solar, energia dos oceanos, hidrelétrica e geotérmica), projetando os resultados para um horizonte até 2050, não aponta predominância de uma fonte sobre outra. Apenas indica tendências. Mas Schaeffer afirma que a energia eólica, primeiro, e a solar, em seguida, são as que terão as maiores taxas de penetração na matriz energética mundial nas próximas décadas. “É claro que os biocombustíveis vão continuar crescendo”, diz. Mas, graças à redução de custos e ganhos de escala que já se observam, a energia eólica crescerá mais que todas as demais fontes até 2030. A partir daí, a energia solar começará a ganhar espaço, pois terá alcançado uma escala que a tornará comparável com a eólica.
Schaeffer explica que a preeminência da energia eólica se justifica não apenas pela redução de custos de geração, graças a ganhos de escala e eficiência, mas também ao fato de que essa forma de energia já começa a se mostrar capaz de se integrar bem à rede de transmissão e distribuição de eletricidade. Essa integração costuma ser uma limitação para as formas de energia provenientes de fontes variáveis, e muitas vezes imprevisíveis, como a solar e a eólica, afetadas pelas variações da natureza em curtos espaços de tempo.
A tendência ao aumento da presença da eletricidade nos sistemas energéticos do mundo deverá facilitar ainda mais a penetração da energia eólica e solar. “Hoje, o único mercado cativo para os combustíveis líquidos é o setor de transportes. E, se tudo correr bem, no futuro teremos carros elétricos”, lembra o professor da Coppe. “É claro que nada impede que se gere eletricidade com biomassa, mas suas características são mais apropriadas ao uso como combustível líquido”.
De qualquer forma, diz ele, há incertezas de diversas ordens envolvendo as projeções sobre o comportamento das fontes renováveis de energia. A penetração mais rápida ou mais lenta dessas formas de energia no mercado poderá ser influenciada, por exemplo, pelo comportamento futuro de alternativas não renováveis de baixo carbono, notadamente a energia nuclear e o CCS (captura e sequestro de carbono, um tipo de tecnologia desenhado para mitigar as emissões das instalações que queimam combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão). Se a tecnologia de CCS avançar suficientemente para se tornar competitiva em custos, talvez seja economicamente mais interessante manter em funcionamento as atuais usinas térmicas a carvão, o que poderia retardar algumas das aplicações de energias renováveis na produção de eletricidade.
Quanto à energia nuclear, quando o relatório do IPCC começou a ser produzido, despontava como uma possível alternativa para a geração de energia sem emissão de carbono. Mas, com o recente acidente radioativo em Fukushima, no Japão, o panorama da energia nuclear voltou a ficar nebuloso.

Na biomassa, as limitações do etanol brasileiro – Para Suzana Kahn Ribeiro, professora do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe e uma das vice-presidentes do Grupo de Trabalho do IPCC que produziu o relatório sobre energias renováveis, em todas as análises o etanol de cana-de- açúcar brasileiro apareceu como um grande exemplo. Mas, embora o capítulo que trata de biomassa mostre que esta deverá permanecer como uma das mais importantes fontes de energia renovável na primeira metade deste século, é preciso ter em mente que a pujança da produção brasileira de etanol de cana não é o bastante para que se tenha um mercado pujante de biocombustíveis, capaz de colocar o país como um grande fornecedor internacional.
“Se não houver outros países investindo nisso, não teremos um mercado internacional. O mundo não vai apostar num biocombustível que só pode ser produzido em poucos países. Ninguém vai querer ficar refém do etanol brasileiro”, avisa a professora da Coppe.
O capítulo do relatório do IPCC que trata da biomassa, e que foi revisado por Suzana, mostra a grande variedade de fontes de matérias-primas que podem ser utilizadas para a produção de bioenergia, e que incluem desde produtos alimentícios como cana e oleaginosas, até resíduos agrícolas e pecuários, lixo urbano e, no futuro, a celulose extraída de florestas plantadas com esse objetivo. Segundo o estudo, atualmente 50 EJ/ano de energia já são provenientes das variadas fontes de biomassa e esse valor pode crescer até seis vezes nos próximos 40 anos.
Para que essa previsão se torne realidade, será preciso criar políticas que visem melhorar a eficiência do setor agrícola, investir no desenvolvimento de tecnologias de segunda geração, como a da extração de biocombustíveis de celulose e as biorrefinarias, e desenvolver uma boa governança para lidar com os impactos ambientais e sociais – especialmente no que se refere ao uso do solo, com a instituição de zoneamento e práticas de manejo integrado de cultivos e pecuária. Se isso não for feito, a contribuição que a biomassa poderá dar à mitigação das mudanças climáticas será reduzida e haverá conflitos significativos envolvendo o abastecimento de alimentos, recursos hídricos e biodiversidade.

Cana de açúcar - Em termos econômicos, o capítulo sobre a biomassa avalia que algumas de suas formas já tem preços competitivos no mercado: o etanol de cana no Brasil , alguns sistemas de uso de lixo urbano e alguns fogões mais eficientes que os fogões a lenha tradicionais amplamente utilizados nos países mais pobres. Estima-se ainda que, entre 2020 e 2030, tecnologias mais avançadas – como os biocombustíveis de celulose para substituir gasolina, diesel e combustível de aviação e algumas opções de bioeletricidade e biorrefinarias – também estarão oferecendo energia a preços competitivos com os das opções não renováveis.

Oceanos: Uma oportunidade para o Brasil não perder - As energias dos oceanos são as cercadas por mais incertezas no relatório do IPCC sobre fontes renováveis. As tecnologias para a exploração do potencial energético de ondas, marés, correntes, gradiente térmico e gradiente de salinidade do mar são as menos maduras, em comparação com as outras fontes analisadas. Os estudos sobre o potencial técnico dessas diferentes fontes indicam grande variabilidade. O potencial estimado para extração da energia dos oceanos, por exemplo, varia de 7 a 331 EJ/ano. Devido ao pequeno número de protótipos em operação, ainda não se tem dados relevantes quanto aos custos, impactos ambientais, facilidades e dificuldades de integração com os sistemas de distribuição. Isto porque, com exceção da tecnologia de marés com utilização de barragens, que tem algumas unidades comerciais em funcionamento no mundo, todos os demais desenvolvimentos estão em fase de protótipo pré-comercial.
É exatamente esse quadro de aparente desvantagem para as energias do mar que Segen Estefen, diretor de Inovação da Coppe e coordenador do capítulo que tratou do tema no relatório do IPCC, aponta comouma grande oportunidade estratégica que gostaria de ver o Brasil aproveitando. “Esse é um campo em que o Brasil pode fazer a diferença. Justamente porque a tecnologia ainda não está madura, há uma janela de oportunidade para quem quiser investir e sair na frente, inovando no mercado mundial”, diz Segen. Para ele, com exceção da energia da biomassa, campo em que os brasileiros estão estabelecidos e são reconhecidos, nas demais fontes renováveis – como a eólica e a solar – as possibilidades de avanços tecnológicos de peso são reduzidas. “Essas tecnologias já estão avançadas e o Brasil deverá ser apenas usuário delas, com poucas chances de liderar”, avisa.
Considerando o vasto conhecimento acumulado pelos brasileiros na engenharia offshore para produção de petróleo, área em que o país tem liderança indiscutível, o professor da Coppe considera que o Brasil está em posição privilegiada para se tornar líder na exploração das energias do oceano. Para isso, seria necessário o governo tomar a decisão estratégica de investir para consolidar uma posição de destaque nessas tecnologias.
Segen alerta, porém, que “essa janela de oportunidade só ficará aberta por no máximo 10 anos. Depois disso será tarde”. Grandes empresas internacionais associadas a pequenas e médias empresas de base tecnológica, por exemplo, já estão investindo no desenvolvimento tecnológico para o aproveitamento de energias do oceano. O governo britânico fixou como meta ter em 2020 uma potência instalada de 2 GW, o que significa multiplicar por seis a atual potência instalada no mundo. Canadá, Estados Unidos, Irlanda e Portugal atualmente trabalham na fixação de metas semelhantes.
A Coppe está ultimando a instalação de um protótipo pré-comercial de usina de ondas no porto do Pecém, no Ceará, uma parceria com a empresa Tractebel. Será a primeira da América Latina. Mas Segen gostaria de ver um programa mais ambicioso de desenvolvimento tecnológico na área, envolvendo mais universidades, empresas e diferentes formas de exploração das energias do mar. Estimativas preliminares da Coppe apontam um bom potencial para exploração de ondas em quase todo o litoral brasileiro. Nas regiões Nordeste e Norte, as marés e os gradientes térmicos também têm potenciais relevantes.
A tecnologia para produção de eletricidade a partir de gradientes térmicos ao longo da profundidade dos oceanos consiste em explorar a diferença de temperatura entre a água do fundo do mar, mais fria, e a da superfície, mais quente. A água da superfície é colocada numa câmara de vácuo, onde entra em ebulição, produzindo o vapor que movimenta uma turbina para gerar eletricidade. Em seguida, a água mais fria trazida do fundo do mar condensa o vapor, transformando-o novamente em líquido. Experimentos realizados em outros países esbarraram algumas vezes na dificuldade de trazer para a superfície a água do fundo do mar – tarefa que, segundo Segen, será trivial para quem, como os brasileiros, já extraem petróleo a mais de mil metros de profundidades e terá que ir a profundezas ainda maiores para explorar o pré-sal.

Hidrelétricas: ainda há muito potencial a explorar, mas com limitações sociais e ambientais - Contribuindo atualmente com 16% da energia elétrica produzida no mundo, a hidreletricidade é a principal fonte de energia renovável do setor elétrico. Apesar de tão amplamente explorada, ainda tem um grande potencial de aproveitamento. Segundo o relatório do IPCC, o potencial técnico total para geração de hidreletricidade no mundo é de 52,47 EJ por ano, o que corresponde a uma capacidade instalada de 3.734 GW – quatro vezes a atual capacidade instalada, de 926 GW. A maior parte desse potencial ainda inexplorado está na África, Ásia e América Latina, mas também há aproveitamentos possíveis nos EUA e na Europa.
Segundo Marcos Freitas, professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe que participou do relatório do IPCC como um dos autores do capítulo sobre a energia hidrelétrica, o potencial de aproveitamento no Brasil é um dos maiores do planeta, cerca de 250 GW. O país aproveita cerca de 25% desse total. A maior parcela do potencial inexplorado está concentrada na Bacia Amazônia, onde o Brasil detém 100 GW e onde há mais 100 GW pertencentes aos países vizinhos. O total da Bacia Amazônica, diz Marcos, pode representar “um pré-sal renovável, pois equivale a 3 milhões de barris de petróleo por dia”.
Além do vasto potencial ainda passível de exploração no mundo, a hidreletricidade é uma fonte confiável, com tecnologias maduras e preços competitivos. Isso significa que tem um significativo potencial de redução das emissões de carbono para mitigação das mudanças climáticas. Mas o relatório do IPCC alerta que os aspectos ambientais e sociais representarão os principais desafios aos empreendimentos hidrelétricos, se não forem cuidadosamente administrados.
De um lado, o documento lista as principais limitações ambientais e sociais das hidrelétricas – mudança no regime de vazão dos rios e na qualidade da água, barreiras à migração de peixes, perda de biodiversidade e desalojamento de populações humanas, para as quais será preciso investir em inovações tecnológicas que melhorem o desempenho dos empreendimentos. De outro lado, o relatório do IPCC aponta nas usinas hidrelétricas a vantagem de poderem ser utilizadas para mitigar a escassez de água doce e regular os eventos extremos de chuvas e secas que serão mais frequentes com as mudanças climáticas.

Limitações para emprego de renováveis são econômicas e não técnicas – Não há limitações de potencial técnico para o emprego das fontes renováveis. De acordo com o Relatório do IPCC, tecnicamente elas poderiam abastecer, com folga, todas as necessidades atuais de energia do planeta. As limitações são de ordem econômica (custos de geração e distribuição mais altos que os preços de mercado); e, em alguns casos, problemas de ordem ambiental e social – como é o caso de algumas matérias-primas para a produção de biocombustíveis e seus impactos sobre o meio ambiente, a competição com a produção de alimentos e os efeitos da construção de hidrelétricas sobre a biodiversidade e os meios de sustento de grupos humanos locais.
Na área de combustíveis líquidos, a produção de etanol cresceu 10% (7 bilhões de litros) em 2009 e a de biodiesel subiu 9% (2 bilhões de litros). O Brasil e os Estados Unidos responderam, respectivamente, por 54% e 35% da produção global de etanol a partir de biomassa em 2009.
A energia eólica cresceu 32%, adicionando 38 GW ao parque instalado no mundo; as hidrelétricas ganharam mais 31 GW, com um aumento de 3%; a energia solar fotovoltaica para geração de eletricidade cresceu 53% (mais 7 GW); a energia solar para aquecimento de água aumentou 21% (mais 31 GWth) e a energia geotérmica cresceu 4%. Esta última é importante em alguns países onde há potenciais expressivos, como Chile, México, Filipinas, Índia e Estados Unidos e já tem tecnologia comercial disponível.
Quanto à energia dos oceanos, não entra nessa lista porque é a mais incipiente das seis fontes renováveis estudadas no relatório. Com exceção de usinas comerciais de marés, que, somadas, não superam os 300 MW de potência, e uma nova usina que entrou recentemente em operação na Coréia do Sul, com 255 MW de potência, as demais instalações existentes estão em fase pré-comercial.

sábado, 14 de maio de 2011

Consumo de recursos naturais pode aumentar 3 vezes no mundo, diz ONU

Fonte: G1
O consumo mundial de recursos naturais pode ser triplicado até 2050, a 140 bilhões de toneladas por ano, caso não sejam tomadas medidas drásticas para frear a superexploração, advertiu a ONU.
O programa da ONU para o meio ambiente (PNUE) ressalta em um informe – publicado na quinta-feira (12) – que as reservas a um bom preço e qualidade de certos recursos essenciais como o petróleo, o ouro e o cobre já estão se esgotando.
Com uma população de 9,3 bilhões de pessoas esperadas para o ano de 2050 e com países em desenvolvimento cada vez mais prósperos, o PNUE adverte que “as perspectivas de níveis de consumo cada vez mais elevadas vão muito além do que é provavelmente viável”.
O informe indica que os governos devem fazer mais com menos, e de maneira mais rápida que o ritmo de crescimento econômico.
Atualmente, nos países desenvolvidos, uma pessoa consome em média 16 toneladas de minerais, combustíveis fósseis e biomassa por ano, contra 4 toneladas na Índia, segundo o informe.
O PNUE considera necessário refletir integralmente sobre a exploração dos recursos e prever “investimentos massivos” nas inovações tecnológicas, econômicas e sociais a fim de conquistar, pelo menos, o congelamento dos níveis atuais de consumo de recursos nos países ricos.

ONU alerta para “choque mortal” entre urbanização e mudança climática

Fonte :portal IG
A ONU advertiu na quinta-feira (12) que haverá um “choque mortal” entre a crescente urbanização do planeta e a mudança climática, e previu catástrofes naturais “sem precedentes” devido ao enorme impacto das cidades sobre o meio ambiente.
A análise consta do último relatório do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), apresentado nesta quinta-feira, que considera as cidades como “o verdadeiro campo de batalha” na luta contra a mudança climática, um fenômeno contra o qual a entidade têm de começar a tomar medidas “ativamente”.
“As cidades não só são grandes causadoras da mudança climática, mas com densidades cada vez maiores, também serão as mais afetadas quando a natureza contra-atacar”, disse o diretor-executivo da ONU-Habitat, Joan Clos, que apresentou o relatório na sede das Nações Unidas.
Clos lembrou perante a imprensa que 50% da população vive em zonas urbanas e que, nessas áreas, receberam um fluxo migratório “sem precedentes” proveniente das zonas rurais dos países em vias de desenvolvimento. “Temos um desafio enorme diante de nós. Precisamos encontrar e pactuar um novo modelo de crescimento baseado em energias renováveis e as cidades devem agir para transformar seus planos urbanísticos e de desenvolvimento”, indicou o diretor-executivo.
O texto pede às cidades que ajam “imediatamente” e indica que, se não forem adotadas medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e fomentar “um desenvolvimento urbano mais justo e sustentável do ponto de vista ambiental”, haverá “um choque mortal entre a urbanização e a mudança climática”.
“As cidades, com sua crescente demanda de consumo e estilo de vida, agravam o ritmo da mudança climática e aumentam os riscos”, aponta o relatório, que detalha que, embora as cidades ocupem apenas 2% da superfície terrestre, são responsáveis por 75% das emissões dos gases do efeito estufa.
O texto, intitulado “As cidades e a mudança climática: Relatório Mundial sobre os Assentamentos Humanos 2011″, ressalta que, até 2050, a situação ambiental poderia provocar 200 milhões de refugiados, que buscarão “novas casas ou novos países para viver”, devido ao transtorno que os desastres terão nas economias locais.
As cidades devem se preparar para “um ataque das poderosas forças da natureza: o aumento da temperatura dos oceanos, o degelo e o consequente aumento do nível do mar são uma ameaça para milhões de pessoas que vivem nas cidades litorâneas”, alertam os autores do relatório.
“As marés tormentosas, cada vez mais frequentes, provocam cheias e danos materiais, inundações, erosão do litoral, maior salinidade e obstruções à drenagem das correntes de água”, constata o relatório, que alerta para as graves repercussões no delta do Nilo, em cidades litorâneas em nível muito baixo, como Copenhague, e em comunidades insulares do Pacífico sul.
Nas cidades litorâneas do Norte da África, espera-se um aumento da temperatura de 1 a 2 graus centígrados, o que poderia fazer subir o nível do mar e expor entre 6 e 25 milhões de habitantes a enchentes. Além disso, o texto indica que, na América Latina, “entre 12 e 81 milhões de habitantes poderiam testemunhar maiores tensões relacionadas à água antes da década de 2020″.

Tractebel é a 1ª a fechar venda no mercado livre

Fonte: Valor Econômico
Data: 12/05/2011 10:06
Os primeiros contratos de venda de energia eólica ao mercado livre começam a ser registrados na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A Tractebel foi a primeira empresa a fazer esse tipo de negócio com seu parque de Beberibe e já começa a vender os cerca de 70 MW médios que vai começar a gerar em dois anos. As vendas da energia dos ventos no mercado livre começam a ganhar força e a Agência Nacional de Energia Elétrica já registra empreendimentos com capacidade de gerar 660 MW e que terão a energia comercializada no ambiente livre ou destinada a autoprodutores.
 
 
Os números da Aneel não contemplam os novos parques da Tractebel e da CPFL, que anunciaram grandes investimentos no mês passado. A Tractebel anuncia hoje que está iniciando as obras de cinco parques eólicos, com capacidade de 145,6 MW, que terão a energia vendida exclusivamente a consumidores livres. "Nossa comercializadora já fechou os primeiros contratos com clientes que compram energia incentivada", disse o presidente da Tractebel, Manoel Zaroni.
 

Os investimentos da Tractebel nesses parques serão de R$ 630 milhões e a empresa vendeu a energia para sua comercializadora em contratos de 15 anos que vão ser usados para garantir o financiamento que está sendo pleiteado no BNDES.
 

Estratégia parecida foi usada pela CPFL que também vai construir parques eólicos com investimentos da ordem de R$ 600 milhões e que terão energia destinada exclusivamente ao mercado livre. O presidente da empresa, Wilson Ferreira Jr, disse que a energia foi vendida à comercializadora da empresa e que os parques já começaram a sair do papel. "Mas a venda para o consumidor final ainda não está sendo feita", disse Ferreira.
 

As grandes empresas estão em busca do mercado do consumidor especial, que usa de 0,5 MW a 3 MW, e que tem desconto de 50% na tarifa de transporte da energia que provém de fontes alternativas - biomassa, eólicas e pequenas centrais hidrelétricas. No mercado livre, esses consumidores representam 1.000 MW, mas podem chegar a 10 mil MW. Foi esse tipo de consumidor livre o grande responsável pelo aumento do número de agentes na CCEE. De acordo com o presidente da Câmara, Luiz Eduardo Barata, hoje são 1.450 agentes, ante os 200 do início do mercado livre, há 10 anos.